PESOS E MEDIDAS
(Breve história da sua origem)
As Balanças
Admite-se que a
balança tenha origem no Antigo Egipto. Durante cerca de 40 séculos, a balança
teve como característica a existência de dois pratos.
Desde a
Antiguidade, a balança (fig. 4) sempre encontrou emprego
nas áreas comercial e econômica de diversos povos (egípcios, babilónios, gregos,
etruscos e romanos).
Afora esse emprego normal, a balança teve
uma conotação mística em algumas civilizações. Por exemplo, as balanças dos
antigos egípcios, representadas nos "Livros dos Mortos" (fig. 5), simbolicamente representavam a pesagem do coração do
defunto contra o peso da verdade.
Conforme as culpas carregadas pelo morto, a
balança pendia para o prato do coração (destino, condenação da alma) ou da pena
(destino, felicidade eterna). A balança, aqui, tinha uma simbologia associada à
justiça. Para os babilónios, a balança simbolizava a igualdade dos
dias e das noites, já que o sol entrava na constelação de Libra no equinócio de
Outono (quando o dia e a noite têm igual duração). Com efeito, de
todos os signos do zodíaco, Libra é o único representado por um objeto: a
balança.
As balanças
egípcias tinham dois braços iguais, sendo o travessão amarrado à haste, ou ainda
fixado por orifícios unidos por um prego ou um anel (este ponto de apoio
chama-se fulcro). Há ainda que se considerar os modelos onde a haste era
suspensa pela mão, muito usadas nas farmácias e ourivesarias. Existiu também uma
outra versão, de braços desiguais, usada em transações comerciais, sendo um dos
pratos substituído por um peso fixo e o outro, por um gancho onde se pendurava a
carga. O braço maior tinha graduações e o peso fixo; o menor, o gancho para os
objetos.
É na balança dos
romanos que talvez se encontra o primeiro exemplo de sistema de travamento: em
um desenho sugere-se que um dos braços fica imobilizado, evitando que o prato
caia com a mercadoria antes da colocação dos pesos no outro
prato.
A análise de
figuras e monumentos pictóricos do final da Idade Média indica que,
aparentemente, não houve progresso sensível da técnica de construção da balança
em mais de 30 séculos. Isso decorre fundamentalmente do emprego que era
destinado à mesma, o qual era satisfeito com a tecnologia disponível. Além
disso, deve-se considerar o pouco progresso dos processos químicos, após as
contribuições de egípcios, babilónios e assírios.
Na época, as
teorias e leis sobre a transformação da matéria e as pesquisas experimentais não
justificavam melhorias no instrumento. É verdade que, mesmo durante a Baixa
Idade Média, as proporções de massa das matérias-primas eram devidamente
consideradas em certos experimentos, sendo também observadas mudanças de massa
em alguns casos, mas estes eram ocasionais e tratados com empirismo. Do mesmo
modo, cabe destacar que, nas farmácias, a balança sempre desempenhou papel
essencial: os antigos médicos já escreviam receitas com indicações exatas de
massa. Com o advento da iatroquímica (a precursora da química médica), por volta
do século XVI, começou o uso de substâncias muito venenosas na composição dos
remédios, daí uma pesagem mais rigorosa tornou-se
necessária.
Por exemplo, Vannoccio Biringuccio (1480-1537) deu as primeiras indicações numéricas corretas sobre o aumento de massa na transformação do chumbo metálico em litargírio (PbO) e mínimo (Pb3O4), com aumentos de massa de 8 até 10% (os valores exatos são, respectivamente, 7,7% e 10,3%). Já era bem estabelecido que, de uma certa quantidade de matéria-prima, não se podia fabricar quantidades arbitrárias de um produto e que, quando se queria fabricar economicamente, se devia reagir quantidades exatamente determinadas, o que valorizava o emprego da balança nos processos químicos.
