segunda-feira, 18 de março de 2024

Duque da Terceira (1792-1860)




 *** DUQUE DA TERCEIRA ***

~ António José Severim de Noronha ~

A 18 de março de 1792, nascia o 1º Duque da Terceira, símbolo da luta liberal contra o Absolutismo e comandante dos liberais. Foi o grande responsável pela preparação das tropas na Terceira e pelo desembarque no continente português. Foi nomeado Capitão-General dos Açores por carta régia em abril de 1829, por D. Maria II, ainda exilada, para defender o único baluarte liberal no país. Não sendo terceirense, acabou por abraçar o povo local, que se rendeu aos seus ideais e apoiou-o na luta pela Liberdade.
D. António José de Sousa Manuel de Meneses Severim de Noronha nasceu em Lisboa e com apenas dois anos de idade perdeu o pai, sucedendo-lhe, então, como Conde de Vila Flor. A Europa absolutista caía e os ideais franceses de Liberdade, Igualdade e Fraternidade ecoavam por todo o lado. Assim, o futuro Duque da Terceira cresceu em plena difusão dos ideais liberais e participou nas Guerras napoleónicas, tendo sido agraciado pelo seu empenho e bravura.



Durante os anos seguintes, desempenhou vários cargos, sendo nomeado Par do Reino, aquando da promulgação da Carta Constitucional de 1826 e depois Governador das Armas da Província do Alentejo, tendo logo de reprimir algumas insurreições militares que se levantaram a favor do Absolutismo. Começava a sua luta pelo Liberalismo. No Alentejo, Vila Flor comandou o exército, repelindo os absolutistas em várias zonas do país. As vitórias valeram-lhe o título de Marquês de Vila Flor e a nomeação para governador das armas do Porto. Com a chegada de D. Miguel a Portugal, o Absolutismo ganhou força e Vila Flor foi demitido, saindo de Portugal. Era a época do seu exílio em Inglaterra. Portugal sucumbia ao Miguelismo.


A Ilha Terceira que se tinha tornado o último baluarte do Liberalismo, passou a atrair Vila Flor, que pretendia continuar a sua luta. O Duque de Saldanha, próximo de Vila Flor, partiu para a Ilha e este depois juntou-se a Saldanha. O Duque de Palmela, outro liberal, nomeou-o Capitão-General dos Açores. Vila Flor conseguiu escapar aos britânicos e instalar-se na Terceira. A sua primeira ação foi terminar com as discórdias e divisões locais, aproximando-os para a defesa da causa liberal. A seguir, organizou-se a resistência aos ataques de D. Miguel. Mouzinho da Silveira era nomeado secretário militar, assim como o barão de Monte Pedral, chefe do estado-maior. Eram homens capazes.


Na atual Rua Direita, junto à Praça Velha, foi fixada a residência de Vila Flor. Este começou a reorganizar as tropas.



A 11 de agosto de 1829, na famosa Batalha da Praia, os Miguelistas tentaram invadir a Ilha, Vila Flor conseguiu organizar uma boa defesa, restaurando a linha de fortes da Terceira. Começava um novo ciclo de vitórias, que fariam de Vila Flor um comandante de prestígio. Os meses seguintes foram de criação constitucional, tentando definir-se a política para o futuro.



Foi criada a Regência de Angra, que orientou os destinos dos liberais até à chegada de D. Pedro à Terceira. Angra era a capital da Monarquia Constitucional.




A Regência emitiu várias proclamações e 65 decretos, sobretudo pelas mãos de Mouzinho da Silveira, que depois de 1834, tornar-se-iam nacionais.


Em abril de 1831, a Regência avançou para as restantes ilhas. Era preciso difundir o Liberalismo e trazer o restante arquipélago para a causa liberal, antes de se passar para o continente. Vila Flor esteve ao comando das conquistas, pondo fim às resistências. Com o apoio de D. Pedro IV, que depois de abdicar do trono português e posteriormente do brasileiro, tornou-se Duque de Bragança, chegando à Terceira a 3 de março de 1832. Vila Flor ultimou o desembarque no continente, tendo comandado os “Bravos do Mindelo”. O Liberalismo começava a afirmar-se.



Em nome de todo o seu empenho para a causa liberal, Vila Flor foi elevado, a 8 de novembro de 1832, a Duque da Terceira, ligando-se o seu futuro ao da Ilha que bem o acolhera e que tivera ao seu lado. O 1º Duque da Terceira participou nos principais momentos da Guerra Civil, liderando as tropas que libertaram Lisboa em 24 de julho de 1833, estando também ao lado de D. Pedro aquando da abdicação do trono por D. Miguel. D. Maria II era novamente rainha e o Liberalismo triunfara.



O papel de Vila Flor, depois de 1834, passou pela política, liderando vários governos, além de ter sido agraciado com inúmeras distinções honoríficas e condecorações. Morreu em 1860, sem descendência, mas com uma vida recheada de feitos. E, em nome de todo o seu empenho, foi inaugurada uma estátua em sua homenagem, junto a uma praça que recebeu seu nome, a 24 de julho de 1877, exatos 44 anos depois da libertação de Lisboa do jugo absolutista.



O Duque da Terceira foi um importante comandante e homem do Liberalismo, sendo uma das mais importantes figuras daquele tempo. É um dos heróis das Lutas Liberais e manteve sempre uma forte ligação com a Terceira, onde desenvolveu boas relações e soube manter o apoio em torno da sua figura.


O Duque da Terceira foi um importante comandante e homem do Liberalismo, sendo uma das mais importantes figuras daquele tempo. É um dos heróis das Lutas Liberais e manteve sempre uma forte ligação com a Terceira, onde desenvolveu boas relações e soube manter o apoio em torno da sua figura.



A imagem do Duque da Terceira perdeu-se. Poucos são os terceirenses que conhecem as façanhas deste grande português, que desempenhou um papel relevante na Ilha e na manutenção e difusão dos ideais liberais. Devia haver uma maior homenagem ao 1º Duque da Terceira.

Devemos incentivar a imagem de homens que lutaram pelos seus ideais e que, mesmo em momentos de crise, não se deixaram abater e que fizeram muito pela história da Terceira e de Portugal.

Fonte: Francisco Miguel Nogueira



*** MEMÓRIA INCENTIVA ***

Comandante das tropas de Lisboa em 1827.

Apoia a revolta contra D. Miguel e participa na belfastada em 1828.

Parte do Havre em 5 de Junho de 1829 e chega à ilha da Terceira no dia 22 de Junho.

Faz parte da regência coletiva estabelecida em Angra por D. Pedro em 15 de Junho de 1829.

A 11 de Agosto de 1829 lidera a Batalha da Praia na ilha Terceira.

A partir de 1832, agraciado com o título de duque da Terceira.

