Ilha de São Jorge
O descobrimento e povoamento da ilha estão envoltos
São Jorge - Ilhéu do Topo |
A crise dinástica provocaste pela subida ao trono de Portugal do rei Filipe
II de Espanha teve os seus reflexos em São Jorge , que, como a ilha Terceira, tomou o
partido do pretendente D. António, prior do Crato, só vindo a capitular frente
aos espanhóis após a queda da Terceira, em 1583. Segue-se um período de séculos
em que a ilha se mantém quase isolada, o que se deve atribuir ao abrigo
precário que os seus portos ofereciam aos navios, à sua limitada importância
económica.
Selo comemorativo - Topo 500 anos (1510/2010) |
Mesmo assim é sujeita a ataques de corsários ingleses e franceses
durante os sécs. XVI e XVII e às devastadoras razias dos piratas turcos e
argelinos. No final do séc. XVI, uma secção da esquadra sob o comando de conde
de Essex desembarca na enseada da Calheta. Para a repelir os habitantes
arremessam pesadas pedras - únicas armas de que dispunham - e um soldado
chamado Simão Gato acomete o oficial da força inimiga, derruba-o e arranca-lhe
a bandeira. No séc. XVIII, o corsário francês Du-Gnay-Trouin pilha São Jorge e,
no ano de 1816, um corsário argelino que procurava apoderar-se de um navio
mercante, é rechaçado pelos tiros da fortaleza da Calheta.
Outras calamidades afligem São Jorge. São as privações e crises de alimentos
em maus anos de colheita, desde o séc. XVI ao séc. XIX, os sismos e erupções
vulcânicas de 1580, 1757 e 1808.
O isolamento do passado tem vindo a ser quebrado com as obras realizadas nos
dois principais portos - Velas e Calheta - e o aeroporto, abrindo a São Jorge
novos horizontes de prosperidade e progresso, para o que conta com a integral
utilização dos seus recursos naturais, a expansão da pecuária e dos
lacticínios, da pesca e da indústria de conservas.
Descoberta e povoamento
1902 - Vila das Velas |
Gaspar Frutuoso, sem indicar o ano da descoberta, refere ter sido:
- "(...) achada e descoberta logo depois da Terceira, pois não se sabe com certeza quem fosse o que primeiro a descobriu, senão suspeitar-se que devia ser Jácome de Burgues [sic], framengo, primeiro capitão da Ilha Terceira, que depois acharia a de São Jorge, e, pela achar em dia deste Santo [23 de abril], lhe poria o seu nome, ou por ventura a achou o primeiro capitão de Angra, Vascoeanes Corte Real [João Vaz Corte Real], depois de divididas as capitanias da mesma Ilha."
Fajã das Almas |
Um segundo núcleo ter-se-há localizado na Calheta, com irradiação para os Biscoitos, Norte Pequeno e Ribeira Seca..
Diante do insucesso do povoamento da Ilha das Flores, o nobre flamengo Willen Van Der Hagen (Guilherme da Silveira), por volta de 1480 veio a fixar-se no sítio do Topo fundando uma povoação, e aí vindo a falecer. Os seus restos mortais encontram-se sepultados na capela do Solar dos Tiagos.
Solar dos Tiagos (ruínas) - Vila do Topo |
Fajã Grande |
- em 1500, a povoação das Velas foi elevada a vila e sede de concelho;
- em 1510, a povoação do Topo foi elevada a vila e sede de concelho; e
- em 1534 (3 de Junho), a povoação da Calheta foi elevada a vila e sede de concelho.
Fajã do Norte |
A economia desenvolveu-se em torno da agricultura do trigo, do milho e dos inhames, complementada pela vinha.
Eram importantes também o cultivo do pastel e a colecta de urzela, exportados para a Flandres, de onde eram redistribuídos para outros países da Europa.
Remonta a este período a produção do tradicional Queijo São Jorge, tendo mais tarde Gaspar Frutuoso registado:
- "Há nela muito gado vacum, ovelhum e cabrum, do leite do qual se fazem
muitos queijos em todo o ano, o que dizem ser os melhores de todas as ilhas dos
Açores, por causa dos pastos (...)."
(Da Descrição da Ilha de S. Jorge. in Saudades da Terra, Livro VI, cap. 33)
Fajã de São João
Piratas e corsários
Fajã de Santo Cristo |
Estes últimos promoveram um grande ataque à Calheta em 1599, tendo escravizado habitantes da Fajã de São João em 1625.
No século seguinte, a calmaria foi rompida pelo ataque à vila das Velas pelos corsários franceses sob o comando de René Duguay-Trouin (20 de Setembro de 1708), a caminho do Rio de Janeiro.
Embora a população tenha resistido durante vinte e quatro horas, não conseguiu, no entanto, evitar o desembarque.
Os invasores foram detidos no sítio das Banquetas, impedidos assim de ocuparem e saquearem as povoações vizinhas. Nessa defesa, destacou-se a ação enérgica do Sargento-mor Amaro Soares de Sousa.
