quinta-feira, 4 de julho de 2024

A Ilha do Faial




1844 - Baía da Horta

1375 /1377- Atlas Catalão

Descoberta e povoamento


Vista da Montanha do Pico
através do Forte de Santa Cruz

Na cartografia do século XIV, a ilha aparece pela primeira vez individualizada no Atlas Catalão (1375-1377) identificada como "Ilha da Ventura". Gonçalo Velho Cabral, em 1432, em 1432, terá achado as ilhas do Grupo Central. Diogo de Teive passa ao largo da Ilha do Faial na sua primeira viagem de exploração para ocidente dos Açores, em 1451.

1905 - Vista da Horta
 Em 1460, no testamento do Infante D. Henrique, encontra-se referida como "ilha de São Luís [de França]". O seu atual nome deve-se à abundância das chamadas faia-das-ilhas (Myrica fava) aquando do seu povoamento.

O historiador padre Gaspar Fruruoso afirma que o primeiro povoador da ilha terá sido um eremita vindo do Reino. Este vivia só apenas com algum gado miúdo que na ilha deitaram os primeiros povoadores (em 1432?), e mais tarde, os moradores da ilha Terceira. "Somente no Verão iam pessoas da Terceira a suas fazendas e visitar seus gados e comunicavam com este ermitão". Ele acabaria por desaparecer ao fazer a travessia do canal do Faial para ir até à ilha do Pico, numa pequena embarcação revestida de couro.

O único relato coevo conhecido da primeira expedição à ilha do Faial é de autoria de Valentim Fernandes da Morávia. Ele informa que o confessor da Rainha de Portugal, Frei Pedro, indo à Flandres, como embaixador junto da Duquesa de Borgonha, Infanta D. Isabel de Portugal, relacionou-se com um nobre flamengo chamado Joss Van Hurtere, ao qual contou "como se acharam as ilhas em tal rota e que havia nelas muita prata e estanho (porque para ele, as ilhas dos Açores eram as supostas ilhas Cassitérides)". Hurtere convenceu 15 homens de bem, trabalhadores, "dando a mesmo a entender, de como lhes faria ricos" caso o acompanhassem.

1905 - Faial - Vista dos Flamengos

Por volta de 1465, Hurtere desembarcou pela primeira vez na ilha, com aqueles 15 flamengos, no areal da enseada da Praia do Almoxarife. Permaneceram na ilha durante 1 ano, na Lomba dos Frades, até que se esgotaram os mantimentos que tinham trazido. Revoltados por não encontrarem nada do que lhes fora prometido, os seus companheiros andaram para o matar, e Hurteve valeu-se de esperteza para escapar da ilha, retornando para a Flandres comparecendo novamente perante a Duquesa da Borgonha. (Frei Agostinho de Monte Alverne. Crónicas da Província de São João Evangelista.)

Por volta de 1467, Hurtere regressou numa nova expedição, organizada sob o patrocínio da Duquesa da Borgonha. Ela mandou homens e mulheres de todas as condições, e bem assim como padres, e tudo quanto convém ao culto religioso, e além de navios carregados de móveis e de utensílios necessários à cultura das terras e à construção de casas, e lhes deu, durante 2 anos, tudo aquilo de que careciam para subsistir, segundo legenda feita pelo geógrafo alemão Martin Behaim no Globo de Nuremberga.

Valentim Fernandes acrescenta um pormenor, por rogo da dita Senhora, os homens que mereciam morte civil mandou que fossem degredados para esta ilha.

Igreja de Nossa Senhora das Angústias
Não satisfeito com o local original, Hurtere decidiu contornar a Ponta da Espalamaca. Próximo do local de desembarque mandou erguer a Ermida de Santa Cruz (no local onde hoje existe a Igreja de N. Sra. das Angústias). Hurtere regressou a Lisboa e casou-se com D. Beatriz de Macedo, criada da Casa do Duque de Viseu. O Infante D. Fernando, Duque de Viseu e Mestre da Ordem de Cristo, fez-lhe doação da Capitania do Faial, em 21 de Março de 1468. Por volta de 1470, desembarcou Willem Van Der Haegen, que aportuguesou o seu nome para Guilherme da Silveira, liderando uma segunda vaga de povoadores. O rápido crescimento económico da ilha ficou a dever-se à cultura de trigo e do pastel.