Comanda as tropas pedristas que ocupam Lisboa em 24 de Julho de 1833.

Ministro da guerra no governo de Palmela entre 24 de Setembro de 1834 e 20 de Março de 1835, onde é substituído pelo conde de Vila Real.

Presidente do governo e ministro da guerra de 19 de Abril a 10 de Setembro de 1836.

Membro da Associação Eleitoral do Centro que concorreu às eleições de 1838.

Presidente do conselho de 9 de Fevereiro de 1842 a 20 de Maio de 1846, acumulando sempre a pasta da guerra.

Ministro da guerra e da marinha no governo de Palmela, entre 20 e 26 de Maio de 1846.

Presidente do conselho de 26 de Abril a 1 de Maio de 1851.

Presidente do conselho de 16 de Março de 1859 a 26 de Abril de 1860.

Faleceu em 26 de Abril de 1860.


A 8 de abril de 1864 era lançada à água a corveta mista "Duque de Terceira".

A SUA CONSTRUÇÃO FOI ORDENADA, EM PRINCÍPIOS DE 1863, PELO MINISTRO DA MARINHA, JOSÉ DA SILVA MENDES LEAL, JUNTAMENTE COM A DA CORVETA DUQUE DE PALMELA (1864-1913). CONSTRUÍDA EM MADEIRA, TECA E CARVALHO COM FORRO DE COBRE, NO ARSENAL DA MARINHA, EM LISBOA, FOI LANÇADA À ÁGUA EM 8 DE ABRIL DE 1864. ERA SEMELHANTE ÀS CORVETAS SÁ DA BANDEIRA (1862-1884) E INFANTE D. JOÃO (1863-1878), QUE TINHAM SIDO ANTERIORMENTE LANÇADAS À ÁGUA E TAMBÉM CONSTRUÍDAS NO ARSENAL DO ALFEITE.

Entre 1866 e 1867 partiu para Inglaterra a fim de receber algumas alterações. Em 1872 largou para a Estação Naval de Angola, e em 1879 seguiu em socorro da Guiné. Visitou a América do Sul e tomou parte na campanha dos namarrais em 1897 e na Gaza, em Moçambique. Regressou a Lisboa no ano seguinte, e a partir daí apenas efetuou viagens de instrução.

Em 29 de Março de 1906 passou ao estado de desarmamento e em maio ainda foi mandada servir de depósito de praças do Corpo de Marinheiros. Foi vendida em 16 de maio de 1911, em Lisboa, por ser considerada inútil. 


Fonte: CCM - Comissão Cultural da Marinha



sexta-feira, 15 de março de 2024

ANGRA CIDADE CAPITAL



ANGRA, CIDADE
Cidade de Angra num trabalho de scrimshaw (arte baleeira)
 da artista faialense Cláudia Furtado





Em 1534, por carta de 21 de Agosto, D. João III elevou a vila de Angra a cidade, preparando-a assim para sede do bispado que Paulo III criou em 3 de Novembro desse ano. A nova cidade, já então sede do corregedor das ilhas (1503) e com a sua Alfândega elevada a diretora das demais, pelo foral de 1499, ia-se tornando na capital das ilhas e a residência das novas autoridades criadas, como o provedor da Fazenda, a partir de 1536.























História de Angra





O local escolhido pelos primeiros povoadores foi uma crista de colinas, que se abria, em anfiteatro, sobre duas baías, separadas pelo vulcão extinto do Monte Brasil. Uma delas, a denominada "angra", tinha profundidade para a ancoragem de embarcações de maior tonelagem, as naus. Tinha como vantagem a proteção de todos os ventos, exceto os de Sudeste.


As primeiras habitações foram erguidas na encosta sobre essa angra, em ruas íngremes de traçado tortuoso dominadas por um outeiro. Neste, pelo lado de terra, distante do mar, foi iniciado um castelo com a função de defesa, à semelhança do urbanismo medieval europeu: o chamado Castelo dos Moinhos.


Álvaro Martins Homem


Por carta passada pela Infante D. Beatriz em 2 de Abril de 1474, a capitania de Angra foi doada a Álvaro Martins Homem, que ao tomar posse dela deu início aos trabalhos da chamada Ribeira dos Moinhos, aproveitando a forças de suas águas e lançando as bases para o futuro desenvolvimento económico da povoação. A partir da proteção propiciada pelo Castelo dos Moinhos (atual Alto da Memória), o casario acompanhou a Ribeira dos Moinhos até à baía, primitivamente por ruas e vielas sinuosas - ruas do Pisão, da Garoupinha, de Santo Espírito, das Alcaçarias - cuja toponímia conservou a memória de suas actividades económicas. Martins Homem deu início à chamada Casa do Capitão, posteriormente acrescentada por João Vaz Corte Real, que também procedeu à canalização da Ribeira, à construção do primitivo Cais da Alfândega, da muralha defensiva da baía de Angra e do Hospital de Santo Espírito.




Ao mesmo tempo, liberava a área do vale para que, de acordo com os princípios do urbanismo do Renascimento, pudessem ser abertas ruas obedecendo a um plano ortogonal, organizadas por funções, de acordo com as necessidades do porto que crescia com rapidez. Nesse plano ortogonal serão abertas as ruas da Sé e Direita, ligando os principais elementos da cidade: o porto e a casa do capitão nos extremos do braço menor, os celeiros do Alto das Covas e a Câmara Municipal nos do braço maior. Ao longo do século XVI a cidade crescerá até ao Alto das Covas e a São Gonçalo, embora com ruas de traçado mais irregular.


Desse modo, em poucos anos, desde 1478, a povoação fora elevada à categoria de vila e, em 1534, ainda no contexto dos Descobrimentos, foi a primeira do arquipélago a ser elevada à condição de cidade. No mesmo ano, foi escolhida pelo Papa Paulo III para sede da Diocese de Angra com jurisdição sobre todas as ilhas dos Açores.
As razões para esse vigoroso progresso deveram-se à importância do seu porto como escala da chamada Carreira da Índia, centrado na prestação de serviços de reabastecimento e reaparelhamento das embarcações carregadas de mercadorias e de valores. Por essa razão desde as primeiras décadas do século XVI aqui foi instalada a Provedoria das Armadas, com essa função e a de apoiar a chamada Armada das Ilhas. Posteriormente, no contexto da Dinastia Filipina, a estes vieram justar-se os galeões espanhóis carregados de ouro e prata, oriundos das Índias Ocidentais, numa rota que se estendia de Cartagena das Índias, passava por Porto Rico e por Angra, e alcançava Sevilha. Para apoiar essas fainas, foram implantados os primeiros estaleiros navais, na Prainha e no Porto das Pipas, e as fortificações que fecham a baía: o chamado Castelo de São Sebastião e o de São João Batista.



