quinta-feira, 21 de abril de 2022

Sérgio Rezendes (Historiador)








Sérgio Alberto Fontes Rezendes nasceu em 21 de abril de 1975, em Ponta Delgada, cidade onde sempre viveu e estudou.

Entre 2001 e 2010 foi subdiretor do Museu Militar dos Açores tendo passado pelo Museu Militar de Lisboa e Arquivo Histórico Militar.


É Licenciado em História e Ciências Sociais (Via Ensino); Mestre em Património, Museologia e Desenvolvimento e Doutor em História Insular e Atlântica (séculos XV-XX) pela Universidade dos Açores.

Comissário de várias exposições, é assessor científico do Museu Militar dos Açores e investigador doutorado integrado do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa. Pelo despacho nº 1.311/2014, de 30 de Julho de 2014 da S. R. da Educação e Cultura da R. A. A., foi nomeado vogal da Comissão Científica e Pedagógica responsável pelas orientações curriculares e metodológicas da Disciplina de História, Geografia e Cultura dos Açores e pelo despacho n.º30/SEADN/2014 da Defesa Nacional, membro da Comissão de Turismo Militar dos Açores.

Da vasta bibliografia produzida, destacam-se as duas edições da Grande Guerra nos Açores: Memória e Património Militar (Letras Lavadas, 2014; Caleidoscópio, 2016); Ponta Delgada, no Centenário de todas as Mudanças (CMPD, 2017); Receios, privações e miséria num ambiente de prevenção armada: a II Guerra Mundial nos Açores (Caleidoscópio, 2019) e o Depósito de Concentrados Alemães na ilha Terceira: a História de uma reclusão forçada (Caleidoscópio, 2019).



Iniciada a 1.ª Guerra Mundial, Portugal após dois anos de hesitações e polémicas resolveu entrar declaradamente no conflito. No início de 1916, a falta de embarcações por parte de Inglaterra levou a que Portugal confiscasse os barcos alemães ancorados nos seus portos, alguns deles nos Açores, instigando uma declaração de guerra que conduziu à reformulação do estatuto dos súbditos alemães em Portugal, em especial se em idade militar. Um dos locais escolhidos para os concentrar foi o forte de São João Baptista, em Angra do Heroísmo, ilha Terceira.

O fluxo inesperado de centenas de prisioneiros num espaço muito curto de tempo, levantou uma série de problemas às autoridades portuguesas, agravados por uma crise económica que obrigou a uma gestão de mestria, dada a falta de resposta imediata para as constantes necessidades. Dentro do contexto bélico internacional, procurou-se dar as melhores condições aos concentrados, tarefa complexa em virtude dos atribulados tempos económicos que se passavam.

Com o Armistício, o Depósito de Concentrados Alemães na ilha Terceira ganhou uma nova dinâmica, uma vez que com a saída dos prisioneiros à cidade, gerava- se a possibilidade de conflitos entre alemães e portugueses.

Fonte: WOOK




De uma guerra inicialmente longínqua, o estrangulamento das exportações açorianas rapidamente se faria sentir nos mercados tradicionais, entretanto em guerra. A presença de esquadras de superfícies em águas dos Açores desapareceria com a mesma rapidez com que a inicial neutralidade protegera as embarcações alemãs nos portos das ilhas. A presença de submarinos alemães no seu mar, a partir de 1915, reforçaria os receios militares que clamavam por meios desde o início do conflito, atingindo-se o clímax com o bombardeamento de Ponta Delgada em julho de 1917.

Detentores de um importante mar, dois importantes portos, um Depósito de Concentrados Alemães e de estações de cabo telegráfico ou de T.S.F., os Açores tornar-se-iam alvo da atenção dos E.U.A., e da tentativa do Estado de ombrear com a implantação de uma base americana na mesma cidade. Contudo, a vida dos açorianos tornara-se madrasta: da escassez das importações e exportações e das graves dificuldades financeiras e de defesa que transformara camponeses em soldados sem recursos, o fim da guerra radicalizarse-ia ainda mais com combates no mar e uma gripe "espanhola" que trespassaria o arquipélago.

Em 2011, no âmbito do programa de Comemorações do Centenário da República, foi estabelecida uma parceria editorial com a Caleidoscópio no sentido de se publicarem teses e dissertações inéditas dedicadas ao estudo da I República e do Republicanismo. O Centro República dá continuidade ao programa de Edição de Teses e Dissertações em parceria com a editora Caleidoscópio, mantendo o objectivo de promover a publicação de teses e de dissertações cientificamente relevantes que tenham por objecto de estudo a I República e o Republicanismo. A selecção de teses e dissertações decorre de um concurso aberto à comunidade científica e do parecer de um Conselho Científico. Na edição do concurso de que resultam as teses e dissertações que agora se publicam o júri foi composto por António Ventura, Maria de Fátima Nunes, Luís Alberto Alves, Norberto Cunha e Ernesto Castro Leal.

Fonte: WOOK




Isolados no Atlântico Norte, os Açores sempre padeceram em contexto de luta pelo domínio dos mares. Durante a II Guerra Mundial, esta realidade não foi diferente. A interação das autoridades civis e militares perante uma mudança imposta por pressões exteriores evidencia a especificidade e vulnerabilidade do seu povo mediante fatores de ordem externa e interna, anómalos ao país e induzidos pela guerra: bloqueio económico, falta de matérias-primas, de géneros alimentares, rarefação dos transportes, inflação, mercado negro, quebra de poder de compra e agitação social, entre mais.

Com uma mobilização ímpar, as ilhas teriam graves dificuldades em sustentar a presença de um vasto contingente militar, que distribuído pelas três principais ilhas teria como função defendê-las independentemente das lacunas materiais e alimentares, humanas e financeiras. A reconversão do dispositivo militar, de paz para guerra, sobrecarregado pelas facilidades concedidas a povos estrangeiros, agravaria ainda mais uma economia dependente do exterior, expondo as ilhas a fatores como o bloqueio económico e a guerra submarina.

Perante um Estado com poderes excecionais, e autoritário, os militares e o povo conheceriam a rarefação, a insegurança e o encarecimento dos transportes, exemplos das múltiplas variáveis que assolariam o arquipélago e que fariam da capacidade de sacrifício dos açorianos, e de entendimento entre instituições, mais do que uma virtude: uma cumplicidade.

Fonte: WOOK

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