quinta-feira, 28 de março de 2024

Alexandre Herculano (1810-1877)


Alexandre Herculano



Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo  nasceu em Lisboa a 28 de Março de 1810 e faleceu em Santarém, Quinta de Vale de Lobos,  a 18 de Setembro de 1877.
Foi um escritor, historiador, jornalista e poeta português da era do romantismo.
Como liberal que era, teve como preocupação maior, estabelecida nas suas acções políticas e seus escritos, sobretudo em condenar o absolutismo e a intolerância da coroa no século XIX para denunciar o perigo do retorno a um centralismo da monarquia em Portugal.


A 18 de março de 1832, Alexandre Herculano chegava à Ilha Terceira. Herculano passou 18 dias em solo terceirense, onde completou os seus 22 anos, tendo depois embarcado, a 6 de abril, para S. Miguel, onde esteve 82 dias. Durante 100 dias, esteve nos Açores, lutando pelo Liberalismo e pelos ideais que acreditava. Alexandre Herculano foi um historiador, escritor e político do século XIX. Figura indelével do liberalismo e do romantismo português.

Cedo demonstrou a sua aptidão pelas letras. Estudou Humanidades no colégio dos Oratorianos S. Filipe de Néry, instalado no Convento das Necessidades. O pai ficou cego e Herculano teve de desistir de entrar na Universidade, fazendo um curso prático de Comércio, estudos de Diplomática (Paleografia) e de Línguas, como o inglês, o francês, o italiano e o alemão, ou seja, uma formação mais clássica. Assim, entrou em contacto com escritores românticos, que leu, admirou e traduziu. Com inspiração no estilo romântico, começou a escrever poesia e frequentou os salões da Marquesa de Alorna. Acabou por conhecer António Feliciano de Castilho, inventor do Método Castilho de Leitura e responsável pela criação das escolas gratuitas, umas de instrução primária, outras de instrução secundária.





O sangue da juventude fervilhava e o sentimento pelos ideais da revolução francesa cresciam e consolidavam-se em Herculano. Em 1831, com apenas 20 anos, participou na tentativa falhada de derrube do regime absolutista de D. Miguel. Acabou por exilar-se em Inglaterra e depois em França, dedicando-se ao estudo na Biblioteca de Rennes, entrando em contacto com os autores franceses Thierry, Guizot, Victor Hugo e Lamennais, que fortemente o influenciaram. A sua personalidade literária começava a formar-se.

Em março de 1832, Herculano entusiasmado com a oposição absolutista na Ilha Terceira, onde na cidade de Angra se tinha criado um Conselho de Regência Liberal do Reino, embarcou para os Açores. Queria apoiar os militares e, sobretudo, restaurar o trono para D. Maria II. Partindo de Belle-Isle-en-Mer, integrado numa divisão de emigrados políticos portugueses, da qual fazia ainda parte Almeida Garrett, chegou à Terceira a 18 de março, poucos dias depois de D. Pedro IV (que chegara a 3 de março). Herculano, em Scenas de um ano da minha vida e apontamentos de viagem, chegou a apelidar a Ilha de "rochedo da salvação", tamanha importância que tinha para o Liberalismo português.





No dia de 6 de abril, Alexandre Herculano partia da Ilha Terceira, tendo depois embarcado para S. Miguel. Durante 100 dias, esteve nos Açores, lutando pelo Liberalismo e pelos ideais que acreditava. Herculano foi um dos 7 500 “Bravos do Mindelo”, que desembarcaram na praia de Arnosa de Pampelido. Participou, assim, no cerco do Porto. Em recompensa pelo seu empenho como soldado, foi nomeado, em 1833, em 2º bibliotecário da Biblioteca Pública do Porto, procedendo à sua organização.