A Cidade, mais de uma vez, teve parte ativa na história de Portugal: à época Agosto de 1580 a 6 de Agosto de 1582. O modo como expulsou os espanhóis entrincheirados na fortaleza do Monte Brasil em 1641 valeu-lhe o título de "Sempre leal cidade", outorgado por D. João IV de Portugal.
Posteriormente, aqui esteve D. Afonso VI de Portugal, detido nas dependências da fortaleza do Monte Brasil, de 21 de Junho de 1669 a 30 de Agosto de 1684.







Angra constitui-se na capital da Província dos Açores, sede do Governo-geral e em residência dos
Capitães-generais, por Decreto de 30 de Agosto de 1766, funções que desempenhou até 1832. Foi sede da Academia Militar, de 1810 a 1832.





No século XIX, Angra constitui-se em centro e alma do movimento liberal em Portugal. Tendo abraçado a causa constitucional, aqui se estabeleceu em 1828 a Junta Provisória, em nome de D. Maria II de Portugal.
Foi nomeada capital do reino por Decreto a 15 de Março de 1830.

Aqui, no contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), D. Pedro IV de Portugal organizou a expedição que levou ao desembarque do Mindelo e aqui promulgou alguns dos mais importantes decretos do novo regime, como o que criou novas atribuições às Câmaras Municipais, o que reorganizou o Exército Português, o que aboliu as Sisas e outros impostos, o que extinguiu os morgados e capelas, e o que promulgou a liberdade de ensino no país.

Em reconhecimento de tantos e tão destacados serviços, o Decreto de 12 de Janeiro de 1837 conferiu à cidade o título de "mui nobre, leal e sempre constante cidade de Angra do Heroísmo"e condecorou-a com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada.





A cidade sempre teve forte tradição municipalista, e a sua Câmara Municipal foi a primeira do país a ser eleita, já em 1831, após a reforma administrativa do Constitucionalismo (Decreto de 27 de Novembro de 1830).











Bilhete Postal comemorativo
do 25º aniversário de Angra do Heroísmo
Património da Humanidade


A classificação pela UNESCO da zona central de Angra do Heroísmo como Património da Humanidade, a 7 de Dezembro de 1983, fará ser a primeira cidade no país a ser inscrita na lista, reflete a sua importância histórica e cultural.









Bilhete Postal comemorativo
do 25º aniversário de Angra do Heroísmo
Património da Humanidade










Bilhete Postal comemorativo
dos 475 anos da elevação de Angra a Cidade




Bilhete Postal comemorativo
dos 475 anos da elevação de Angra a Cidade















Câmara Municipal de Angra do Heroísmo





Paços do Concelho até 1849


O edifício dos Paços do Concelho de Angra do Heroísmo localiza-se no centro histórico da cidade e Concelho de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira.

Destaca-se por constituir, no país, num dos raros exemplos de um edifício camarário construído de raiz para a função que ocupa.

A sua implantação, na praça principal e mais central da cidade, contribuiu para que sempre houvesse sido o mais importante edifício civil da cidade, aí tendo se mantido ao longo de mais de 450 anos. Considerado o mais belo palácio municipal dos Açores, em suas salas encontram-se peças de inestimável valor histórico e patrimonial.



































Aspecto da Praça e Casa da Câmara primitiva de Angra.
(na carta de João Hugo Linschoten, elaborada em 1589).

 
A Câmara Municipal de Angra ocupou três edifícios ao longo da História. O primeiro Senado de Angra data de 1474, tendo sido estabelecido por João Vaz Corte Real. O seu edifício situava-se sensivelmente no mesmo local do atual, com uma pequena praça defronte, como se pode reconhecer pela carta de Jan Huygen van Linschoten, em fins do século XVI.



O terramoto de 1608 causou enormes prejuízos no casario da cidade e, como consequência, a Praça onde se situava o edifício foi ampliada, e o edifício da Câmara remodelado em 1610. Em meados do século XIX o edifício foi uma vez mais remodelado, tendo sido escolhida a data da comemoração do 20º aniversário da Batalha da Praia, 11 de Agosto de 1849, para o lançamento da pedra fundamental. A inauguração solene ocorreu no mesmo dia, em 1866.












ANGRA DO HEROÍSMO
Capital Histórica dos Açores,
e por duas vezes Capital de Portugal.

Em guisa de guião para quem não esteja muito a par da História dos Açores, e concretamente da sua capital histórica, aqui deixo alguns dos factos e datas mais importantes na vida desta nobre cidade – que a inacção local, o bairrismo estúpido e a falta de visão dos sucessivos governos regionais estão a deixar morrer.
Aceito correcções e sugestões de novas entradas.

