História e Origens

Por volta de 1808 o tráfico de escravos no Atlântico trouxe aproximadamente
meio milhão de africanos aos Estados Unidos, em grande
quantidade para os estados do sul. Grande parte dos escravos vieram do oeste da
África e trouxeram fortes tradições da música tribal. Em 1774 um
visitante os descreveu, dançando ao som do banjo de 4 cordas e cantando "a música maluca",
satirizando a maneira com que eram tratados. Uma década mais tarde
Thomas Jefferson
similarmente notou "o
banjar, que foi trazido da distante África. Foi feita de
cabaça, como a
bânia senegalesa ou como a
akonting do
Oeste da África. Festas de abundância com danças africanas, ao som de tambores,
eram organizadas aos domingos em
Place Congo Nova Orleães, até 1843, sendo como uma festa
similar em Nova Orleães e
Nova
Iorque.

Escravos da mesma tribo eram separados para evitar formações de revolta. E,
pela mesma razão, nos estados da
Geórgia e
Mississippi não era permitido aos escravos a
utilização de tambores ou instrumentos de sopro que fossem muito sonoros, pois
poderiam ser usados no envio de mensagens codificadas. Entretanto, muitos
fizeram seus próprios instrumentos com materiais disponíveis, e a maioria dos
chefes das plantações incentivaram o canto para que fosse mantida a confiança do
grupo. A música africana foi altamente funcional, tanto para o trabalho quanto
para os ritos.
As
work
songs e
field
hollers incorporaram um estilo que poderia ser ainda encontrado em
penitenciárias dos anos 1960, e em um caso eram
parecidas com uma canção nativa ainda utilizada em
Senegal. No porto de
Nova Orleães, estivadores negros ficaram
famosos pelas suas canções de trabalho. Essas canções mostravam complexidade
rítmica com características de polirrítmica do jazz. Na tradição africana eles
tinham uma linha melódica e com o padrão
pergunta
e resposta, contudo, sem o conceito de
harmonia do Ocidente. O ritmo refletido no padrão
africano da fala e o
sistema tonal africano levaram às
blue notes do jazz.

No começo do século XIX, um número crescente de músicos negros aprendiam a
tocar instrumentos do ocidente, particularmente o violino, provendo
entretenimento para os chefes das plantações e aumentando o valor de venda
daqueles que ainda eram escravos. Conforme aprendiam a música de dança europeia,
eles parodiavam as músicas nas suas próprias danças
cakewalk. Por sua vez, apresentadores dos
minstrel
show,
euro-americanos
com
blackface, estilo de maquiagem usado para sátira,
popularizavam tal música internacional, a qual era combinação de
síncopas
com acompanhamento harmônico europeu.
Louis Moreau Gottschalk adaptou música
latina e melodia de escravos para músicas de piano de salão, com músicas tais
como
Bamboula,
danse de nègres de 1849,
Fantaisie grotesque
de 1855 e
Le Banjo, enquanto sua música
polka Pasquinade, em torno do ano
1860, antecipou
ragtime e foi
orquestrado como parte do repertório de concerto da banda de
John Philip Sousa,
fundada em 1892.

Outra influência veio dos negros que frequentavam as igrejas. Eles aprenderam
o estilo harmônico dos
hinos e os adaptavam
em
spirituals. As origens do
blues não estão registradas em documentos, entretanto,
elas podem ser vistas como contemporâneas dos
negro spirituals.
Paul
Oliver chamou a atenção à similaridade dos instrumentos, música e função
social dos
griots da savana do oeste africano, sob influência
Islâmica. Ele notou estudos mostrando a complexidade rítmica da orquestra de
tambores da costa da
floresta temperada, que sobreviveram
relativamente intacta no
Haiti e outras
partes do oeste das Índias mas não era farta nos Estados Unidos. Ele sugeriu que
a música de cordas do interior
sudanês se adaptou melhor com a música popular e
baladas narrativas, dos ingleses e dos
donos de escravos scots-irish e influenciaram tanto o jazz como o blues.
Décadas de
1890-1910
Ragtime

