Brasão de Armas da família Drummond |
Era filho de Tomé Ferreira Drumond, lavrador abastado, e Rita de Cássia, ambos residentes na Vila de S. Sebastião, em cuja Matriz foram também baptizados.
A família Drumond estava, então, intimamente ligada ao magistério primário e à governança da Vila de S. Sebastião, tendo a presidência da Câmara sido ocupada por seu pai (em 1821). O seu irmão, o capitão de ordenanças José Ferreira Drumond, dominou a vida política local durante várias décadas.
Ferreira Drumond desde a infância que revelou decidida
vocação para as letras e para a música. Depois da instrução primária, estudou
latim, lógica e retórica (disciplinas próprias do ensino da mocidade culta de
então e as únicas disponíveis na sua vila natal). Muito estudioso, procurou
constantemente aumentar a sua instrução literária e artística, o que lhe foi
facilitado pelo meio familiar em que viveu.
Cedo aderiu à causa liberal, tendo sido eleito pelo novo
sistema constitucional, em 1822, secretário da Câmara Municipal de S. Sebastião.
Tal eleição valeu-lhe grandes dissabores, tendo, para escapar às perseguições
dos absolutistas, fugido da Terceira, durante a noite, numa embarcação que o
levou à ilha de Santa Maria, de onde passou a Ponta Delgada, dali partindo, com
passagem pela Madeira, para Lisboa.
Depois de um ano de exílio voltou à Terceira, tendo
participado activamente em todo o desenrolar da guerra civil nesta ilha, que
depois tão bem descreveu nos seus Anais da Ilha Terceira.
Desempenhou, ainda em S. Sebastião, os cargos de escrivão dos
órfãos, secretário da Administração do Concelho, e tabelião. Em 1836 foi eleito
Presidente da referida Câmara, tendo desempenhado essas funções até 1839. Nesse
ano foi eleito Procurador à Junta Geral.
Distinguiu-se na luta contra a extinção do concelho de S.
Sebastião, extinção que, em boa parte graças à sua actividade, apenas se
consumou em 1 de Abril de 1870, apesar de decretada em 24 de Outubro de
1855.
Algumas das mais importantes obras da antiga Câmara de S.
Sebastião foram iniciativa sua, nomeadamente a captação das nascentes do Cabrito
e o seu aproveitamento para moagem, naquela época a maior obra hidráulica da
Terceira e uma das maiores dos Açores.
Monumento no Rossio Vila de São Sebastião |
Faleceu em 11 de Setembro 1858, contando 63 anos incompletos
de idade, na casa que tinha aforado da Santa Casa da Misericórdia, na Travessa
da Misericórdia, onde hoje está a lápide comemorativa.
Francisco Ferreira Drumond foi homenageado em 1951 com um
pequeno monumento localizado no Rossio, Vila de S. Sebastião.
O seu trabalho
histórico ocupa um lugar cimeiro na historiografia açoriana, sendo a base de boa
parte das obras sobre a história dos Açores, em particular sobre a história da
ilha Terceira.
Obras publicadas
Memória Histórica da Capitania da Praia da
Vitória — Editado pela Câmara Municipal da Praia da Vitória em
1846, Praia da Vitória. A obra foi reeditada inserta na colectânea Memória
Histórica do Horrível Terramoto de 15.VI.1841 que Assolou a Vila da Praia da
Vitória, edição e da Câmara Municipal da Praia da Vitória, 1983.
Anais da Ilha Terceira — obra
escrita segundo o critério cronológico típico dos Anais, cobrindo o período
desde a descoberta e povoamento da ilha até 1850. Foi oferecida à Câmara
Municipal de Angra do Heroísmo, que a editou em 4 volumes, contendo 510 de
documentos. O volume I foi publicado em 1850; o vol. II em 1856; o III em 1859;
e o IV, póstumo, em 1864. Reeditado, em fac-símile da edição original,
pela Secretaria Regional da Educação e Cultura, Angra do Heroísmo,
1981.
Apontamentos Topográficos, Políticos, Civis e
Eclesiásticos, para a História das Nove Ilhas dos Açores - obra
inacabada deixada em manuscrito. Após um conturbado percurso, a obra foi editada
em 1990 pelo Instituto Histórico da Ilha Terceira, Angra do
Heroísmo.
A ascendência de Drummond
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