Do século XVI aos nossos dias

No contexto da Dinastia Filipina, na sequência da queda da Terceira após o desembarque da Baía das Mós (1583), D. Álvaro de Bazán enviou para o Faial, último território português que ainda recusava, de armas em punho, obediência a Filipe I de Portugal, uma expedição sob o comando de D. Pedro de Toledo.

1804 - Fortificação da Horta
Repelida pelo fogo do Forte de Santa Cruz da Horta, um corpo de homens de armas desembarcou no sítio do Pasteleiro. Após escaramuças, as forças portuguesas, reforçadas por mercenários franceses foram derrotadas. O Capitão-mor do Faial, António Guedes de Sousa, foi executado às portas do forte.

1903 - Baía da Horta
Subjugada a ilha, aqui foi deixada uma guarnição composta por uma companhia de soldados predominantemente espanhóis, sob o comando de D. António de Portugal.

No ano seguinte (1584), incapaz de controlar a insubordinação dos seus soldados, causada principalmente pela falta de pagamento dos soldos este oficial foi substituído no comando pelo capitão Diego Suarez de Salazar (FRUTUOSO, 1998:109-110).

Essa guarnição impediu, em 1587, com o fogo da artilharia do Forte de Santa Cruz, corsários ingleses de apresar um navio oriundo das ilhas de Cabo Verde, fundeado ao abrigo das suas muralhas.

Poucos anos mais tarde, com o aumento da ameaça inglesa nas águas dos Açores, e visando reforçar as defesas concentradas na Terceira, o Mestre-de-Campo Juan de Horbina, governador do terço espanhol sediado em Angra, escreveu ao rei a questioná-lo sobre a eficácia e o perigo da permanência, na Horta, de uma companhia com apenas 168 soldados em um castelo fraco e sem defesa. Em resposta, foi autorizado a que o destacamento na Horta recolhesse a Angra, transportando consigo a artilharia de bronze, o que foi feito em Abril de 1589, tendo a defesa sido deixada a cargo da Câmara Municipal da Horta, a quem foi confiada a artilharia de ferro, arcabuzes e piques, com algumas munições para levantamento e armamento das companhias de Ordenanças.

1869 - Horta - Fayal


Desse modo, em 20 de Setembro daquele mesmo ano, a armada de corsários ingleses sob o comando de Sir George Clifford, Conde de Cumberland, perante a recusa do recém-nomeado alcaide do Forte de Santa Cruz, Gaspar de Lemos Faria, em pacificamente permitir aguada e o reabastecimento de víveres, fez desembarcar trezentos homens na praia da Lagoa. esta força, durante uma semana saqueou o Faial e ocupou o forte, entretanto abandonado pelo alcaide, tendo levado a artilharia ali deixada pelos espanhóis. A vila seria novamente saqueada, em 1597, por Sir Walter Raleigh, da armada sob o comando de Robert Devereux, 2º Conde de Essex.

1833/1983 - Medalha comemorativa do
150º aniversário da Elevação da Horta a Cidade
No século XIX, no contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), quando da ofensiva liberal do 7º Conde de Vila Flor (1831), ao preparar-se para desembarcar na ilha, surgiu uma corveta miguelista, o que levou o conde de Vila Flor a julgar mais prudente retirar para a Terceira para obter reforços. Retornada a expedição, a ilha foi ocupada pelos liberais. Viria a receber a visita de D. Pedro IV em 1832. Este soberano elevou a então vila da Horta a cidade (a terceira no arquipélago) no ano seguinte (1833).

Nesse período, a sua posição estratégica no oceano Atlântico e a existência de um excelente porto abrigado atraiu, até cerca de 1860, não apenas os navios do comércio da laranja, mas principalmente os baleeiros estadunidentes que aí iam reabastecer-se. Também por essa razão, a ilha tornou-se um centro de ligação dos cabos submarinos que ligavam a Europa à América.