Após o fim da Guerra Civil, Herculano colaborou no Repositório Literário (1834-1835) com vários artigos, em que teorizava o romantismo. Em 1836, seguiu-se a primeira série de A Voz do Profeta e no ano seguinte, fundou a revista O Panorama, que dirigiu (1837-1839), com o objetivo de divulgar a estética romântica, publicando as suas primeiras narrativas históricas. Em 1839, Herculano saiu d’O Panorama e foi nomeado bibliotecário-mor das Reais Bibliotecas das Necessidades e da Ajuda, tendo iniciado uma profunda pesquisa de fontes históricas, que resultou nas Cartas sobre a História de Portugal, e, mais tarde, os 4 volumes da História de Portugal, onde negou o “milagre de Ourique” (segundo o qual Deus tinha aparecido a D. Afonso Henriques, incentivando-o a vencer a Batalha de Ourique). Em 1844, publicou uma das suas obras de referência, o romance histórico Eurico, o Presbítero, onde falava da história dos amores entre Eurico e Hermengarda, na Península Ibérica do século VIII.












Alexandre Herculano chegou a ser eleito deputado pelo Porto em 1840, mas desiludido com a vida política, retirou-se para uma quinta em Vale de Lobos, nos arredores de Santarém, onde exerceu um autêntico magistério moral sobre o País, sobretudo devido ao carácter e aos valores que sempre defendeu ao longo da vida.





Alexandre Herculano em Vale de Lobos,
 sentado numa das cestas da apanha de azeitona.



D. Pedro II, imperador do Brasil, filho de D. Pedro IV, chegou a visitar Herculano na sua casa em Vale de Lobos, mostrando a importância simbólica do antigo soldado do pai. Alexandre Herculano morreu a 13 de setembro de 1877 e foi sepultado no Mosteiro dos Jerónimos. Deixou-nos vastíssima obra, essencial para o estudo do romantismo e do século XIX. Herculano foi um dos heróis do Liberalismo, e com o companheiro de viagem para a Terceira Almeida Garrett, foi uma das figuras fundadoras do romantismo em Portugal e um dos poucos que soube levar uma vida digna do estilo literário que tanto amava.


Texto de: Francisco Miguel Nogueira






Obras principais

Poesia

Teatro

  • A Crente na Liberdade - 1860
Drama histórico português em 3 atos.
Representou-se em Lisboa, em 1838, no teatro do Salitre.
Foi editado no Rio de Janeiro em 1862
  • Os Infantes em Ceuta – 1842

Romance

  • O Pároco de Aldeia (1825) - 1851
  • O Galego: Vida, ditos e feitos de Lázaro Tomé

Romance histórico

  • O Bobo (1128) – 1843 (eBook)
  • O Monasticon
  • Lendas e narrativas - 1851
    • 1.º tomo: (eBook)
      • O Alcaide de Santarém (950-961)
      • Arras por Foro de Espanha (1371-2)
      • O Castelo de Faria (1373)
      • A Abóbada (1401)
    • 2.º tomo: (eBook)
      • Destruição de Áuria: Lendas Espanholas (século VIII)
      • A Dama Pé de Cabra: Romance de um Jogral (Século XI)
      • O Bispo Negro (1130)[
      • A Morte do Lidador (1170)
      • O Emprazado: Crónica de Espanha (1312)
      • O Mestre Assassinado: Crónica dos Templários (1320)]
      • Mestre Gil: Crónica (Século XV)
      • Três Meses em Calecut: Primeira Crónica dos Estados da Índia (1498)]
      • O Cronista: Viver e Crer de Outro Tempo[

