Em 1948 foi requisitado pela Junta Geral do Distrito de Angra do Heroísmo para montar e dirigir duas instituições culturais que haviam sido criadas em Angra, o Arquivo Distrital e o Museu. A competência e a dedicação de Baptista de Lima tornaram estas duas instituições exemplares. Dirigiu o Arquivo a que se juntou a Biblioteca Pública entre 1948 e 1981 e o Museu entre a sua criação e 1984 ano em que se reformou. É de destacar a persistência com que levou a bom porto as instalações próprias para ambas as instituições, com relevo para a restauro do Palácio Bettencourt, onde ainda hoje está instalado o Arquivo e a Biblioteca.
Foi entre 1959 e 1964 presidente da Câmara Municipal da sua cidade e nessa condição representou os municípios açorianos na Câmara Corporativa, na VIII legislatura (1961-1964).
Deixou uma importante obra de pesquisa histórica e são de destacar os relatórios que apresentou à Direção do Património Cultural e que constituem uma fonte privilegiada para a história do Arquivo, da Biblioteca e do Museu de Angra. Estão publicados os relatórios do Arquivo no Boletim do Arquivo Distrital de Angra do Heroísmo (1948-1956), que fundou e policopiados os referentes ao arquivo e biblioteca em 1965 e 1976 e os do Museu entre 1969-1978. Dirigiu também nos anos oitenta a Biblioteca de Ponta Delgada.
Baptista de Lima foi um grande entusiasta da história militar, tendo ação decisiva na preservação dos monumentos castrenses e sua classificação deixando uma notável coleção de armas e fardamentos hoje incorporada na coleção militar do Museu de Angra, também por ele organizada e considerada uma das mais importantes do país."
O Núcleo de História Militar Manuel Coelho Baptista de Lima, instalado no antigo Hospital Militar da Boa Nova, acolhe a notável Coleção de Militaria do Museu de Angra do Heroísmo, sendo único museu português não integrado no Ministério da Defesa subordinado a esta temática, em que estão representados os três ramos das Forças Armadas nacionais e estrangeiras.
Anteriormente repartida por vários núcleos e reservas, dado a diversidade, volume e quantidade das peças que a constituem, esta coleção é trazida ao público através de três exposições temáticas de longa duração, que, a par de uma explanação da evolução e funcionalidade das armas e de um convite à reflexão sobre as grandes questões éticas, morais e sociais inerentes aos conflitos bélicos, documentam a personalidade e vivências pessoais do patrono e a história do próprio edifício.
Composto por peças de artilharia ligeira e pesada, armas de fogo, armas brancas, proteções metálicas, projéteis, equipamento de logística, arreios, uniformes e condecorações, este acervo, na sua maior parte acomodado em reservas concebidas em obediência à tipologia dos diferentes materiais, reflete o interesse pela área militar e o espírito colecionista do primeiro diretor do Museu de Angra do Heroísmo, Manuel Coelho Baptista de Lima, que, durante mais de três décadas, garantiu por várias vias o seu enriquecimento.
O Antigo Hospital Militar da Boa Nova é uma estrutura construída de raiz com esta finalidade, nos inícios do século XVII, no tempo da União Dinástica, situado à ilharga da imponente fortaleza filipina, conhecida vulgarmente por Castelo de São João Baptista.
Fonte: Museu de Angra do Heroísmo
Obras publicadas
Entre muitas contribuições dispersas pela imprensa periódica, é autor das seguintes obras:
- 1945 — "Documentos relativos à conquista da ilha Terceira pelo marquês de Santa Cruz". Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, III: 59-168;
- 1947 — "Deux voyages portugais de découverte dans l’Atlantique Occidental". Bulletin des Études Portugaises;
- 1947 — "Alegrias de Portugal ou lágrimas dos castelhanos na feliz aclamação d’el rei D. João IV", do padre Leonardo de Sá Soto Mayor [leitura, prefácio e notas]. Lisboa, Sociedade Histórica da Independência de Portugal;
- 1948 — "Cartas de Filipe I e Filipe II ao bispo D. Pedro de Castilho". Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, VI: 199-226;
- 1949 — "A igreja de São Sebastião da ilha Terceira". Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, VII: 247-255;
- 1950 — "A ilha Terceira na história de Portugal". Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, VIII: 1-21;
- 1957 — "A Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Angra do Heroísmo". Angra do Heroísmo, Biblioteca Pública de Angra do Heroísmo;
- 1960 — "A ilha Terceira e a colonização do nordeste do continente americano no século XVI". Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, XVIII: 5-37;
- 1960 — Catálogo da Exposição Bibliográfica e Cartográfica Comemorativa do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique. Angra do Heroísmo, Biblioteca Pública de Angra do Heroísmo;
- 1969/1970 — "Uma notável peça de artilharia portuguesa do século XVI". Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, XVI-XVII: 520-532;
- 1977 — "The military section of the Angra do Heroísmo Museum: diverse military and armory equipment". Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, XXXV: 219-232;
- 1982 — "Instituições culturais devidas à acção do Instituto Histórico da Ilha Terceira (Projecção do pensamento do Dr. Luís Ribeiro)", Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, XL: 7-93;
- 1982 — "As fortalezas das ilhas dos Açores. Sua urgente conservação e restauro". In Livro do Primeiro Congresso sobre monumentos militares portugueses. Lisboa, Património XXI: 115-123;
- 1989 — "A Fenix Angrence do Padre Manuel Luís Maldonado". In Manuel Luís Maldonado, Fenix Angrence. Angra do Heroísmo, Instituto Histórico da Ilha Terceira, I: 11-72.
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