Georgius Agricola
(1494-1555), em sua obra principal, De Re Metallica (1556), atribuiu
grande importância à balança, mencionando três tipos, como aparece
na figura 6. A primeira balança (à direita) era destinada à
pesagem bruta de fundentes, cimento ou chumbo; a segunda (à esquerda) mais
sensível que a primeira, era usada para pesar o minério ou o metal a serem
analisados. A terceira balança (ao fundo) dentro de uma vitrina, era a mais
sensível e servia para a determinação da massa do produto resultante da
cupelação. Notável é que todas as balanças possuíam dispositivos que permitiam
levantá-las ou abaixá-las; quando não estavam em uso, os pratos eram abaixados
até descansarem sobre a mesa, evitando desgaste inútil das partes móveis, o que
aumentava a vida útil da mesma. Trata-se de um importante avanço da tecnologia
de construção da balança. A colocação da balança numa vitrine isolava-a de
correntes convectivas e do ambiente corrosivo de laboratório, prática
sistematizada aos poucos, a partir daquela época.
Além de Agricola, a
pesagem em ambientes isolados era também mencionada por Lázaro Ecker (? – 1593)
e Andreas Libavius (1540-1616), que projetou em 1606 uma "casa ideal de
química", onde havia uma sala para balanças13, das quais algumas em
vitrine. Johann Joachim Becher (1635-1682), no seu catálogo ilustrado de um
laboratório químico portátil (1680), descreveu os equipamentos mais necessários
de um laboratório analítico, dentre os quais três balanças e entre elas, um
modelo dentro de uma vitrine.
Johann Baptist van
Helmont (1577-1644) proclamou a absoluta necessidade do emprego da balança nas
pesquisas científicas14. Joachim Jungius (1587-1657) também
manifestou a opinião de que os processos químicos deviam ser investigados com
auxílio da balança15. Em meados do século XVII, por conta da expansão
da metalurgia, as balanças tornaram-se mais sensíveis a pequenas variações de
massa (diminuição da massa do travessão) e os sistemas de pesos foram
regulamentados2. A partir de 1760 apareceram muitos trabalhos de
química quantitativa, fundamentada no emprego da balança.
No início do século
XIX, a balança sofreu uma importante mudança estrutural. O travessão, antes
diretamente ligado à haste da balança por meio do fulcro, passa a repousar sobre
um apoio triangular (o cutelo). Na verdade, o cutelo já fora introduzido no
final do século XVIII, mas sua popularização só se deu na virada para o século
seguinte. Idealmente, os fulcros (pontos de apoio) da balança deveriam ser
livres de qualquer atrito, o que não ocorria na prática, mas a adoção do cutelo
reduziu bastante esse atrito, o que garantia maior sensibilidade da balança às
variações de massa. Outro importante melhoramento foi a adoção da escala para
observar melhor a deflexão do travessão (por meio do fiel da balança). Elas eram
raramente usadas nos modelos de balança anteriores ao século XIX. Tudo o que se
tinha era um ponteiro ligado ao travessão (ou ao fulcro), tanto voltado para
cima como para baixo, este último se tornando dominante a partir do século
XVIII.
Afora essas
considerações iniciais, a balança passou por um novo período de estagnação
quanto à evolução técnica. Porém, a sua utilização na Química teve
extraordinário crescimento. A determinação da massa estava intimamente ligada à
descoberta de leis ponderais e de novos elementos químicos, ao desenvolvimento
da química orgânica e à evolução da análise quantitativa gravimétrica inorgânica
e orgânica. Nesse aspecto, já se afirmava que "toda a operação química de
precisão começa e termina na balança"16 (situação válida até hoje).
Apesar de ter sido hoje em dia grandemente superada por métodos de análise
quantitativa titrimétrica e instrumental, a gravimetria teve grande importância
histórica na evolução da química experimental no século XIX, porque este era o
único método sistemático de análise quantitativa existente naquele tempo. A
separação do constituinte era efetuada essencialmente por precipitação química.
O constituinte desejado era separado da amostra na forma de uma fase pura, de
composição química definida, que então era pesada. A partir da massa desta
última, achava-se a massa do constituinte através de relações estequiométricas
apropriadas.