Nessa época, salões para baile público e
tea rooms foram abertos nas
cidades. A música popular de bailes na época eram em estilos blues-ragtime. A
música era vibrante, entusiástica e, quase sempre, improvisada. A música
ragtime daquele tempo era em formato de
marchas,
valsas e outras formas tradicionais de músicas, porém, a
característica consistente era a
sincopação. Notas e ritmos
sincopados se tornaram tão populares com o público que os editores de partituras
incluíram a palavra "sincopado" em seus anúncios. Em 1899, um pianista jovem e
treinado, de Missouri,
Scott
Joplin, publicou o primeiro de muitas composições de Ragtime que viriam a
ser música de gosto popular. As apresentações do líder de banda
Buddy Bolden em Nova Orleães,
desfiles e danças são um exemplo de estilo de improviso do
jazz. O rápido
crescimento do público que apreciava a música no pós-guerra produziu mais
músicos treinados que fossem formais. Por exemplo,
Lorenzo
Tio,
Scott Joplin e
muitas outras importantes figuras, no período inicial do jazz tiveram como base
os paradigmas da música clássica.

A abolição da escravidão levou a novas oportunidades para a educação dos
afro-americanos que eram livres, mas a segregação racial ainda limitava muito o
acesso ao mercado de trabalho. Havia exceções: ser professor, pregador ou
músico; e muitos obtinham educação musical. Euro-americanos costumavam ver os
músicos negros como provedores de entretenimento de "classe-inferior" nas danças
e nos
minstrel
shows, e mais tarde o
vaudeville. Várias bandas marciais foram formadas,
aproveitando a disponibilidade dos instrumentos usados nas bandas do exército.
Um pianista negro não podia ser aceito em salas de concertos, mas poderia ser
encontrado tocando na igreja ou tinham oportunidades de trabalho em bares,
clubes e bordéis de
zonas de prostituição, sendo que,
aqueles que liam partitura eram chamados de "professores" enquanto os outros
eram tocadores(
ticklers)" que tocavam marfim.
Antonin Dvorák
escreveu um artigo controverso, publicado em fevereiro de 1898 no
Harper's
New Montly Magazine, aconselhando os compositores americanos a basearem a
sua música nas melodias dos negros.

As danças são normalmente inspiradas pelos movimentos de dança africanos, e
foram adotadas por um público de pessoas brancas que viram as danças em
vaudeville shows. O
cake
walk, desenvolvido por escravos como uma cópia satirizada dos bailes
formais, se tornou popular. Os Cakewalks, as canções de negros e a música de Jig
Bands se desenvolveram em
ragtime, em 1895. Posteriormente,
Tin Pan Alley,
Irving Berlin começaram a
incorporar o
ragtime em suas composições.
O
ragtime, gradualmente, se
desenvolveu como música de improviso, com fontes incluindo o
cakewalk, as marchas de
Sousa e
as peças para piano de salão, tais como as variações de
Gottschalk,
baseados na
América
Latina e nas melodias dos escravos. Apareceram registradas como partitura,
através do animador
Ernest
Hogan, canções supostamente ditas como canções de sucesso em 1895, e dois
anos mais tarde
Vess
Ossman gravou um medley dessas músicas no
banjo solo: "Rag Time Medley".

Também em 1897, o compositor
William
H. Krell publicou seu "Mississippi Rag", como a primeira peça de rag escrita
para piano.
Scott Joplin,
pianista instruído na forma clássica, produziu seu "Original Rags" no ano
seguinte, então em 1899 o "
Maple
leaf Rag" foi um sucesso internacional. Ele compôs vários rags populares,
combinando sincopação, figurações do banjo e, às vezes call-and-response,
entretanto, suas tentativas no ragtime na ópera e no balé foram sem sucesso.
Porém, a banda de
Philip
Sousa tocou ragtime em suas jornada pela Europa, de 1900 até 1905, e a
linguagem "ragtime" foi continuada por compositores clássicos, incluindo
Claude Debussy e
Igor
Stravinsky.
Nova Orleans