1449: Chegada à Terceira dos primeiros povoadores flamengos.
1450: O Infante D. Henrique nomeia o fidalgo flamengo Jacob van Brugge (Jácome de Bruges) Capitão do Donatário na Ilha Terceira.
1452: Fundação do primeiro convento dos Açores (Franciscano), em Angra.
1460-1470: Construção da primeira fortificação dos Açores, o Castelo de S. Cristóvão, de S. Luís ou dos Moinhos, por João Vaz Corte-Real.
1474: Doação da Capitania de Angra a João Vaz Corte-Real (a Capitania da Praia é doada a Álvaro Martins Homem).
1478: Angra é elevada à categoria de Vila.
1492: Fundação do Hospital da Misericórdia de Angra, o primeiro dos Açores. A Misericórdia de Angra é das mais antigas de Portugal, conjuntamente com a de Lisboa e algumas mais.
1499: Paulo da Gama, morto no regresso da primeira viagem à Índia, é sepultado por seu irmão Vasco da Gama na Igreja de Nossa Senhora da Guia (Convento de S. Francisco), em Angra.
1503: Fundada a Corregedoria dos Açores, com sede em Angra.
1516: A topografia e o traçado urbanístico da cidade de Amaurota, capital da ilha de Utopia («Utopia», Thomas More), correspondem quase integralmente aos de Angra registados na gravura de Jan Huygen van Linschoten (1595). Thomas More não conhecia Angra, naturalmente, pelo que é de conjecturar-se que o traçado urbanístico de Angra (razão pela qual foi classificada pela UNESCO) corresponderia ao ideal da cidade marítima renascentista. Registe-se que a personagem de «Utopia» que descreve a ilha Utopia e a sua cidade Amaurota é um marinheiro português (Rafael Hitlodeu); que, segundo este, a ilha de Utopia ficava não muito longe das ilhas dos Macaronésios; e que o conceito actual de Macaronésia engloba os arquipélagos dos Açores, da Madeira, das Canárias e também de Cabo Verde.
1527: Criação da Provedoria das Armadas e Naus da Índia em todas as ilhas dos Açores, com sede em Angra.
1534: Angra é elevada à categoria de Cidade (sendo assim a primeira cidade dos Açores). É criada a Diocese de Angra, pela bula «Æquum reputamus» do Papa Paulo III, abrangendo as nove ilhas dos Açores.
1570: Fundação do Colégio dos Jesuítas, em Angra.
1572-1582: Construção do Forte de S. Sebastião, posteriormente conhecido por «Castelinho».
1581-1583: Sede do governo de D. António I, conhecido por Prior do Crato (período em que Angra foi capital de Portugal).
1581 (25 de Julho): Batalha da Salga, em que os habitantes da Terceira derrotam uma armada espanhola comandada por D. Pedro de Valdez (oito galeões, um pataxo e uma caravela alfamista), com mais de 1000 homens de armas, dos quais apenas 50 terão sobrevivido. Os defensores da ilha recorreram a todos os meios à sua disposição, incluindo o gado bravo da ilha, que foi lançado em manada contra os espanhóis. A memória desta batalha invulgar está registada no Brasão de Armas da Região Autónoma dos Açores, onde encontramos, como suportes, dois toiros negros. 
1582 (13 de Fevereiro): Carta de Ciprião de Figueiredo, Corregedor dos Açores, a Filipe II de Espanha, onde afirma que a população da Terceira, ao contrário do que se passara no continente, nunca se renderia dado que «...As couzas que padecem os moradores desse afligido reyno [Portugal], bastarão par]a vos desenganar que os que estão fora desse pezado jugo [o povo da Terceira], quererião antes morrer livres, que em paz sujeitos. Nem eu darei aos moradores desta ilha outro conselho... porque um morrer bem é viver perpetuamente...». A frase «antes morrer livres que em paz sujeitos» foi adoptada como divisa do Brasão de Armas da Região Autónoma dos Açores.
1583 (27-30 de Julho): Depois de vencida a resistência da Terceira à invasão espanhola comandada por D. Álvaro de Bazán, marquês de Santa Cruz de Mudela, herói da Batalha de Lepanto (que viera invadir a ilha à frente de uma armada constituída por 10 000 soldados veteranos espanhóis, 1600 alemães, duas companhias de italianos e uma de portugueses), e tendo já D. António I abandonado a ilha, a cidade de Angra é saqueada.
1588: Fundação do Convento de Santo Agostinho, em Angra.
1593: Início da construção, no Monte Brasil, da Fortaleza de S. Filipe (renomeada «de S. João Baptista» após a Restauração). É considerada a maior fortaleza construída por Espanha em todo o mundo.
1595: Data da gravura «A Cidade de Angra na Ilha Iesu Xpo da Terceira que esta em 30 Graos», de Jan Huygen van Linschoten, onde a cidade já apresenta o traçado actual do seu centro histórico.
1608: Fundação do Convento das Concepcionistas, em Angra.
1615: Provável fundação do Hospital Real de Angra (Hospital Militar da Boa Nova), que se crê ser o mais antigo do seu género em todo o mundo.
1643: D. João IV concede a Angra o título de «Sempre Leal Cidade».
1645: É erigida, no interior da Fortaleza de S. João Baptista, a primeira igreja do país na sequência da Restauração.
1669-1674: O rei D. Afonso VI é exilado em Angra.
1766-1832: Criação da Capitania-Geral dos Açores, com sede em Angra.
1809-1816: O jovem Almeida Garrett vem viver com a família para Angra, onde o seu tio era Bispo.
1810: Chegada a Angra da fragata «Amazona», com deportados liberais que viriam a ter um papel fulcral na difusão e adesão dos terceirenses às ideias e valores liberais. [André M. Nicolau]
1810-1832: Sede da Academia Militar.
1821: Eclosão, na Fortaleza de S. João Baptista, do primeiro movimento revolucionário de cunho liberalista nos Açores.
1828: Por Decreto (nunca revogado) de 28 de Outubro, Angra é nomeada Sede da Junta Provisória, em nome de D. Maria II. Aqui organiza D. Pedro IV a expedição que levaria ao desembarque do Mindelo (1832).
1829 (16 de Fevereiro): Desembarque em Angra do Batalhão de Voluntários da Rainha, formado em Plymouth por liberais no exílio, depois de uma viagem atribulada para furar o bloqueio naval miguelista e britânico à Terceira. Integravam-no, entre outros, Alexandre Herculano e Almeida Garrett.
1830: Início da Regência em Portugal, com sede em Angra. Por Decreto de 15 de Março, Angra é nomeada Capital do Reino.
1831: A Câmara Municipal de Angra é a primeira do país a ser eleita na sequência da reforma administrativa do Constitucionalismo.
1832: Desembarque de D. Pedro IV em Angra, onde assume o trono em nome de sua filha D. Maria. Partida dos «Bravos do Mindelo» (que, rigorosamente, deveriam ser os «Bravos da Terceira»). É constituída a Província dos Açores.
1837: Por Carta Régia de 12 de Janeiro, é conferido o título de «Mui Nobre, Leal e Sempre Constante Cidade de Angra do Heroísmo», e a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo é condecorada com a «Grã-Cruz da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito».
1844: Fundação do Liceu Nacional de Angra do Heroísmo.
1845: Construção da Memória a D. Pedro IV (monumento de inspiração maçónica), no local onde existiu o Castelo de S. Luís ou dos Moinhos.
1852: Fundação do Seminário Episcopal de Angra.
1896-1906: Gungunhana (Ngungunhane), último Imperador de Gaza (Moçambique), é exilado em Angra do Heroísmo, onde morre.
1926 (11 de Julho): O General Gomes da Costa, depois de ter sido demitido da Presidência da República e preso em Belém e em Caxias, é exilado em Angra do Heroísmo; a 30 de Setembro, ainda em Angra, é-lhe conferido o bastão de Marechal do Exército Português. Seria posteriormente transferido para Ponta Delgada (Outubro) e, finalmente, para Lisboa (Novembro de 1927)
1930 (4 de Outubro): Inauguração do Campo de Aviação da Achada, uma obra realizada pelo Corpo de Aviação do Exército Português e pela Junta Geral de Angra do Heroísmo. Pilotou o Avro 504 o tenente piloto aviador Frederico Coelho de Melo, natural da freguesia dos Altares (Angra do Heroísmo). [Manuel de Meneses Martins]
1931 (7 de Abril): Revolta de parte dos presos políticos deportados em Angra do Heroísmo contra o Estado Novo, com apoio de alguns militares (também na Madeira, onde tudo começara, e em S. Miguel e Faial, que adeririam mais tarde). Foi constituída uma Junta Revolucionária em Angra do Heroísmo. Sem apoio popular, a revolta acabaria por ser dominada pelas forças governamentais, com rendição dos revoltosos: a 17 de Abril, na Terceira; a 20, em S. Miguel; e a 2 de Maio, na Madeira. [cfr. Francisco Miguel Nogueira, http://www.jornaldapraia.com/noticias/ver.php?id=2043]
1933-1943: Cerca de 500 presos políticos do Estado Novo passam pelas prisões da Fortaleza de S. João Baptista e do Forte de S. Sebastião (Castelinho).
1941 (12 de Junho): Chega a Angra do Heroísmo a Esquadrilha n.º 2 do Corpo de Aviação (com 90 homens e 9 aeronaves), que desfila nas ruas da cidade e tem alojamento na Fortaleza de S. João Baptista. Depois transita para as Lajes. [Manuel de Meneses Martins]
1943 (8 de Outubro): Chegada do Grupo 247 da Royal Air Force, alojando-se no Forte S. Sebastião, antes de transitar para as Lajes. [Manuel de Meneses Martins]
1944 (17 de Janeiro): O navio americano USS John Clark descarregou 800 homens e 4064 toneladas de carga no Porto das Pipas, em Angra do Heroísmo, com destino à Base Aérea das Lajes. [Manuel de Meneses Martins]
1971: Realização, em Angra, da Cimeira dos Presidentes dos Estados Unidos (Richard Nixon) e de França (Georges Pompidou), no âmbito da crise económica internacional da época.
1980: A 1 de Janeiro, a cidade (e grande parte da Terceira, bem como da Graciosa e de São Jorge) é destruída por um sismo. Cerca de 70% das casas da Ilha foram destruídas, incluindo o centro histórico de Angra, e contabilizaram-se 73 mortos no total.
1983: Depois de reconstruído na sequência do sismo de 1980, o Centro Histórico de Angra do Heroísmo é classificado como Património Mundial pela UNESCO, sendo a primeira cidade portuguesa a receber tal distinção.