Martin Heinrich
Klaproth (1743-1817), usuário intensivo da balança analítica, adotou técnicas e
métodos analíticos que levaram a resultados mais rigorosos que os obtidos
normalmente pelos outros químicos e suscitaram a descoberta de novos elementos.
Na análise percentual de compostos minerais, por exemplo, mostrou que muitas
vezes o valor que deixava de ser considerado para totalizar 100 poderia ser
atribuído a novas substâncias. Assim, foi levado a descobrir algumas "terras":
óxidos de zircônio, urânio, telúrio e titânio (estes compostos somente anos mais
tarde forneceram os respectivos elementos usando métodos de
redução). Jöns Jacob Berzelius (1779-1848) modificou a técnica
gravimétrica de Klaproth, considerada a melhor da época, usando quantidades
consideravelmente menores das substâncias a analisar, introduzindo balanças mais
sensíveis de uso analítico. A figura 7 representa uma das
balanças usadas por Berzelius em seus trabalhos.
A melhoria da
sensibilidade da balança teve capítulo especial no desenvolvimento da análise
quantitativa orgânica. A partir do método da combustão controlada, desenvolvido
por Justus von Liebig (1803-1873), que requeria uma quantidade de 0,5 a 1,0 g de
material para análise, às vezes impraticável quando do isolamento de um produto
natural, Fritz Pregl (1869-1930) introduziu um processo de microanálise em 1911,
melhorando os instrumentos e acessórios envolvidos, especialmente a
sensibilidade da balança. Com isso a massa necessária passou para a faixa 3-4
mg, sendo ele premiado com o Nobel de Química em 1923.
O alemão Karl
Remigius Fresenius (1818-1897), em sua obra de Química Analítica
Quantitativa (1885), dedicava um capítulo especial à balança. A
partir de então, passou a ser cada vez mais frequente, até tornar-se prática
corriqueira, ensinar as técnicas de uso da balança em livros de Química
Analítica, sendo geralmente o capítulo inicial desses livros. Na virada para o
século XX, toda a teoria da balança analítica já estava plenamente desenvolvida
(construção, técnicas de pesagem, etc).
Por volta de 1900,
a balança assumiu papel especial na Química Analítica Qualitativa, dada a
introdução da microanálise (que emprega quantidade de substâncias cerca de 100
vezes menores do que na macroanálise) e reagentes de maior sensibilidade e
confiabilidade, o que exigia o preparo de soluções com menores concentrações dos
analitos de interesse.
O material de
construção das balanças até o século XVIII variou bastante, podendo ser bronze,
ouro, prata e mesmo a madeira. Ao longo do século XIX, o latão foi
largamente utilizado como matéria-prima, vindo a seguir o cobre, especialmente
para pesagens de moedas, metais preciosos e diamantes. Os pesos já
eram feitos de metal (latão especialmente) desde os tempos de Georgius
Agricola12, mas na Antigüidade encontraram-se pesos feitos de outros
materiais, como granito, sienito, basalto, gipso e hematita. É
evidente que os pesos tinham de ser feitos com materiais estáveis ao ar para que
a exatidão dos mesmos não ficasse comprometida com o tempo.
Por volta de 1850 a
balança já era comercializada por várias firmas, face à expansão da
química experimental. A produção, antes artesanal, feita por exímios artesãos
sob encomenda, não comportava mais a demanda pelo instrumento.
Em 1870, Florenz
Sartorius (1846-1925), engenheiro alemão, a partir de uma peça de alumínio
cedida por Friedrich Wöhler (1800-1882), desenvolveu uma balança extremamente
leve, de braços curtos e encerrada em uma caixa de vidro, montada na própria
estrutura da balança (fig. 8). Isso
contrariava duas tendências: (a) a fabricação das balanças separadamente das
caixas de vidro (ou vitrines) e (b) a concepção da balança com braços longos.
