sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Pe. António Cordeiro (1641-1722)


António Cordeiro  (Angra, 1641 – Lisboa, 2 de Fevereiro de 1722) foi um sacerdote da Companhia de Jesus e historiador açoriano. Foi autor de uma das obras clássicas da historiografia açoriana - a "História Insulana", Lisboa 1717, tendo sido o primeiro a publicar uma opinião sobre a forma de governação do arquipélago.

O padre António Cordeiro nasceu na Ilha Terceira, no ano mais celebrado da história desta terra.

1641, em que a ilha se debatia nas lutas da Independência para aclamar, nos Açores, el-rei D. João IV, contra os espanhóis de Filipe II.



O padre Cordeiro, que foi discípulo da Academia Açoriana, que então era o Pátio dos Estudos em Angra, veio a ser seu professor. O primeiro livro que se conhece impresso, falando desta ilhas, é da sua pena - «História Insulana» - mas não é o único livro que publicasse, pois que várias obras em português ou latim firmou o notável sacerdote.

Diogo Barbosa, o bibliófilo, diz de Cordeiro: «Notável foi o progresso que nesta palestra fez o seu talento, assim nas letras humanas e faculdades escolásticas, das quais começou em Coimbra no ano de 1676 a ser mestre, lendo pelo largo espaço de 20 anos retórica, filosofia, teologia, especulativa e moral não somente em Coimbra mas nas cidades de Braga, Porto e Lisboa, admirando assim os domésticos como estranhos a novidade das suas opiniões subtilmente ventiladas e nervosamente defendidas.».

Biografia


Foi o sexto e último filho de António Cordeiro Moitoso e de sua esposa Maria Espinosa, aparentemente de origem graciosense.

Cursou os estudos elementares e as aulas de humanidades então existentes na cidade de Angra, destacando-se pelo seu brilhantismo, o que levou os pais, apesar de ser o filho mais novo, a abalançarem-se em o enviar para a Universidade de Coimbra, onde um irmão já cursava cânones.

Em 1656, com apenas quinze anos de idade, partiu para Lisboa, num navio que foi comboiado pela armada sob o comando do general António Teles de Menezes. Na aproximação à costa portuguesa, a armada foi obrigada a dar combate a uma esquadra de espanhola, sendo desbaratada e ficando António Cordeiro, e seu irmão Pedro Cordeiro de Espinosa (mais tarde doutor em cânones, professor na Universidade de Coimbra e deão e comissário da Cruzada na Capitania da Bahia, no Brasil, prisioneiros dos Espanhóis.

Retidos a bordo da nau capitânia inimiga, dezassete dias depois assistiram a novo combate naval, desta vez entre Espanhóis e Ingleses, com a derrota dos primeiros, sendo a capitânia obrigada a arribar a Cádiz para reparação das avarias. Durante a estadia em Cádiz, António Cordeiro tentou uma fuga, sendo preso. Apelando da punição que lhe era dada, foi levado à presença do comandante supremo da força, o 7.º duque de Medinaceli, o qual se impressionou pelo brilhantismo do jovem e lhe concedeu salvo-conduto para Portugal.

Contudo as atribulações do jovem Cordeiro não cessaram: ao atravessar o Algarve deparou-se com uma epidemia de peste, pelo que, ao chegar a Setúbal, foi detido e mantido em quarentena. Terminada esta, finalmente chegou a Coimbra e iniciou os seus estudos.

Estudou Filosofia no Colégio da Companhia de Jesus, onde conduziu os seus estudos com excepcional brilho. Terminado o curso, a 12 de Junho de 1657 ingressou na Companhia e, pouco depois, no curso de Cânones da Universidade de Coimbra.



Terminou os seus estudos universitários em 1676, iniciando de imediato a sua carreira de Mestre da Companhia de Jesus, e de professor em Coimbra. Entre 1676 e 1680 lecionou Filosofia, e deste ano a 1696, Teologia Escolástica e Moral Teológica.

Em 1696 foi transferido para Braga, onde lecionou no Colégio da Companhia e na cúria primacial. De Braga partiu para o Colégio do Porto, onde permaneceu oito anos, e finalmente foi colocado no Colégio de Santo Antão, em Lisboa, onde permanceu até ao fim de sua vida.

Para além do seu labor como professor da Companhia de Jesus, foi pregador afamado, percorrendo diversas dioceses integrado nas missões catequéticas e de reforma dos costumes organizadas pelos jesuítas. Missionou em Braga, Viseu, Pinhel, Torres Novas e muitas outras localidades.

Também colaborou com a Universidade de Évora e com outros colégios da Companhia, ganhando fama de grande intelectual, a ponto de D. José Barbosa, no visto régio que precede a publicação da "História Insulana" afirmar que António Cordeiro fora "como um raio procedido daquele Sol… alumiando com a sua doutrina as Universidades de Coimbra e de Évora, os estudos de Braga, Lisboa e Porto, e que não contente de lhes revelar a ciência com subtilíssimas novidades, começou a vida de apóstolo nas fervorosas missões de Viseu, Pinhel, Torres Novas, e de muitas outras povoações que ainda hoje na reforma dos costumes, se estão vendo os documentos da sua piedade".



Para além do seu labor como Mestre da Companhia, escreveu numerosas obras, a maior parte das quais destinadas a serem lidas nos cursos que ensinava.

Dedicou-se ainda ao estudo da História dos Açores, socorrendo-se em boa parte do manuscrito da obra de Gaspar Frutuoso que então estava à guarda da Companhia de Jesus. Desse labor de historiografia veio à luz a "Historia Insulana", impressa em Lisboa em 1717, na qual faz um resumo de todos os elementos então conhecidos sobre a história açoriana. Foi a primeira obra desta abrangência a ser editada, transformando-se num marco fundamental para o conhecimento dos Açores, até porque o manuscrito de Gaspar Frutuoso permaneceria inédito e, em boa parte inacessível aos estudiosos, até meados do século XX. Por essa razão, a "História Insulana" constitui-se, nos quase três séculos intermédios, na melhor fonte para acesso indirecto à obra de Frutuoso.

O padre António Cordeiro faleceu no Colégio de Santo Antão, em Lisboa, a 2 de Fevereiro de 1722, sendo hoje lembrado por uma rua na sua cidade natal de Angra do Heroísmo e tendo a sua "História Insulana" merecido recente reimpressão.


Obra

 

Embora se admita a existência de outras, as suas obras conhecidas são as seguintes:
  • Moral Teológica. Coimbra, 1696.
  • Cursus Philosophicus Conimbricensis. Ulyssipone: ex Oficina Regali Deslandiana, 1714.
  • In Proecipium Partium D. Thomae Theologia Scholastica. Ulyssipone: apud Josephum Lopes Ferreira, 1716.
  • Historia Insulana das Ilhas a Portugal Sujeitas no Oceano Ocidental. Lisboa Ocidental: Imprensa de António Pedroso Galvão, 1717.
in: Wikipédia

2 comentários:

  1. Rosenir olira Amorim reis, família Cordeiro é do meu trisa vô
    José Junior costa Cordeiro

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  2. Falta colocar aí a sua grande obra. “ Loreto Lusitano” uma obra que fala do Santuário de Nossa Senhora da Lapa ( Casa Mãe) /Sernancelhe, que ele promoveu e eu de criou o Colégio jesuíta de captação de noviços.
    A partir de fevereiro de 2024 , quem quizer consultar esta obra poderá encontrá-la na biblioteca da Graciosa, terra, de sua mãe.

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