Publicado por Luís Fagundes Duarte in FB a 12/08/2019

quarta-feira, 13 de março de 2024

Papa Francisco




Papa Francisco

Nasceu a 17 de Dezembro de 1936
Ordenado Sacerdote a 13 de Dezembro de 1969
Eleito Papa a 13 de Março de 2013











O primeiro Papa americano é o jesuíta argentino Jorge Mario Bergoglio, 76 anos, arcebispo de Buenos Aires. É uma figura de destaque no continente inteiro e um pastor simples e muito amado na sua diocese, que conheceu de lés a lés, viajando também de metro e de autocarro, durante os quinze anos do seu ministério episcopal.





«O meu povo é pobre e eu sou um deles», disse várias vezes para explicar a escolha de morar num apartamento e de preparar o jantar sozinho. Aos seus sacerdotes sempre recomendou misericórdia, coragem apostólica e portas abertas a todos. A pior coisa que pode acontecer na Igreja, explicou nalgumas circunstâncias, «é aquilo ao que de Lubac chama mundanidade espiritual», que significa «pôr-se a si mesmo no centro». E quando citava a justiça social, convidava em primeiro lugar a retomar nas mãos o catecismo, a redescobrir os dez mandamentos e as bem-aventuranças. O seu programa é simples: se seguirmos Cristo, compreenderemos que «espezinhar a dignidade de uma pessoa é pecado grave».




Não obstante a índole reservada — a sua biografia oficial é de poucas linhas, pelo menos até à nomeação como arcebispo de Buenos Aires — tornou-se um ponto de referência devido às suas tomadas de posição fortes durante a dramática crise económica que abalou o país em 2001.
Nasceu na capital argentina no dia 17 de Dezembro de 1936, filho de emigrantes piemonteses: o seu pai Mário trabalhava como contabilista no caminho de ferro; e a sua mãe Regina Sivori ocupava-se da casa e da educação dos cinco filhos.
Diplomou-se como técnico químico, e depois escolheu o caminho do sacerdócio, entrando no seminário diocesano de Villa Devoto. A 11 de Março de 1958 entrou no noviciado da Companhia de Jesus. Completou os estudos humanísticos no Chile e, tendo voltado para a Argentina, em 1963 obteve a licenciatura em filosofia no colégio de São José em San Miguel.

De 1964 a 1965 foi professor de literatura e psicologia no colégio da Imaculada de Santa Fé e em 1966 ensinou estas mesmas matérias no colégio do Salvador, em Buenos Aires. De 1967 a 1970 estudou teologia, licenciando-se também no colégio de São José.

A 13 de Dezembro de 1969 foi ordenado sacerdote pelo arcebispo D. Ramón José Castellano. De 1970 a 1971 deu continuidade à sua preparação em Alcalá de Henares, na Espanha, e a 22 de Abril de 1973 emitiu a profissão perpétua nos jesuítas. Regressou à Argentina, onde foi mestre de noviços na Villa Barilari em San Miguel, professor na faculdade de teologia, consultor da província da Companhia de Jesus e também reitor do colégio.

No dia 31 de Julho de 1973 foi eleito provincial dos jesuítas da Argentina, cargo que desempenhou durante seis anos. Depois, retomou o trabalho no campo universitário e, de 1980 a 1986, foi novamente reitor do colégio de São José, e inclusive pároco em San Miguel. No mês de Março de 1986 partiu para a Alemanha, onde concluiu a tese de doutoramento; em seguida, os superiores enviaram-no para o colégio do Salvador em Buenos Aires e sucessivamente para a igreja da Companhia, na cidade de Córdova, onde foi director espiritual e confessor.
O cardeal Antonio Quarracino convidou-o a ser o seu estreito colaborador em Buenos Aires. Assim, a 20 de Maio de 1992 João Paulo II nomeou-o bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires. No dia 27 de Junho recebeu na catedral a ordenação episcopal precisamente do cardeal. Como lema, escolheu Miserando atque eligendo e no seu brasão inseriu o cristograma IHS, símbolo da Companhia de Jesus.

Concedeu a sua primeira entrevista como bispo a um pequeno jornal paroquial, «Estrellita de Belén». Tendo sido imediatamente nomeado vigário episcopal da região Flores, a 21 de Dezembro de 1993 foi-lhe confiada inclusive a tarefa de vigário-geral da arquidiocese.
Portanto, não constituiu uma surpresa quando, a 3 de Junho de 1997, foi promovido arcebispo coadjutor de Buenos Aires. Nem sequer nove meses depois, com o falecimento do cardeal Quarracino, sucedeu-lhe a 28 de Fevereiro de 1998 como arcebispo, primaz da Argentina e ordinário para os fiéis de rito oriental residentes no país e desprovidos de ordinário do próprio rito. Três anos mais tarde, no Consistório de 21 de Fevereiro de 2001, João Paulo II criou-o cardeal, atribuindo-lhe o título de São Roberto Bellarmino. Convidou os fiéis a não virem a Roma para festejar a púrpura, mas a destinar aos pobres o dinheiro da viagem. Grão-chanceler da Universidade católica argentina, é autor dos livros Meditaciones para religiosos (1982), Reflexiones sobre la vida apostólica (1986) e Reflexiones de esperanza (1992).