Idealmente, os braços e seus acessórios deveriam ser infinitamente leves, o que
não ocorria na prática; o uso do alumínio, metal mais leve que o
cobre ou o bronze, melhorou enormemente a sensibilidade da balança. A facilidade
de manejo e a precisão que se tinha com este modelo superavam largamente os
resultados obtidos com as balanças da época. Tratava-se, assim, de uma revolução
que marcou a história da balança por várias décadas. A teoria da balança,
desenvolvida por Dimitri Mendeleev, ajudou na adoção do modelo proposto por
Sartorius em escala comercial.
As balanças
começaram a figurar em catálogos nos anos 1870, mas foi a partir de 1895 que se
verificou uma grande diversificação de modelos, segundo a massa que deveriam
determinar e o material de construção de que seriam feitas (latão, cobre,
bronze, alumínio etc).
O final do século
XIX testemunhou a incorporação definitiva da balança em todos os domínios da
química, desde o ensino até a utilização industrial. Nessa mesma
época, a diversificação da química como ciência experimental levou à fabricação
de dois tipos de balança de dois pratos (também conhecidas como balanças de dois
pratos e três cutelos):as chamadas balanças de mesa ou de bancada ("table balances"), destinadas à
pesagem de líquidos corrosivos e sólidos que atacavam a balança analítica (iodo,
por exemplo).
Também eram empregadas nas medidas menos exatas de massa, onde a
rapidez era primordial. A figura 9 mostra dois modelos
dessas balanças pertencentes ao acervo do Museu da Química Prof. Athos da
Silveira Ramos, instalado no Instituto de Química da Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Ao contrário das balanças analíticas, elas não eram
geralmente envolvidas por caixas protetoras e as balanças analíticas, encerradas em caixas de vidro e madeira
(eventualmente, metal), e muitas vezes colocadas em salas separadas, à parte do
ambiente de laboratório.
Popularizou-se no
início do século XX o cavaleiro, que já fora proposto no século XIX por Johann
Gottlieb Gahn (1745-1818).
Sobre uma escala (geralmente de 0 a
100, com divisões), montada acima do travessão da balança, depositava-se em suas
cavidades um pequeno peso em forma de gancho (mais tarde passou a ser de formato
cilíndrico), o cavaleiro (fig. 10). Este era
movido por meio de uma pinça controlada pelo lado de fora da balança. A adoção
do cavaleiro dispensava o uso de pesos excessivamente pequenos (inferiores a 1
mg), de difícil fabricação. Conforme a construção do instrumento, o cavaleiro
era capaz de detectar diferenças de massa inferiores a 1 mg entre os pratos,
dando ao mesmo uma sensibilidade de detecção da ordem de 0,1 mg.
Via de regra, as
balanças eram fabricadas apoiadas sobre três pontos. O objetivo era restringir o
movimento do instrumento à oscilação do travessão, do fiel, dos pratos e de seus
suportes em um mesmo plano (perpendicular à base), evitando movimentos laterais
vibratórios. Tratava-se de uma condição para a obtenção de medida
confiável, além de reduzir o desgaste das partes
móveis. Um dos pontos de apoio correspondia a um parafuso
ajustável, a fim de nivelar a base (ou plataforma) da balança em relação à
bancada. É interessante assinalar que, a partir do início do século XX, os
pontos de apoio passaram a ser, em geral, feitos de material polimérico
(essencialmente baquelite), o qual transmite muito menos vibração da bancada à
balança que os metais.
Outra inovação foi
a inclusão de sistemas de amortecimento dos pratos, que evitavam uma oscilação
excessiva do instrumento, poupando as partes móveis de desgastes
inúteis.
A importância que a
balança assumiu nos laboratórios foi tal, que livros específicos sobre o uso e a
conservação deste instrumento foram editados.
