D. Sebastião (1557-1578)

 


D. Sebastião - o Desejado

Monarca português, filho do príncipe D. João e de D. Joana de Áustria, nasceu em 1554, em Lisboa, e morreu em 1578, em Alcácer Quibir. Décimo sexto rei de Portugal (1557-1578), é conhecido pelo cognome de "o Desejado".


D. Sebastião herdou o trono de seu avô, D. João III, porque, apesar de este ter tido vários filhos, todos eles acabaram por falecer precocemente. Como era menor, ficou como regente sua avó D. Catarina, apesar de D. João III não ter deixado testamento mas apenas uns apontamentos em que a indicava como regente. Sua mãe, D. Joana, de acordo com o contrato nupcial, teve de regressar a Castela após a morte do príncipe D. João.


A regente D. Catarina, por influência do cardeal D. Henrique, começou por pedir ao Papa a fundação da Universidade de Évora, que entregou aos Jesuítas. Continuou a política de D. João III quanto ao Norte de África, querendo abandonar Mazagão, que, entretanto, teve de defender dos ataques mouros. Acusada de sofrer influências da Corte espanhola, pede a demissão de regente nas Cortes de Lisboa de 1562, continuando, no entanto, como tutora de D. Sebastião. Foi eleito como regente, nessa altura, o cardeal D. Henrique, tio de D. Sebastião.

Nestas Cortes o povo manifestou a sua apreensão quanto à educação do rei, sobre a questão da sucessão e sobre a inalienabilidade de todo o território nacional, aspetos que D. Henrique vai ter em conta durante a sua regência, até D. Sebastião completar catorze anos. 
Quando o infante Sebastião fez 3 anos, o seu avô morreu, e ele tornou-se rei de todo o Império Português, que na época chegou ao pico da expansão territorial, com a conquista de Macau, em 1557, e Damão, em 1559. Sua avó, Catarina de Áustria, e depois seu tio-avô, o Cardeal D. Henrique de Évora, assumiram a regência do reino enquanto o menino não alcançava a maioridade.

Com uma mistura de mania de grandeza, fervor religioso e noções militares duvidosas, Dom Sebastião se lançou num plano infalível de uma nova cruzada no Norte da África. Entre a maioridade de Sebastião e a saída para a campanha no Marrocos, passaram-se 10 anos.

O jovem rei português estava preocupado com a ocupação do Império Turco Otomano no Norte da África – de fato, eles conquistaram toda a região, exceto o Marrocos.

Na sua “Jornada de África”, Dom Sebastião prometia o apoio a Mulei Maomé, sultão deposto, contra seu tio, Mulei Moluco, que tinha apoio otomano. Para o confronto, o jovem rei português levou para o Marrocos uma força militar de 18 mil soldados.


A expedição de D. Sebastião culminou na Batalha de Alcácer Quibir, também conhecida como a Batalha dos Três Reis, que terminou com os três governantes mortos. Mas foram os portugueses que levaram a pior.

Do lado perdedor, os portugueses terminaram com cerca de 9 mil homens mortos (incluindo boa parte da nobreza) e um rei desaparecido.

Dizem que a última frase de Sebastião no campo de batalha, antes de liderar um ataque desesperado contra o exercito inimigo, teria sido: “Senhores, a liberdade real só há de se perder com a vida”. E então, teria investido seu cavalo contra as linhas inimigas.

A realidade é que ninguém sabe o que aconteceu: sem corpo, não há provas da morte, certo? E o que não faltaram foram boatos e conversas sobre o que teria sido do Rei perdido. Teve quem viu ele morrer, teve quem viu ele fugir, teve quem encontrou ele em Veneza anos depois, teve quem fingiu ser o rei desaparecido.