Em Outubro de 2001 foi nomeado relator-geral adjunto da décima assembleia geral ordinária do Sínodo dos bispos, dedicada ao ministério episcopal. Uma tarefa que lhe foi confiada no último momento, em substituição do cardeal Edward Michael Egan, arcebispo de Nova Iorque, obrigado a permanecer na pátria por causa dos ataques terroristas de 11 de Setembro. No Sínodo, sublinhou de modo particular a «missão profética do bispo», o seu «ser profeta de justiça», o seu dever de «pregar incessantemente» a doutrina social da Igreja, mas também de «expressar um juízo autêntico em matéria de fé e de moral».

Entretanto, na América Latina a sua figura tornava-se cada vez mais popular. Não obstante isto, não perdeu a sobriedade da índole, nem o estilo de vida rigoroso, que chegou a ser definido quase «ascético». Com este espírito, em 2002 recusou a nomeação a presidente da Conferência episcopal argentina, mas três anos mais tarde foi eleito para tal cargo e depois confirmado por mais um triénio em 2008. Entretanto, em Abril de 2005, participou no conclave durante o qual tinha sido eleito Bento XVI.


Como arcebispo de Buenos Aires — diocese com mais de três milhões de habitantes — pensou num projecto missionário centrado na comunhão e na evangelização, com quatro finalidades principais: comunidades abertas e fraternas; protagonismo de um laicado consciente; evangelização destinada a cada habitante da cidade; assistência aos pobres e aos enfermos. O seu objectivo era reevangelizar Buenos Aires, «tendo em consideração os seus habitantes, o modo como ela é e a sua história». Convidou sacerdotes e leigos a trabalharem juntos. Em Setembro de 2009 lançou a campanha de solidariedade a nível nacional, em vista do bicentenário da independência do país: duzentas obras de caridade a realizar até 2016. E, em chave continental, alimenta fortes esperanças, no sulco da mensagem da Conferência de Aparecida, de 2007, chegando a defini-la «a Evangelii nuntiandi da América Latina».

























































Até ao início da sede vacante foi membro das Congregações para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para o Clero, para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica; do Pontifício Conselho para a Família, e da Pontifícia Comissão para a América Latina.


Texto in: Cidade do Vaticano

Centenário das Aparições de Fátima












As Visitas Papais a Portugal





Paulo VI

(Visitou Portugal aquando as comemorações dos 50 anos das Aparições de Fátima)



1967 - Sobrescrito comemorativo
do cinquentenário das Aparições de Fátima

1967 - Paulo VI e Irmã Lúcia em Fátima
 (50º aniversário das Aparições)


O Papa Paulo VI, Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini (26 de Setembro de 1897 - 6 de Agosto de 1978), foi o Sumo Pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana e Soberano da Cidade do Vaticano de 21 de Junho de 1963 até a sua morte. 


Sucedeu o Papa João XXIII, que convocou o Concílio Vaticano II, e decidiu continuar os trabalhos do predecessor.

Promoveu melhoras nas relações ecumênicas com os Ortodoxos, Anglicanos e Protestantes, o que resultou em diversos encontros e acordos históricos.

Montini serviu no Departamento de Estado do Vaticano de 1922 a 1954.


Enquanto esteve no Departamento de Estado, Montini e Domenico Tardini foram considerados os colaboradores mais próximos e influentes do Papa Pio XII, que o nomeou, em 1954, arcebispo da Arquidiocese de Milão, um cargo que fez dele automaticamente Secretário da Conferência de Bispos Italianos.



João XXIII elevou-o ao Colégio de Cardeais em 1958, e após a morte de João XXIII, Montini foi considerado um dos mais prováveis sucessores.

Escolheu o nome Paulo, para indicar que tinha uma missão mundial renovada de propagar a mensagem de Cristo. Ele reabriu o Concílio Vaticano II, que fora automaticamente fechado com a morte de João XXIII e lhe atribuiu prioridade e direção. Após ser concluído o trabalho no Concílio, Paulo VI tomou conta da interpretação e implementação de seus mandatos, frequentemente andando sobre uma linha entre as expectativas conflitantes de vários grupos da Igreja Católica. A magnitude e a profundidade das reformas, que afetaram todas as áreas da vida da Igreja durante o seu pontificado, excederam políticas reformistas semelhantes de seus predecessores e sucessores.


Paulo VI foi um devoto mariano, discursando repetidamente a congressistas marianos e em reuniões mariológicas, visitando santuários marianos e publicando três encíclicas marianas. Paulo VI procurou diálogo com o mundo, com outros cristãos, religiosos e irreligiosos, sem excluir ninguém. Viu-se como um humilde servo de uma humanidade sofredora e exigiu mudanças significativas dos ricos na América e Europa em favor dos pobres do Terceiro Mundo.


O seu ensinamento, na linha da tradição da Igreja, contrário à regulação da natalidade por métodos artificiais  e a outras questões foram controversas na Europa Ocidental e na América do Norte; no entanto, o Pontífice foi elogiado em grande parte das Europas Oriental e Meridional, além da América Latina. Seu pontificado decorreu durante, certas vezes, mudanças revolucionárias no mundo, revoltas estudantis, a Guerra do Vietname e outros transtornos.


Paulo VI procurava entender todos os assuntos, mas ao mesmo tempo, defender o princípio do fidei depositum, uma vez que que lhe foi confiado. Paulo VI faleceu em 6 de Agosto de 1978, na Festa da Transfiguração. O processo diocesano para a beatificação de Paulo VI iniciou em 11 de Maio de 1993.



João Paulo II

(João Paulo II visitou Portugal 3 vezes: em 1982, 1991 e 2000)











Karol Józef Wojtyła  nasceu em Wadowice, uma pequena localidade ao sul da Polónia, a 50 quilómetros de Cracóvia; o mais novo dos três filhos de Karol Wojtyła, um polonês e de Emilia Kaczorowska, que é descrita como tendo ascendência lituana e, possivelmente, ucraniana.

Emília morreu em 13 de abril de 1929, quando Karol tinha apenas 8 anos de idade. Sua irmã mais velha, Olga, já tinha morrido antes de seu nascimento, e ele ficou muito próximo de seu irmão Edmund, que era 14 anos mais velho e era chamado de Mundek. O seu trabalho como médico eventualmente o levaria à morte por escarlatina, o que deixou Karol muito abalado.