História

Opúsculos

  • Opúsculos I: Questões Públicas, Tomo I (eBook)
    • A Voz do Profeta (1836) (edição digital em Bibliotrónica Portuguesa)]
    • Teatro, Moral, Censura (1841)
    • Os Egressos (1842)
    • Da Instituição das Caixas Económicas (1844)
    • As Freiras de Lorvão (1853)
    • Do Estado dos Arquivos Eclesiásticos do Reino (1857)
    • A Supressão das Conferências do Casino (1871)
  • Opúsculos II: Questões Públicas, Tomo II (eBook)
    • Monumentos Pátrios (1838)
    • Da Propriedade Literária (1851-2)
    • Carta à Academia das Ciências (1856)
    • Mousinho da Silveira (1856)
    • Carta aos Eleitores do Círculo de Cintra (1858)
    • Manifesto da Associação Popular Promotora da Educação do Sexo Feminino (1858)
  • Opúsculos III: Controvérsias e Estudos Históricos, Tomo I (eBook)
    • A Batalha de Ourique:
      • I. Eu e o Clero (1850)
      • II. Considerações Pacificas (1850)
      • III. Solemnia Verba (1850)
      • IV. Solemnia Verba (1850)
      • V. A Ciência Arábico-Académica (1851)
    • Do estado das classes servas na Península, desde o VIII até o XII Século (1858)
  • Opúsculos IV: Questões Públicas, Tomo III (eBook)
    • Os Vínculos (1856)
    • A Emigração (1870-1875)
  • Opúsculos V: Controvérsias e Estudos Históricos, Tomo II (eBook)
    • Historiadores portugueses (1839-1840):
      • Fernão Lopes
      • Gomes Eanes de Azurara
      • Vasco Fernandes de Lucena - Rui de Pina
      • Garcia de Resende
    • Cartas Sobre a História de Portugal (1842)
    • Resposta às Censuras de Vilhena Saldanha (1846)
    • Da Existência e não Existência do Feudalismo em Portugal (1875-1877)
    • Esclarecimentos:
      • A. Sortes Góticas
      • B. Feudo
  • Opúsculos VI: Controvérsias e Estudos Históricos, Tomo IV (eBook)
    • Uma Vila-Nova Antiga (1843)
    • Cogitações Soltas de um Homem Obscuro (1846)
    • Arqueologia Portuguesa (1841-1843)
      • Viagem de Cardeal Alexandrino;
      • Aspecto de Lisboa;
      • Viagem dos Cavaleiros Tron e Lippomani
    • Pouca luz em muitas trevas (1844)
    • Apontamentos para a história dos bens da coroa (1843-44)
  • Opúsculos VII: Questões Públicas, Tomo IV (eBook)
    • Duas Épocas e Dois Monumentos ou a Granja Real de Mafra (1843)
    • Breves Reflexões Sobre Alguns Pontos de Economia Agrícola (1849)
    • A Granja do Calhariz (1851)
    • Projecto de Decreto (1851)
    • O País e a Nação (1851) [artigos publicados no jornal O Paiz]
    • Representação da Câmara Municipal de Belém ao Governo (1854)
    • Representação da Câmara Municipal de Belém ao Parlamento (1854)
    • Projecto de Caixa de Socorros Agrícolas (1855)
    • Sobre a Questão dos Forais (1858)
  • Opúsculos VIII (eBook)
    • Da Pena de Morte (1838)
    • A Imprensa (1838)
    • Da Escola Politécnica ao Colégio dos Nobres (1841)
    • Instrução Pública (1841)
    • Uma Sentença sobre Bens Reguengos (1842)
    • A Escola Politécnica e o Monumento (1843)
    • Um Livro de V. F. Netto de Paiva (1843)
  • Opúsculos IX: Literatura (eBook)
    • Qual é o Estado da Nossa Literatura? Qual é o Trilho que Ela Hoje Tem a Seguir? (1834)
    • Poesia: Imitação—Belo—Unidade (1835)
    • Origens do Teatro Moderno: Teatro Português até aos Fins do Século XVI (1837)
    • Novelas de Cavalaria Portuguesas (1838-40)
    • Historia do Teatro Moderno: Teatro Espanhol (1839)
    • Crenças Populares Portuguesas ou Superstições Populares (1840)
    • A Casa de Gonçalo, Comédia em Cinco Actos: Parecer (1840)
    • Elogio Histórico de Sebastião Xavier Botelho (1842)
    • D. Maria Teles, Drama em Cinco Actos: Parecer (1842)
    • D. Leonor de Almeida, Marquesa de Alorna (1844)
  • Opúsculos X, Questões Públicas, Tomo VI
    • A Reação Ultramontana em Portugal ou A Concordata de 21 de Fevereiro (1857)
    • Análise da Sentença dada na Primeira Instância da Vila de Santarém acerca da Herança de Maria da Conceição (1860)
    • As Heranças e os Institutos Pios (s.d.)

Outras obras

  • De Jersey a Granville - 1831
  • Estudos sobre o casamento civil: por occasião do opusculo do sr. Visconde de Seabra sobre este assumpto - 1866 (Digitalizado em Google)





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