A verdade é que Sebastião, de fato, nunca voltou. O tio-avô, D. Henrique, assumiu o trono, mas acabou morrendo em dois anos. Enquanto os portugueses ainda lamentavam sua perda, a nobreza europeia disputava o comando do país e suas colônias. Afinal, havia muitos nobres portugueses espalhados pelas cortes.



Foi o espanhol Felipe II que levou a melhor, conseguindo subir ao trono português e unir os governos da Península Ibérica. Era o fim da independência de Portugal – e todo seu império, incluindo o Brasil – pelos próximos 60 anos.

Fonte: 360 meridianos
Castelinho (Castelo de São Sebastião)
em Angra do Heroísmo
Desenho de Emanuel Félix (2021)

O Castelo de São Cristóvão (Memória), manifestamente inócuo na perspetiva defensiva da baía, Tomasso Benadetto, de Pesaro, traça, em 1567, o plano defensivo da ilha Terceira, nomeadamente da nóvel cidade de Angra. Peça fundamental desse plano, foi o Castelo de São Sebastião, vulgo Castelinho, cuja construção se terá iniciado em 1572, mas cujas obras já estariam suficientemente adiantadas em 1576 para ser-lhe atribuída alcaidaria.



Torna-se o Castelo de São Sebastião, a partir dessa data, não apenas num reforço substancial do sistema defensivo anterior, mas no garante efetivo da segurança do porto oceânico de escala obrigatória das rotas marítimas intercontinentais

Graças a ele, a cidade pôde desenvolver-se e prosperar. Defesa tão eficaz que afasta a esquadra de D. Pedro de Valdez, em 1581, levando-o ao malogrado desembarque na Salga. Em 1582, chegado vencedor da batalha naval de Vila Franca do Campo contra a esquadra francesa enviada aos Açores em apoio da causa do Prior do Crato, o Marquês de Santa Cruz, ao serviço de Filipe II de Espanha, Filipe I de Portugal, não se atreve a acometer a cidade (nem a Ilha); e, no ano seguinte, é na baía das Mós que desembarca vitorioso, entrando em Angra pelo portão de São Bento, vedado que lhe fora o acesso por mar, pelo poder de fogo do Castelo de São Sebastião -agora já secundado pelo forte de Santo António que Ciprião de Figueiredo mandara construir na ponta sudeste do Monte Brasil -.E no Castelo de São Sebastião receberá a rendição formal das tropas francesas.



A 30 de Março de 1577 el-Rei D. Sebastião concede aos cidadãos de Angra os privilégios dos da cidade do Porto.

Não era raro receberem, os açorianos, provas de consideração e deferência dos monarcas, que das ilhas recebiam todo o auxílio necessário à vida e prosperidade nacional.

Em 1577 se recebeu a seguinte carta:

«D. Sebastião, por graça de Deus rei de Portugal e dos Algarves. A quantos esta minha carta virem, faço saber […] Havendo respeito aos serviços que a dita cidade me tem feito e aos que espero que em diante me fará, e por folgar de lhe fazer mercê: Hei por bem e me apraz que as pessoas que servirem de juízes e vereadores da dita cidade de Angra e aos que andarem nestes pelouros dos ditos ofícios, somente gozem dos privilégios e liberdades de que gozam os cidadãos da minha cidade do Porto, e isto enquanto eu assim houver por bem e não mandar o contrário. E mando a todos os meus desembargadores, corregedores, ouvidores, juízes e justiças e oficiais e pessoas a que esta carta for mostrada e o conhecimento dela pertencer, que mui inteiramente cumpram e guardem. E por esta mando aos oficiais da câmara da cidade do Porto que lhes deem os treslados dos ditos privilégios, em pública forma, para deles gozarem enquanto eu assim o houver por bem e não mandar o contrário, sem dúvida nem embargo algum que dele seja, porque assim é minha mercê. Dada em Lisboa aos 30 dias de mês de março. Pedro de Seixas a fez. Ano do Nascimento de N. S. J. Cristo de 1577 anos.»

In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 114, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.


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