A Dinastia Filipina
Diante da crise de sucessão de 1580, a ilha de São Jorge, como a Terceira, declarou-se por D. António I de Portugal, vindo a capitular apenas quando da queda da Terceira, em 1583.A ilha mergulha, a partir de então, num longo período de isolamento, devido em grande parte à precariedade de seus ancoradouros, incapazes de oferecer refúgio adequado às naus, bem como à limitada importância de sua economia.
A Dinastia Filipina sujeitou-a a um regime tributário especial e, no geral, foi relegada a segundo plano.
Os séculos XVII e XVIII
Planta do Inhame |
Em sua origem esteve a ação de Francisco Lopes Beirão que, em 1692 arrematou por três anos em Lisboa, o contrato para cobrança do dízimo das "miunças e ervagens" da ilha pela quantia de 415$000 réis.
O século XVIII foi marcado pelo grande terramoto de 9 de Julho de 1757. Durou dois minutos e causou cerca de 1.000 mortos, 125 dos quais na Vila do Topo, sendo seguido de tsunami de fraca intensidade.
Desde o Topo até à Calheta não houve casa que resistisse sem danos. Nos dias que se seguiram ao sismo surgiram na costa norte da ilha 18 ilhotas resultantes dos deslizamentos de terra e, passados 3 dias, ainda se ouviam os gritos de pessoas soterradas na Fajã de São João. Este foi o maior sismo registado na história da ilha, e ficou conhecido como o "Mandado de Deus".
O século XIX
São Jorge - Velas (Baleação) |
Como nas demais ilhas do arquipélago, em meados do século XIX as vinhas foram devastadas pela filoxera (1850, 1860), período em que a exportação de laranjas trouxe alguma prosperidade à economia da ilha.
Na última década do século, a par com as ilhas vizinhas, inicia-se a caça à baleia.
Do século XX aos nossos dias
Isso abriu a ilha a novos horizontes de desenvolvimento e progresso; para o qual junta-se o aproveitamento dos seus recursos naturais, a expansão da pecuária e pesca, o fabrico do famoso queijo da Ilha de São Jorge.
O grande sismo de 1 de Janeiro de 1980 que atingiu as ilhas Terceira e Graciosa também se fez sentir em S. Jorge. Ocorreu pelas 16:42 (hora local), durou entre 11 a 20 segundos e teve magnitude de 7,2 na escala de Richter e intensidades de VIII na escala de Mercalli na Vila do Topo e em Santo Antão, em S. Jorge, tendo aqui feito, além de extensos danos materiais, 20 vítimas fatais.
Em 9 de Julho de 1998 um forte sismo, que atingiu 5,8 na escala de Richter, causou danos materiais.
1957 - Sobrescrito da visita presidencial a Velas, São Jorge (carimbo comemorativo) |
1941 - Vila de Velas a aguardar a visita do Presidente da República Oscar Carmona |
Património civil humano e agrícola
São Jorge (Mapa) |
Durante os cinco séculos e meio de ocupação humana da ilha o homem marcou profundamente a paisagem; de uma cobertura vegetal dominada pelas florestas da Laurisilva surgem novas marcas na paisagem da ilha. Essas marcas visíveis em vários campos estão na paisagem agrícola, na construção religiosa e também militar.
1572 - Guarida do Forte de Nossa Senhora da Conceição Construído no Reinado de D. Sebastião |
São Jorge - Costa Sul |
Ao nível do património civil, esta ilha mostra as influências recebidas do exterior ao longo dos séculos. Essas influências chegaram a através dos contactos mantidos desde o século XV com várias regiões de Portugal e de outros países conforme a origem dos povoadores. Aqui e ali surgem na paisagem influencias espanholas trazidas eventualmente pelos Ávilas e da Flandres trazidas estas pelo povoador Willem van der Hagen.
Manifestam-se principalmente nas construções mais antigas.
Igreja Matriz de São Jorge |
Vila de Velas (Arquitectura) |
Velas - Coreto (Jardim) |
Este património também está nas adaptações que o homem fez da paisagem, seja por necessidade ou seja pela criatividade, de forma a facilitar a vida quotidiana, numa terra virgem e cujo ambiente nem sempre foi o mais dócil se tivermos em atenção não apenas as erupções vulcânicas, estas por si mesmas grandes transformantes da paisagem, mas também os terramotos, e a datação da própria orografia jovem que origina à queda de falésias, dando estas origem às características fajãs de São Jorge.
Vila do Topo (Império) |
Este património pode ainda ser dividido entre as suas versões "rural" e "urbana", com as suas actuais Vilas (Velas e Calheta) onde a arquitectura urbana mais se faz sentir, sem ainda esquecer o antigo concelho do Topo e a sua principal localidade (Vila do Topo).
Vila da Calheta |
Vila de Velas |
Fonte: Wikipédia
Fajã dos Cubres - Ilha de São Jorge, Açores, uma das 7 maravilhas de Portugal-aldeias! Vencedora das 7 Maravilhas Naturais de Portugal Aldeias, categoria Mar (2017-09-03) |
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