Fonte: Wikipédia




A família Dabney

1859 - Carta expedida de Horta para o Brasil, via Lisboa
(Correio Geral da Corte) por Charles Dabney

Em finais de 1808, John Dabney chegou à Horta com o cargo de primeiro-cônsul para os Açores da jovem república dos Estados Unidos da América. Empresário de visão, em breve criou armazéns que atraíram à Horta navios para abastecimento de mantimentos frescos, reparação de aparelhos e cascos, salientando-se nestes os baleeiros que aqui ficavam um mês para repouso das tripulações e descarga do óleo de baleia.

Ocupava-se também John Dabney, e mais tarde os seus sucessores, da exportação do vinho do Pico, então de grande fama, e da laranja, ao tempo fruto exótico na América, para onde seguiam anualmente milhares de caixas transportadas por navios especialmente fretados.

1855 - Carta expedida em mão a bordo do Vapôr "Açorianno" e franqueada
na Horta (carimbo 49)
A destruição dos vinhedos e laranjais por doenças, na segunda metade do Séc. XIX, e a redução sensível do volume de negócios levaram a que a família Dabney abandonasse a Horta e, portanto, os Açores, em 1892, ficando como vestígios da sua passagem pela cidade as mansões Fredónia e The Cedars e a encanta- dora vivenda Bagatelle, além dos antigos armazéns, situados no istmo que liga o Monte Queimado ao Monte da Guia, no Porto Pim.





O Forte de Santa Cruz

1583 - Ataque ao Forte de Santa Cruz
Local de fixação de Josse Van Huerter - de quem, provavelmente, se perpetua o nome numa transposição para português - que na área do Porto Pim teve o seu solar, a Horta viveu tranquilamente os seus primeiros anos. Em finais do séc. XV é elevada a vila, e em 1583, com a batalha travada, às portas do Castelo de Santa Cruz, entre portugueses e espanhóis, quebra-se esse viver idílico. As incursões dos corsários no séc. XVI e as lutas políticas levam à construção de fortificações que não evitaram, porém, que em 1589 o conde de Cumberland, comandando treze navios, aprese uma nau espanhola e ataque a vila, que é saqueada. Anos depois, em 1597, Sir Walter Raleigh ocupa a Horta. Dá-se, então, novo e terrível saque e o incêndio dos seus principais edifícios.

Colégio dos Jesuítas (ao fundo)
Os Jesuítas, com uma intensa acção no Brasil e no Oriente, escolhem a Horta como local de repouso dos seus fatigados missionários e nela erguem, no séc. XVII, um amplo e majestoso Colégio. Pela vila passa no, séc. XVIII, o explorador inglês Thomas Cook.

O desenvolvimento da caça da baleia traz à Horta, durante todo o séc. XIX, as frotas baleeiras, que se abrigam em Porto Pim para refrescar as tripulações e engajar arpoadores e remadores açorianos, famosos pela sua coragem e destreza.

1939 - Carta registada expedida do Fayal para a América
Nesse período as ruas eram percorridas por marinheiros que quebravam com os seus berros e cantigas avinhadas a tranquilidade nocturna. A construção do cais, iniciada em 1876, atraiu à cidade os navios a vapor, que nele faziam o reabastecimento de carvão.

Uma nova fase da vida do Faial começa em 1893, com a instalação de um cabo submarino ligando a Horta a Lisboa e, daí, a todo o mundo, a que se segue a montagem de outros cabos, transformando a cidade num dos principais centros das comunicações telegráficas da primeira metade do séc. XX. O primeiro voo transatlântico, em 1919, fez escala na Horta, seguindo-se-lhe, de 1939 a 1945, os majestosos «clippers» da Pan American. Base naval nas duas guerras mundiais, a cidade foi um dos portos utilizados pela frota aliada aquando da invasão da Normandia, em 1944.

O canhão "Long Tom".

