sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Raúl Brandão (1867-1930)



AS ILHAS DESCONHECIDAS



Raul Brandão nasceu na Foz do Douro em Março de 1867 e aí passou a infância e a juventude. Era filho e neto de pescadores. Durante os anos de liceu, começou a interessar-se pela literatura.



Frequentou, como ouvinte, o Curso Superior de Letras, ingressando mais tarde na Escola do Exército. Paralelamente a esta carreira – mormente ligada à burocracia militar - Raul Brandão foi jornalista escritor. Em 1896 foi colocado em Guimarães, cidade onde se casou e se instalou definitivamente. Só em 1912, depois de se retirar da vida militar, se dedicou em exclusivo à escrita, tendo publicado alguma das obras mais marcantes da nossa literatura do início do século XX, como Os Pescadores, Húmus, El-Rei Junot, A Morte do Palhaço e três notáveis volumes de Memórias, além de As Ilhas Desconhecidas. Morreu em Lisboa, em Dezembro de 1930.

1926 (1.ª edição)


Entre Junho e Agosto de 1924, na companhia de outros intelectuais (entre eles, Vitorino Nemésio), Raúl Brandão viajou pelos arquipélagos da Madeira e dos Açores. Daí nasceu As Ilhas Desconhecidas - Notas e Paisagens, um dos mais importantes e belos livros de viagem da literatura portuguesa. Nele, Brandão descreve de forma comovida e paciente a paisagem e a solidão insular, a cor raríssima de cenários mágicos e ignorados, o exotismo perturbador e silencioso, um retiro de melancolia e de beleza.

2017-04-26
Edição filatélica dos CTT
(Vultos da Cultura)

Visite o álbum filatélico de Maria de Lurdes Freitas "Ilhas Desconhecidas" em:



Quase um século depois, As Ilhas Desconhecidas permanece no nosso património literário como a mais completa das homenagens aos arquipélagos atlânticos.

Moeda comemorativo dos 150 anos
do nascimento de Raúl Brandão

As Ilhas Desconhecidas são as ilhas dos Açores e da Madeira, percorridas por Raul Brandão num verão no início do século XX. Através desta narrativa de viagem, somos transportados de ilha em ilha, guiados apenas pelos nossos sentidos. Os olhos são invadidos pelas cores das ilhas - o verde dos pastos, o negro das rochas, o cinzento do nevoeiro e a multiplicidade de cores que se revelam pela ação do sol. São os cheiros que ficam na memória olfativa - o mar, a humidade, as flores, as frutas tropicais e, menos bom mas igualmente memorável, o cheiro de óleo de baleia. Os sons - o silêncio, as aves, as vacas na pastagem, o mar. Os sabores - desde o mais rude e agreste do pão, ao doce do leite açoriano e das frutas tropicais madeirenses. E são as gentes destas ilhas: há os genuínos, solidários e honestos corvinos que vivem num isolamento extremo, mas que figuram como o povo que o narrador mais admira pelo seu sentido de comunidade e partilha; há os baleeiros do Pico que vivem em função da pesca, constantemente virados para o mar e destemidos nas suas canoazinhas, armados apenas com um singelo arpão. E há as gentes da Madeira: por um lado, os que vivem bem do turismo, os que cultivam a terra mas desgraçam as vidas bebendo e os poucos que ainda vivem da terra honestamente.

Este retrato centenário destes arquipélagos portugueses é, ainda hoje, capaz de fazer os leitores desejar visitá-los, despertando nos leitores o desejo de os verem com os seus próprios olhos.


Textos obtidos no blog "Segredo dos Livros"

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