As técnicas de
pesagem com a balança de dois pratos seguiam duas
rotinas:
a) a pesagem por
substituição pela técnica da sensibilidade (método de Borda), muito trabalhosa,
mas que era a mais precisa de todas as técnicas. Neste caso, determinava-se a
chamada curva de sensibilidade (sensibilidade na ordenada, contra a carga
correspondente na abscissa), medindo-se o deslocamento do fiel com uma
sobrecarga de 1 mg, para faixa de massa de 0 a 100 g, a intervalos de 10 g (ou
menos) e
b) a pesagem pela
técnica do ajuste, que consistia em reconduzir a balança, em cada pesagem, ao
mesmo ponto de equilíbrio por meio de deslocamentos sucessivos do cavaleiro.
Avaliam-se assim os pesos até ± 0,1 mg diretamente, pela simples posição do
cavaleiro no travessão. A técnica tinha a desvantagem de obrigar a ajustes
repetidos do cavaleiro até obter a posição correta, daí a sua denominação. Não
apresentava a mesma exatidão do método de Borda, o que era compensado pela
rapidez de execução. A técnica do ajuste era usada nas análises onde a rapidez
era fundamental.
As pesagens eram de
três modos: a pesagem direta consistia na determinação da massa de um objeto
(vidro de relógio, cadinho) ou de um material delimitado. A pesagem por adição
empregava-se na obtenção da massa exata, pré-fixada, de um sólido a granel ou de
um líquido. A pesagem por diferença era destinada a substâncias que facilmente
se alteravam em contato com o ar.
A BALANÇA
DE UM PRATO
Durante décadas, as
balanças de precisão enquadravam-se inteiramente apenas na modalidade de
balanças de dois pratos, em concordância com o fato de o termo "balança", por si
só, implicar no uso de dois pratos.
As balanças de um
prato, também conhecidas como balanças de um prato e dois cutelos ou
eletromecânicas, tornaram-se conhecidas somente a partir de 1946, quando Erhart
Mettler (1917-2000) introduziu o primeiro modelo comercial prático no mercado
científico30, que se expandia rapidamente após o fim da 2ª Guerra
Mundial. Estas balanças eram de custo muito mais alto que as de dois pratos, mas
as conveniências por elas apresentadas tornaram-nas cada vez mais populares; as
balanças de prato único começaram a substituir rapidamente os modelos de dois
pratos a partir dos anos 1960.
Nesse instrumento(fig. 11), um dos pratos da balança e sua suspensão foram
substituídos por um contrapeso. Os pesos, suspensos sobre um eixo
preso ao suporte do outro prato, são manipulados por um botão. Quando a balança
está em repouso, todos os pesos estão colocados em posição no eixo. Ao se
colocar um objeto sobre o prato da balança, os pesos são removidos do eixo para
compensar a massa do objeto. A pesagem completa-se quando o travessão estiver
novamente na posição de repouso. A leitura do deslocamento do travessão é feita
em uma escala ótica calibrada para a leitura de valores inferiores a 100 mg. A
pesagem, portanto, é feita por substituição (método de Borda) em balança de
carga constante (por conseguinte, a sensibilidade não varia). Esta balança ainda
está em uso em muitos laboratórios.
As Medidas
Regulador Métrico Português |
Antigas unidades de medida portuguesas
Conjunto de Pesos e Medidas |
A maior parte das antigas medidas de peso e de capacidade foi um legado
árabe. Na altura da formação de Portugal (1128), o padrão de peso utilizado era
o arrátel, do árabe al-ratl, que era um padrão moldado em ferro fundido
ou em granito. Este padrão variou de acordo com os interesses, assim como todos
os outros, pesando desde 353 até 459 gramas.
No ano de 1352, alguns povoados “portucalenses” queixaram-se à corte de Lisboa por se sentirem lesadas quer no pagamento dos direitos reais, quer nas rendas que pagavam a fidalgos e clérigos. A confusão nos padrões era tamanha que d. Pedro I (1357–67) tentou impor um padrão único para todo o território português, decretando que os pesos sólidos tivessem como base as medidas de Santarém, e os líquidos as utilizadas em Lisboa.
Posteriormente, d. Afonso V (1438–81), impôs os padrões de
três cidades: Lisboa, Porto e Santarém.