O canhão "Long Tom", na Horta, preparando-se
para a sua viagem até à América
Na luta entre o brigue corsário americano "General Armstrong" e a esquadra inglesa na baía da Horta, em 1814, um canhão desempenhou um papel decisivo - o "Long Tom". De origem francesa, datado de 1786, fez parte do armamento do navio "Hoche", aprisionado pelos ingleses nas guerras napoleónicas. Vendido aos Estados Unidos, veio a armar, a meio do tombadilho, o "General Armstrong", e as suas salvas destruidoras repeliram os botes da esquadra inglesa até ao afundamento do brigue.

Recuperado do fundo do porto e depois de dezenas de anos de serviço no Castelo de Santa Cruz, veio a ser cedido, em 1892, aos Estados Unidos, que o expõem, em Washington, no Arsenal da Marinha de Guerra.

Os baleeiros e Moby Dick.

Baleação no Faial
Os cascos eram negros como caixões. Os navios tresandavam a óleo e a morte. Eles eram os caçadores do mar, os baleeiros. E vinham todos os anos à enseada do Porto Pim para repousar as tripulações e deixar os barris de óleo de baleia.

A Horta fazia parte da gesta desses homens rudes que partiam de New Bedford para regressarem, anos depois, cansados, doentes e nem sempre ricos. A Horta figurava, por esse motivo, no ciclo rama pintado sobre pano que era exibido, de cidade em cidade dos Estados Unidos, para mostrar a vida dos baleeiros. os seus portos de escala, a sua dura faina. Eram dezenas os baleeiros que, nos meses de Primavera e Verão, se abrigavam por detrás dos Montes Queimado e da Guia.

Herman Melville - Moby Djck

1900 - Baleeiras americanas no porto da Horta

Todos tinham tripulantes açorianos atraídos pelo risco e pela paga, apreciados pela sua resistência e coragem, como aquele jovem Danil que na célebre obra de Herman Melville participa na implacável perseguição à grande baleia branca, a Moby Djck.

Os cabos telegráficos.

Invocados quase diariamente para justificar o bom e o mau tempo nos boletins meteorológicos da Europa e América do Norte, os Açores constituem uma área, a meio oceano, onde se processam alterações da pressão atmosférica que influenciam as condições climatéricas de uma vasta área geográfica. A importância deste fenómeno foi salientada pelo príncipe Alberto de Mónaco nas diversas campanhas de oceanografia que realizou no arquipélago na segunda metade do séc. XIX, o que levou a serem instalados nos Açores observatórios meteorológicos, sendo dos primeiros e o mais importante o instalado na Horta, no Monte das Moças, cujas observações eram transmitidas por cabo submarino, para Lisboa. Londres, Paris, Hamburgo e Washington.


Com a instalação, em 1893, do primeiro cabo telegráfico ligando a Horta a Carcavelos, Portugal, deu-se o primeiro passo para a sucessão de acontecimentos que fariam da cidade um dos maiores centros mundiais de telecomunicações da primeira metade deste século. Ao cabo inicial, montado sobretudo com o objectivo de serem transmitidas observações meteorológicas necessárias à previsão do tempo nos Açores e sua influência na Europa, vieram juntar-se, em 1900, cabos de companhias alemãs e americanas, completadas por novas amarrações em 1903 e 1904. Terminada a Primeira Guerra Mundial são instalados novos cabos em 1924, 1925, 1926 e 1928. Os 15 cabos, que ligavam a Horta às principais capitais do mundo, exigiam pessoal especializado na sua manutenção e operação, para além de instalações técnicas apropriadas.

Ergue-se, assim, no eixo definido pela Rua Cônsul Dabney, um conjunto de edifícios que vem alterar o perfil da cidade e são o testemunho da atmosfera cosmopolita desse período áureo em que as diversas nacionalidades confraternizavam com a população em festas, provas desportivas, passeios pela ilha. Como testemunho dessa época estão os edifícios da companhia alemã DTA, hoje ocupados por organismos governamentais, que mantém a traça inicial, destacando-se a saia de baile, com vitrais, e o núcleo da companhia americana WUT, adaptado a hotel. A evolução tecnológica, ampliando a capacidade de transmissão de mensagens dos cabos telefónicos, o recurso à rádio e, mais tarde, a satélites vieram a determinar a progressiva extinção das companhias que operavam na Horta, realizando-se, em finais de 1969, a cerimónia de despedida da última empresa.