Ainda garoto, Karol demonstrou interesse pelos esportes, geralmente jogando futebol na posição de goleiro.

Durante a sua adolescência, ele travou contato com a grande comunidade judaica de Wadowice e os jogos de futebol eram disputados entre os times de judeus e católicos, com Wojtyła muitas vezes jogando ao lado dos judeus.


Em meados de 1938, Karol e seu pai deixaram Wadowice e se mudaram para Cracóvia, onde ele se matriculou na Universidade Jaguelônica. Enquanto ele se dedicava ao estudo de tópicos como filologia e diversas línguas na universidade, Karol também se prontificou como voluntário na biblioteca, além de ter sido obrigado a participar no alistamento obrigatório, servindo na chamada "Legião Acadêmica". Contudo, ele se recusou a atirar. Ele ainda participou de diversos grupos teatrais, atuando principalmente como dramaturgo.
Os Pais de João Paulo II

Foi nesta época que o seu talento para as línguas floresceu e ele aprendeu 12 línguas diferentes, nove das quais ele usaria extensivamente no futuro como papa.


Em 1939, as forças de ocupação da Alemanha nazista fecharam a Universidade Jaguelônica após a invasão da Polônia no início da Segunda Guerra Mundial.

Todos os homens capazes foram obrigados a trabalhar e assim, de 1940 até 1944, Karol trabalhou em empregos tão diversos como mensageiro para um restaurante, operário numa mina de calcário e para a indústria química Solvay, tudo isso para evitar ser deportado para a Alemanha.

 Seu pai, um suboficial no Exército da Polónia, morreu de ataque cardíaco em 1941, deixando Karol como o último sobrevivente de seu grupo familiar imediato. "Eu não estive presente na morte de minha mãe, nem na do meu irmão e nem na do meu pai", ele disse, refletindo sobre esta época de sua vida, quase quarenta anos depois, "Aos vinte, eu já tinha perdido todos os que amava".


Após a morte de seu pai, ele começou a considerar seriamente a ideia do sacerdócio. Em Outubro de 1942, ele bateu às portas do palácio arcebispal de Cracóvia e pediu para estudar. Logo em seguida ele começou a ter aulas no seminário clandestino comandado pelo Arcebispo de Cracóvia, Adam Stefan Sapieha.

Em 29 de fevereiro de 1944, Karol foi atropelado por um caminhão da Wehrmacht. O oficial alemão da Wehrmacht cuidou dele o enviou para um hospital, onde Karol passou duas semanas se recuperando de uma concussão séria e um ferimento nos ombros. Para ele, o acidente e a sua sobrevivência foram a confirmação de sua vocação. Em 6 de agosto de 1944, o chamado "Domingo Negro", a Gestapo juntou os homens de Cracóvia para evitar uma rebelião similar à anterior, ocorrida em Varsóvia. Karol escapou se escondendo no porão da casa de um tio na rua Tyniecka, número 10, enquanto as tropas alemãs vasculhavam os andares superiores. Mais de oito mil homens e rapazes foram levados presos naquele dia, mas Karol conseguiu depois escapar para o palácio do arcebispo, onde ele permaneceria até a retirada dos alemães.

Na noite de 17 de janeiro de 1945, os alemães fugiram da cidade e os estudantes puderam retomar o então arruinado seminário. Karol e outros seminaristas ofereceram-se para limpar pilhas de imundíces congeladas que se acumularam nas latrinas Karol também ajudou uma garota judia de 14 anos chamada Edith Zierer, que tinha fugido de um campo de trabalho alemão em Czestochowa. Edith havia desmaiado na plataforma de trens e Karol a carregou e ficou com ela durante toda a viagem até Cracóvia. Ela afirma que Karol salvou-lhe a vida naquele dia.

A organização judaica B'nai B'rith afirma que Karol ajudou a proteger muitos outros judeus poloneses dos nazistas, além de ter priorizado a amizade com os judeus.


João Paulo II visitou Portugal 3 vezes: em 1982, 1991 e 2000 foram visitas apostólicas e em 1983 fez escala em Lisboa onde discursou.

A primeira visita, de 12 a 15 de maio de 1982, ocorreu um ano após o atentado de que foi vítima em 13 de Maio de 1981. No primeiro dia de visita, João Paulo II acabou sendo ferido na segunda tentativa de assassinato quando Juan Krohn o tentou esfaquear com uma baioneta, onde o papa acabou sendo ferido. Nessa visita o Papa João Paulo II depositou a bala do atentado sofrido no ano anterior em plena Praça de São Pedro no altar de Nossa Senhora de Fátima. Ainda hoje a mesma bala se encontra na coroa de Nossa Senhora de Fátima no Santuário de Fátima.


Em 14 de Maio, visitou o Santuário de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal, em Vila Viçosa..

Na manhã de 15 de Maio, visitou o Santuário de Nossa Senhora do Sameiro, em Braga, e, à tarde, viajou de helicóptero até ao Porto, onde presidiu uma missa celebrada junto à Câmara Municipal, na Avenida dos Aliados.

 Em 2 de Março de 1983 fez uma escala em Lisboa, por volta da meia-noite, em viagem com destino a América Central e na ocasião uma multidão de pessoas o aguardava, sendo que o papa fez uma pequena homília invocando a sua "Fé e Devoção a Nossa Senhora de Fátima".






1991 - Inteiro Postal comemorativo da visita
de João Paulo II a Angra do Heroísmo

Estátua comemorativa da Sua visita
à Ilha Terceira (Sé de Angra)
De 10 a 13 de maio de 1991, esteve nos Açores, Madeira, Lisboa, e novamente em Fátima.

Um dos pontos mais altos foi o encontro com os jovens realizado no Estádio do Restelo, em Lisboa, em 10 de maio.


A sua última visita, em que beatificou os pastorinhos de Fátima, Jacinta Marto e Francisco, teve lugar em 12 e 13 de maio de 2000, em Fátima e sobre eles disse o seguinte: "grande era, no pequeno Francisco, o desejo de reparar as ofensas dos pecadores, esforçando-se por ser bom e oferecendo sacrifícios e oração. E Jacinta sua irmã, quase dois anos mais nova que ele, vivia animada pelos mesmos sentimentos".

Nesta peregrinação, João Paulo II ofereceu a Nossa Senhora de Fátima o anel com o lema “Totus Tuus” que o cardeal Wiszinski lhe havia ofertado no início do seu pontificado. Também teve a revelação do Terceiro Segredo de Fátima que estava relacionado com o atentado de João Paulo II.









Bento XVI
(Visitou Portugal em 2010)






Papa Bento XVI, nascido Joseph Alois Ratzinger, (Marktl, Alemanha, 16 de Abril de 1927) é o Papa de Roma desde o dia 19 de Abril de 2005 até 28 de Fevereiro de 2013. Foi eleito como o 265º Papa com a idade de 78 anos e três dias, sendo o actual Sumo Pontífice da Igreja Católica. Foi eleito para suceder ao Papa João Paulo II no conclave de 2005 que terminou no dia 19 de Abril.