Embora houvesse diminuído, a confusão ainda imperava e no reinado de d. João II
(1481–95), devido a intensificação do comércio com o resto da Europa, adotou-se
um novo padrão de peso – o marco de Colônia – um padrão que deveria ser feito em
ferro forjado e serviria para pesar ouro e prata.
Quando se começou a conjecturar a introdução do sistema métrico decimal, no século XIX, as unidades de medida lineares e itinerárias, e bem assim as unidades de peso, tinham já padrões legais únicos em todo o Portugal. As restantes unidades variavam de região para região, e mesmo de localidade para localidade, embora se situassem na ordem de grandeza dos padrões de Lisboa.
Em Portugal, o sistema métrico de unidades foi introduzido pelo Decreto de 13 de Dezembro de 1852, porém dividia espaço com o antigo sistema de medidas. O Decreto de 20 de Junho de 1859 estabeleceu como obrigatório o uso exclusivo do sistema métrico. Este decreto entrou em vigor para as medidas lineares, em Lisboa a 1 de Janeiro de 1860 e nas restantes localidades a 1 de Março do mesmo ano. A obrigatoriedade da utilização das restantes medidas, entrou em vigor, em todo o território nacional, em 1 de Janeiro de 1862.
Medidas itinerárias
Medidas lineares
Medidas de peso
Algumas observações:
Medidas de capacidade para secos
(1): também conhecido por cântaro
Toque de Ouro
No ano de 1352, alguns povoados “portucalenses” queixaram-se à corte de Lisboa por se sentirem lesadas quer no pagamento dos direitos reais, quer nas rendas que pagavam a fidalgos e clérigos. A confusão nos padrões era tamanha que d. Pedro I (1357–67) tentou impor um padrão único para todo o território português, decretando que os pesos sólidos tivessem como base as medidas de Santarém, e os líquidos as utilizadas em Lisboa.
D. Manuel I Pesos para pesar ouro e/ou prata |
Quando se começou a conjecturar a introdução do sistema métrico decimal, no século XIX, as unidades de medida lineares e itinerárias, e bem assim as unidades de peso, tinham já padrões legais únicos em todo o Portugal. As restantes unidades variavam de região para região, e mesmo de localidade para localidade, embora se situassem na ordem de grandeza dos padrões de Lisboa.
1575 - D. Sebastião Volume - Canada |
Em Portugal, o sistema métrico de unidades foi introduzido pelo Decreto de 13 de Dezembro de 1852, porém dividia espaço com o antigo sistema de medidas. O Decreto de 20 de Junho de 1859 estabeleceu como obrigatório o uso exclusivo do sistema métrico. Este decreto entrou em vigor para as medidas lineares, em Lisboa a 1 de Janeiro de 1860 e nas restantes localidades a 1 de Março do mesmo ano. A obrigatoriedade da utilização das restantes medidas, entrou em vigor, em todo o território nacional, em 1 de Janeiro de 1862.
Medidas itinerárias
Nome | Subdivide-se em | Valor em léguas de 20 ao grau | Equivalência métrica |
---|---|---|---|
Légua de 18 ao grau | 6173 m | ||
Légua de 20 ao grau | 3 milhas geográficas | 1 | 5555 m |
Milha geográfica | 1/3 | 1851 m |
Medidas lineares
Nome | Subdivide-se em | Valor em varas | Equivalência métrica |
---|---|---|---|
Braça | 2 varas | 2 | 2,2 m |
Toesa | 6 pés | 1 4/5 | 1,98 m |
Passo geométrico | 5 pés | 1 1/2 | 1,65 m |
Vara | 5 palmos | 1 | 1,1 m |
Côvado | 3 palmos | 3/5 | 0,66 m |
Pé | 12 polegadas | 3/10 | 0,33 m |
Palmo de craveira | 8 polegadas | 1/5 | 0,22 m |
Polegada | 12 linhas | 1/40 | 27,5 mm |
Linha | 12 pontos | 1/480 | 2,29 mm |
Ponto | 1/5760 | 0,19 mm |
Medidas de peso
Algumas observações:
- (1): O grão, a menor unidade, é originário do peso de um grão de cereal, provavelmente o arroz.