A epopeia dos hidroaviões.

A conquista do ar teve na Horta algumas das suas horas de glória. Tudo começou, em 1919, com a passagem pela cidade do minúsculo e frágil hidroavião "NC4", pilotado pelo americano Albert C. Read, aquando da primeira travessia aérea do Atlânlico Norte, com escalas. Anos mais tarde, outros pilotos - italianos, alemães, americanos, franceses - escolhem a Horta como ponto de escala para as suas tentativas, nem sempre bem sucedidas, de travessia do Atlântico. Em 1929 pousa na Horta o que era então o maior avião do mundo, o «Dornier DO-X», monstro de 30 toneladas e 12 motores, e em 1933 parte da esquadrilha italiana do marechal Balbo no regresso do "raid" aéreo Roma, Chicago, Roma.

Mas é com a passagem pela cidade, nesse mesmo ano, do aviador Charles Lindbergh que a Horta entra na história da aviação comercial. Nesse voo de reconhecimento, por conta da Pan American, o herói da travessia solitária do Atlântico pôde verificar o interesse da cidade come escala das futuras ligações regulares por hidroavião entre a Europa e a América.



A primeira companhia a utilizar a Horta como base de apoio foi a Lufthansa, que, de 1936 a 1938, realizavários voos com o recurso a navios-catapulta. A Imperial Airways (precursora da actual BA - Brilish Airways) e a Air France realizam voos entre 1937 e 1939. Com a introdução dos gigantescos hidroaviões "clipper" pela Pan American, a Horta é, de 1939 a 1945, escala das carreiras regulares entre a Europa e a América.


Fonte: Nina (Blogue)



António José de Ávila
Duque de Ávila e Bolama


António José de Ávila nasceu a 8 de Março de 1807, numa modestíssima habitação da Rua de Santo Elias, da freguesia da Matriz da então vila da Horta, Ilha do Faial, Açores, filho de Manuel José de Ávila, sapateiro de ascendência picoense, e de Prudenciana Joaquina Cândida, lavadeira, oriunda de famílias pobres da Matriz da Horta.

Dos dez filhos do casal, apenas quatro sobreviveram até atingir a idade adulta, o que diz das condições de vida da família. Entre os filhos que atingiram a idade adulta, António José, o futuro duque, era o rapaz mais velho, apenas precedido por sua irmã Joaquina Emerenciana (nascida em 1804). Os outros sobreviventes foram Maria do Carmo (nascida em 1815) e Manuel José, o último filho do casal (nascido em 1817).

Durante a infância de António José as condições económicas da família melhoraram substancialmente, tendo o pai enveredado pelo comércio e conseguido amealhar alguns recursos. Tanto assim é que, quando António José termina com excepcional brilho os poucos estudos então disponíveis no Faial, já o pai dispunha de meios suficientes para lhe permitir estudos fora da ilha, o que então era privilégio de poucos.
Brasão do Duque de Ávila e Bolama

Assim, com apenas 15 anos, Ávila matriculou-se na Universidade de Coimbra, onde estudou filosofia natural e os preparatórios de Matemática. Frequentou também naquela Universidade o primeiro ano de Medicina. Dos tempos de estudante não se lhe conhece qualquer militância política.

Com o início da Guerra Civil de 1832-34, regressou aos seus Açores, onde se achava o governo liberal no exílio, tornando-se um político local de grande sucesso.

Após o fim da guerra (1834, foi eleito pela primeira vez para as Cortes, pelo círculo dos Açores; durante 26 anos consecutivos, foi deputado da Nação ao Parlamento.

Com o fim dos ciclo de governos setembristas (com a subida ao poder, pela primeira vez, do cartista Joaquim António de Aguiar, em 1841. Ávila tornou-se ministro das Finanças, cargo que manteve durante os governos de Costa Cabral e do Duque da Terceira. Só com a subida ao poder de Saldanha, abandonou o governo. Em 1857, no primeiro governo do Duque de Loulé, voltou a assumir a pasta da Fazenda.