Nova Orleãs tinha se tornado uma mistura de raças. Os franco-criolos
aproveitavam muitas das oportunidades dos brancos, e grupos de negros
participavam em músicas clássicas e em óperas da cidade. Entretanto, a
lei de
segregação, que entrou em vigor no ano de 1894, classificou a população
afro-crioula como "negra", colocando as duas comunidades em uma só definição.
Desde 1857, existia prostituição legalizada na área conhecida como "The
Tenderloin", e em 1897 essa
zona de meretrício, próximo a
Basin
Street, ficou conhecida como "
Storyville", lendário provedor de emprego para os
talentos do jazz que surgia.
Na época, diversas
bandas marciais, tais como a
Onward
Brass Band (fundada por volta de 1880), encontraram serviço em diversas
situações, particularmente em funerais luxuosos. Neles, se tocava música solene
no caminho do cemitério, e posteriormente no caminho de volta eram executadas
versões de músicas como a
Marcha
Fúnebre em estilo
ragtime.

A partir do ano de 1890, o trompetista
Buddy Bolden liderou uma banda que fazia
apresentações em Storyville, incorporando dança Afro-criola, música com
elementos de blues e adicionando
swing ao
ritmo, trazendo inspiração a futuros músicos de jazz. Sua carreira acabou
abruptamente em 1907, antes que ele gravasse, até então não se sabe ao certo o
seu estilo. Suas apresentações nos desfiles e danças de Nova Orleães parecem ter
sido exemplos iniciais do improviso no jazz.
O inovador pianista afro-criolo
Jelly Roll Morton começou sua carreira em
Storyville, e mais tarde disse ter usado o termo
jazz em 1902 quando
demonstrou a diferença entre ragtime como um tipo de sincopação, adequada
somente para algumas canções, e jazz como "um estilo que pode ser aplicado a
qualquer tipo se canção", inclusive clássicos populares, tais como as
árias de
Giuseppe Verdi. De 1904, ele fez tours com shows
vaudevile,
em torno das cidades do sul, também tocando em
Chicago e
Nova Iorque.

O "Jelly Roll Blues", composta por Jelly Morton em 1905 e publicada em 1915,
foi o primeiro arranjo de jazz impresso. Isso permitiu que mais músicos fossem
apresentados ao estilo de Nova Orleãs. Bolden influenciou
Freddie
Keppard, o qual iniciou tocando por volta de 1906. Rapidamente obteve
sucesso. Aproximadamente em 1917, Keppard se juntou à Bill Johnson's
Original
Creole Orchestra, que fazia performances em
Los Angeles,
California, meses antes de fazer tours em várias
cidades com o vaudeville, introduzindo o estilo nas áreas do norte.
No mesmo ano a liderança estava com
Joe
"King" Oliver, que possuía um estilo mais relativo ao blues. Oliver tocava
com o
trombonista Kid Ory, e ensinava o jovem fã de Bolden
Louis Armstrong.
Enquanto a maioria das bandas eram afro-criolas ou negras,
Papa
Jack Laine era talvez o primeiro músico de jazz que não era negro. Sua
banda,
Reliance Brass Band, começou em 1888 e continuou com várias etnias
apesar das leis de segregação.
Décadas de
1920-1930
A proibição da venda de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos, que vigorou de
1920 a 1933, resultou na criação dos
speakeasies,
locais onde a bebida era vendida ilegalmente. Esses estabelecimentos acabaram
sendo grandes difusores do
jazz, que, por isso, ganhou a reputação de ser
um estilo musical imoral.
Nesse período, em 1922, a Original Creole Jazz Band se tornou a primeira
banda de
jazz de músicos negros de Nova Orléans a fazer gravações. No
entanto, era
Chicago o novo centro do
desenvolvimento do Dixieland, porque lá se juntaram
King
Oliver e
Bill
Jonhson. Naquele ano
Bessie Smith, famosa cantora de blues, também
gravou pela primeira vez.
In: Wikipédia
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