- (2): O vintém-de-ouro era uma medida de peso equivalente a 32ª parte de uma oitava (0,112 g). Na capitania das Minas Gerais o ouro em pó, não quintado, circulava como moeda pelo valor de um mil e duzentos réis a oitava; para as necessidades diárias 2¼ grãos era a medida menos complicada de obter-se, daí que 0,112 g (2¼ grãos) é igual a 37½ réis.
- (3): Os pesos de quilates e escrópulos não eram usados na pesagem de moedas, mas na de diamantes.
- (4): O Arrátel era frequentemente referido como "libra", uma vez que a diferença entre estas duas unidades era quase irrelevante.
- (5): Não confundir a Tonelada mostrada nessa tabela com a Tonelada Métrica, equivalente a 1000 kg.
- (6): Como já explicado, esses pesos todos variaram ao longo do tempo.
No reinado de d. Afonso III, o Bolonhês (1248–79), uma
lei de 26 de dezembro de 1253, dava a equivalência de 11,5 onças para o arrátel
e, sob d.
João II (1481-95) o arrátel passou a valer 2 marcos, ou 14 onças. A tabela mostra o padrão uniformizado
por d. Manuel
I em 1495.
Medidas de superfície
Nome | Subdivide-se em | Valor em varas quadradas | Equivalência métrica |
---|---|---|---|
Braça quadrada | 100 palmos quadrados | 4 | 4,84 m² |
Vara quadrada | 25 palmos quadrados | 1 | 1,21 m² |
Palmo quadrado | 64 polegadas quadradas | 1/25 | 484 cm² |
Polegada quadrada | 144 linhas quadradas | 1/1600 | 7,5625 cm² |
Medidas de capacidade para secos
Nome | Subdivide-se em | Valor em moios | Equivalência métrica |
---|---|---|---|
Moio | 15 fangas | 1 | 828 l |
Fanga | 4 alqueires | 1/15 | 55,2 l |
Alqueire | 4 quartas | 1/60 | 13,8 l |
Quarta | 2 oitavas | 1/240 | 3,45 l |
Oitava | 2 maquias | 1/480 | 1,725 l |
Maquia | 2 selamins | 1/960 | 0,8625 l |
Selamim | 2 meios-selamins | 1/1920 | 0,43125 l |
meio-selamim | 2 quartos de selamim | 1/3840 | 0,215625 l |
quarto de selamim | 1/7680 | 0,1078125 l |
D. João V Medidas de Volumes |
Medidas de capacidade para líquidos
Nome | Subdivide-se em | Valor em canadas | Equivalência métrica |
---|---|---|---|
Tonel | 2 pipas | 600 | 840 l |
Pipa | 25 almudes | 300 | 420 l |
Almude (1) | 2 potes | 12 | 16,8 l |
Pote | 6 canadas | 6 | 8,4 l |
Canada | 4 quartilhos | 1 | 1,4 l |
Quartilho | 2 meios-quartilhos | 1/4 | 0,35 l |
Meio-quartilho | 2 quartos de quartilho | 1/8 | 0,175 l |
Quarto de quartilho | 1/16 | 0,0875 l |
Balança de Garimpeiro (Brasil) |
Balança de pesar ouro |
Toque de Ouro
Nome | subdivide-se em | Símbolo | Equivalência métrica |
---|---|---|---|
Quilate | 4 grãos | 41,66 milésimas (1/24) | |
Grão | 8 oitavas | 10,42 milésimas (1/96) | |
Oitava | 1,3 milésimas (1/768) |
Pesos, em bronze, para pesar moedas de ouro e/ou prata |
Toque de Prata
Nome
|
subdivide-se em
|
Símbolo
|
Equivalência métrica
|
---|---|---|---|
24 grãos
|
83,33 milésimas
| ||
4 quartas
|
3,47 milésimas
| ||
0,87 milésimas
|
Utilize: Tabelas de Conversão
Balanças Decimais
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