Domina pelo menos seis idiomas (alemão, italiano, francês, latim, inglês e castelhano) e possui conhecimentos de português, ademais lê o grego antigo e o hebraico. É membro de várias academias científicas da Europa como a francesa Académie des sciences morales et politiques e recebeu oito doutorados honoríficos de diferentes universidades, entre elas da Universidade de Navarra, é também cidadão honorário das comunidades de Pentling (1987), Marktl (1997), Traunstein (2006) e Rabistona (2006).


É pianista e tem preferências por Mozart e Bach. É o sexto e talvez o sétimo (segundo a procedência de Estêvão VIII, de quem não se sabe se nasceu em Roma ou na Alemanha) papa alemão desde Vítor II e, nos seus 80 anos, tem a idade máxima para ser cardeal eleitor. Em abril de 2005 foi incluído pela revista Time como sendo uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.

O último papa com este nome foi Bento XV, que esteve no cargo de 1914 a 1922, foi o Papa durante a Primeira Guerra Mundial. Ratzinger é o primeiro Decano do Colégio Cardinalício eleito Papa desde Paulo IV em 1555, o primeiro cardeal-bispo eleito Papa desde Pio VIII em 1829 e o primeiro superior da Congregação para a Doutrina da Fé desde Paulo V em 1605.

Em 11 de Fevereiro de 2013, um porta-voz da Santa Sé anunciou que o Papa Bento XVI renunciaria ao Pontificado em 28 de Fevereiro. "O papa anunciou que renunciará a seu ministério às 20h (hora de Roma) de 28 de Fevereiro.

Começará assim um período de sede vacante, informou o padre Federico Lombardi. Bento XVI comunicou sua renúncia em discurso pronunciado, em latim, durante um consistório convocado para anunciar três canonizações. "No mundo de hoje", disse, "sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida e para a fé, para governar a barca de Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário vigor, tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu de tal modo em mim que devo reconhecer a minha incapacidade de administrar bem o ministério a mim confiado. (...) Deverá ser convocado, por quem de direito, o Conclave para eleição do novo Sumo Pontífice".


Em 2012, o arcebispo italiano aposentado Luigi Betazzi, que conhece o Papa há 50 anos, já havia especulado abertamente sobre a possibilidade de sua renúncia: "Aqueles entre nós que têm mais de 75 anos não são autorizados a comandar nem mesmo uma diocese pequena, e os cardeais com mais de 80 anos não podem eleger o papa. Eu entenderia se um dia o Papa dissesse ‘mesmo eu não posso mais realizar meu trabalho'. (...) Acho que se chegar o momento em que ele vir que as coisas estão mudando, terá coragem para renunciar."


O último papa a renunciar foi Gregório XII, que abdicou em 1415, no contexto do Grande Cisma do Ocidente, e, antes dele, houve apenas cinco casos: Clemente I, Ponciano, Silvério, Bento IX e Celestino.

Após o anúncio, Bento XVI retirou-se para Castel Gandolfo. Depois de eleito o seu sucessor, o Papa retirar-se-á para um mosteiro de clausura.


Recordando




O Papa Português



João XXI nascido Pedro Julião, mais conhecido como Pedro Hispano, (1215 - 20 de Maio de 1277) foi papa entre 20 de Setembro de 1276 até à data da sua morte, tendo sido também um famoso médico, professor e matemático português do Século XIII. Pedro Julião nasceu em Lisboa no ano de 1215, filho do médico Julião Rebelo e de Teresa Gil.



Começou os seus estudos na escola episcopal da catedral de Lisboa, tendo mais tarde entrado na Universidade de Paris (alguns historiadores afirmam que terá sido na Universidade de Montpellier) onde estudou medicina e teologia, dedicando especial atenção a palestras de dialéctica, lógica e sobretudo a física e metafísica de Aristóteles.



Entre 1245 e 1250 ensinou medicina na Universidade de Siena (cidade e sede de comuna italiana na região da Toscana), onde escreveu algumas obras, entre as quais se destaca as Summulæ Logicales que foi o manual de referência sobre lógica aristotélica durante mais de trezentos anos, nas universidades europeias.



Em 1272 foi nomeado arcebispo da secular cidade de Braga e de toda a sua área de influência, sucedendo a D. Martinho Geraldes. Exerceu o cargo até 1274, altura em que foi nomeado cardeal-bispo da diocese suburbicária de Frascati. Nessa situação participou no conclave que, após a morte do Papa Adriano V, a 18 de Agosto de 1276, o elegeu Papa a 13 de Setembro, sendo coroado no dia 20 de Setembro.
Faleceu a 20 de Maio de 1277, após ter ficado gravemente ferido num desastre na Catedral de Viterbo, cujas obras acompanhava. Ficou ali sepultado até aos dias de hoje.




O Ano Santo em Fátima



Discorsi e Radiomessaggi di Sua Santità Pio XII
( vol. XII, pág. 359-365 )


*Transcrito parcialmente da Rádio-mensagem emitida a 10 de Dezembro de 1950 em Fátima




1950 -  Abertura do Ano Santo
(*) Amados Filhos! o campo é imenso, a tarefa ingente e dificil, poucos os operários. Nosso grande Predecessor ha dezassete anos, recomendava: « Crescei antes em qualidade que em número ». Era o moto da infância. Hoje, em plena juventude, dir-vos-emos: Redobrai de zelo, crescei em qualidade; mas crescei também em número, e não cesseis de rogar ao Senhor da messe, que vos mande muitos e bons colaboradores.

Em boa hora não faltam em Portugal outros organismos católicos, que trabalham alacremente na vinha do Senhor, e que, esmerando-se na formação interior dos seus membros, lhe juntam vontade pronta a exercer o apostolado. É precisamente hoje a responsabilidade de todo a homem católico. Em boa harmonia pois, em colaboração amiga e bem ordenada, como corpos especializados do mesmo exército ao serviço do Rei divino, combatei alegramente as batalhas do Senhor.

1951 - Encerramento do Ano Santo
Não vos escasseara a sua graça, e tendes segura a assistência materna de Nossa Senhora da Fátima, especial Padroeira da Acção Católica Portuguesa; a qual, com a sua peregrinação de maravilha atravez de Portugal e do Mundo, parece estar estimulando o vosso zelo e prometendo o mais feliz êxito ao vosso apostolado.
Con estes votos damos a Bênção Apóstolica a vós, às vossas famílias, a todas as pessoas que vos são queridas e a toda a amadíssima Acção Católica Portuguesa.