Angra, Berço do Liberalismo (1828)

~ ANGRA, BERÇO DO LIBERALISMO ~

 (22-JUNHO-1828) 

A morte de D. João VI em 1826 abriu um problema de sucessão entre os dois filhos. As tentativas de mediação falharam, levando Portugal a cair numa guerra civil que opôs D. Pedro, defensor do liberalismo, a D. Miguel, apologista do absolutismo.

Apesar de ser mais velho e, por isso, ter direito ao trono português, D. Pedro tinha declarado a independência do Brasil anos antes, estando impedido de governar as duas nações em simultâneo. Para resolver a interdição, endossou o trono lusitano à sua filha, D. Maria, e, mais tarde,propôs que ela casasse com D. Miguel. Contudo, este rejeitou o acordo e começou a implantar os ideais absolutistas, levando a que as cortes o aclamassem rei de Portugal em 1828.

O Batalhão de Caçadores n.º 5, que estava a guarnecer a Fortaleza de São João Baptista, em Angra, tornou-se um pilar fundamental para a instauração do liberalismo.

Batalhão de Caçadores nº 5 em Angra
no Castelo de São João Batista

Largo 22 de Junho

Na noite de 21 de Junho de 1828, reagindo à aclamação de D. Miguel, este batalhão, sob o comando de José Quintino Dias, prendeu o governador do castelo, Teófilo Rogério de Almeida, e o capitão-general, Manuel Vieira de Albuquerque Touvar, protegido no Palácio dos Capitães-Generais.

22 Junho 1828 - o Capitão General Tovar (o 9º capitão General) vinha tomando medidas de repressão dos liberais na Terceira, deportando, vigiando e perseguindo alguns; possivelmente uma das razões pelas quais se deu a revolta de 22 de Junho de 1828, pois ao saberem que estavam previstas novas deportações, um grupo de liberais comandou um conjunto de operações que, na noite de 21 de Junho, prende o governador no castelo de S. João Baptista, e o Capitão General Tovar, no Palácio. A 22 de Junho de 1828 aclama-se D. Pedro como rei legítimo de Portugal, bem como sua filha, D. Maria, de acordo com a Carta Constitucional – o Largo que se encontra na fachada Oeste do Palácio recebe como nome essa data.

De seguida, recorrendo ao alvará de 12 de Dezembro de 1770, foi constituído o governo interino, tornando a Terceira o único reduto onde o ideal liberal existia.

Menos de um ano depois, a vitória liberalista na batalha de 11 de Agosto de 1829, consolidaria essa condição, preparando o caminho para o desembarque do Mindelo, que permitiu às forças liberais apanhar de surpresa o exército miguelista que haveria de as submeter ao prolongado Cerco do Porto. D. Miguel acabou por capitular em 1834, abrindo caminho à implantação definitiva do liberalismo em Portugal.

O ano de 1828 nos Açores

30 de Abril - Posse de Frei Estevão de Jesus Maria como Bispo de Angra.

12 de Junho - Posse do governo interino dos Açores devido à prisão do Capitão-general Manuel de Albuquerque.

22 de Junho - Aclamação de D. Miguel na cidade de Angra, Ilha Terceira.

28 de Junho - Sublevação da guarnição do Forte de São João Batista, em Angra.

29 de Julho - Assento do Governo da Terceira onde é reconhecida a legitimidade da Junta Provisória do Porto e de D. Pedro IV.

4 de Setembro - Aclamação de D. Miguel na Ilha do Faial.

8 de Setembro - Juramento de fidelidade da Câmara Municipal de Angra, Ilha Terceira, a D. Pedro IV.

27 de Setembro - Restauração do governo da Capitania dos Açores com a aclamação de D. Miguel nos Açores.

4 de Outubro - Instalação de um governo provisório na ilha Terceira com a finalidade de zelar pela manutenção dos direitos de D. Pedro IV na região.

5 de Outubro - Revolta anti-Liberal em Angra, Ilha Terceira.

5 de Outubro - Nomeação da Junta Provisória do governo da Terceira, com sede em Angra, fiel a D. Pedro IV.

26 de Outubro - Aclamação de D. Miguel na Ilha de São Jorge.

28 de Outubro - Decreto da Junta Provisória declarando ser a Ilha Terceira o único local onde se sustentam os direitos de D. Pedro IV. Constituição da Província dos Açores com capital na cidade de Angra. Por decreto, Angra se torna a sede do governo constitucional. Aclamação de D. Miguel na Ilha de São Jorge.

7 de Novembro - Tentativa de Revolução Liberal na Ilha do Faial.

19 de Dezembro - Saída da primeira divisão dos refugiados portugueses em Plymouth com destino à Ilha Terceira.