domingo, 23 de outubro de 2022

Portas de Angra (evolução histórica)



*** AS PORTAS DE ANGRA ***

O meu amigo José Ávila publicou hoje (23-10-2022) um recorte do jornal "The Illustrated London News", datado de 20 de Abril de 1844, onde consta uma gravura das portas de Angra. Não a conhecia.
É linda! Aqui fica ela para nosso deleite.

Embora remontem ao século XV, sofreram extensas alterações eventualmente por volta de 1470 ou 1500, por iniciativa do segundo capitão do donatário da ilha, Álvaro Martins Homem. À época, embora fosse fortificada por razões de segurança, a porta do cais da cidade de Angra tinha, sobretudo, funções de garantia de cobrança dos direitos da alfândega.


No contexto da dinastia filipina, o cais e a principal porta de acesso à cidade encontram-se representados na gravura "A Cidade de Angra na Ilha Iesu Xpo da Terceira que esta em 30 Graos", de Jan Huygen van Linschoten, datada de 1595. No mesmo período, por volta de 1610, tiveram lugar extensas obras de reforma que enobreceram a porta, traduzindo o período de prosperidade então vivido pela cidade.


Em 1687, na carta do Cônsul Nègre, a porta não aparece neste local, mas sim em frente à atual Rua de São João.

Quando do sismo de Lisboa de 1755 (1 de novembro), o maremoto resultante fez com que as águas da baía ultrapassassem as portas, alcançando a Praça Velha. Em seu refluxo, arrastaram consigo a estrutura das portas.



Com a criação da Capitania Geral dos Açores (1766), e a chegada a Angra do seu primeiro Capitão-general, D. Antão de Almada, foi determinado ao Sargento-mor João António Júdice que tirasse o plano de reedificação do cais, aproveitando-se o que fosse possível. Data dessa época a atual configuração do Pátio da Alfândega, entre os estilos barroco e neoclássico, ao nível da Rua Direita, ligado ao cais por duas largas escadarias em ferradura, rematadas ao alto por duas portas com arcos de pedra. As bicas de abastecimento das embarcações foram transferidas para um chafariz de pilastras duplas laterais, ao centro das escadarias. Os vestígios da primitiva porta, as casas da guarda e demais estruturas foram aterradas.


Cais e Páteo da Alfândega de Angra, anos 60 séc. XX
(sem as portas da cidade)





Em 1998, durante obras de remodelação do cais, foram procedidos trabalhos de prospeção arqueológica que identificaram os vestígios de uma rua, de um cais, de uma fortificação abaluartada e de uma densa rede de águas e esgotos. Os vestígios distribuíam-se em três diferentes níveis de ocupação, interligados por escadarias e pátios.


Portas de Angra (2009)


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