Por Alvará de Mercê Nova de 9 de Outubro de 1860, concederam-se a António José de Ávila as seguintes Armas de Ávila: esquartelado, o 1.º e o 4.º de ouro, com uma águia estendida de negro, o 2.º e o 3.º de prata, com três faixas de vermelho, acompanhadas de quatro olhos sombreados de azul, alinhados em banda; timbre: a águia do escudo.

1941 - Sobrescrito comemorativo do 1º voo de Horta
para Bolama (Guiné Portuguesa)
Quando, em 4 de Janeiro de 1868, se deu a Janeirinha, que pôs termo ao governo de coligação a que presida Joaquim António de Aguiar, Ávila foi chamado a exercer as funções de presidente do Conselho.

Enquanto chefe de governo, Ávila revogou o imposto que causara a impopularidade e queda do governo anterior, mas tal agravou as dificuldades financeiras do Estado, pelo que acabaria por cair em 22 de Julho do mesmo ano.

Voltaria ainda a ser ministro das Finanças, e de novo presidente do Conselho entre 29 de Outubro de 1870 e 13 de Setembro de 1871, altura em que foi substituído por Fontes Pereira de Melo. Foi então designado para presidir à Câmara dos Pares, em substituição do Duque de Loulé.

Em 1877, devido ao descontentamento popular, o governo Fontes caiu, e Ávila foi de novo chamado a formar governo, o qual durou dez meses, até Fontes voltar ao Poder.

No ano seguinte, foi nobilitado com o título de 1.º Duque de Ávila e Bolama, em recompensa pelos serviços prestados ao País, e como gratificação pelas negociações por si encetadas, tendo em vista a posse da ilha de Bolama, na Guiné,, por Portugal.


Dr. Manuel D'Arriaga



Manuel José de Arriaga Brum da Silveira e Peyrelongue (Horta, 8 de Julho de 1840 - Lisboa, 5 de Março de 1917) foi um advogado, professor, escritor e político de origem açoriana. Grande orador e membro destacado da geração doutrinária do republicanismo português, foi dirigente e um dos principais ideólogos do Partido Republicano Português. A 34 de Agosto de 1911 tornou-se no primeiro presidente eleito da República Portuguesa, sucedendo na chefia do Estado ao Governo Provisório presidido por Teófilo Braga. Exerceu aquelas funções até 29 de Maio de 1915, data em que foi obrigado a demitir-se, sendo substituído no cargo pelo mesmo Teófilo Braga, que como substituto completou o tempo restante do mandato.

Manuel de Arriaga nasceu na casa do Arco, no centro da cidade da Horta, filho de Sebastião José de Arriaga Brum da Silveira e de sua esposa Maria Cristina Pardal Ramos Caldeira. Pertencente à melhor sociedade faialense, o pai era um dos mais ricos comerciantes da cidade, último administrador do morgadio familiar e grande proprietário. A família, com pretensões aristocráticas, traçava as suas origens até ao flamengo Joss Van Aard, um dos povoadores iniciais da ilha. Foi neto do general Sebastião José de Arriaga Brum da Silveira, que se distinguira na Guerra Peninsular, e sobrinho-neto do desembargador Manuel José de Arriaga Brum da Silveira, que em 1821 e 1822 fora deputado pelos Açores às Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa.











O Vulcão dos Capelinhos

Primeira fase eruptiva

De 16 a 27 de Setembro de 1957, registou-se uma crise sísmica na ilha com mais de 200 sismos, de intensidade não superior a grau V da Escala de Mercalli. No dia 23 de Setembro de 1957, a água do mar começou a fervilhar. Três dias depois, a actividade aumentou intensamente havendo emissão de jatos negros de cinzas vulcânicas com cerca de 1 000 metros de altura (atingindo a altitude máxima de 1 400 metros) e uma nuvem de vapor de água que subia por vezes a mais de 4 000 metros.

A 27 de Setembro, teve início pelas 06.45 horas uma erupção submarina, a 300 metros da Ponta dos Capelinhos (ou seja, a 100 metros dos Ilhéus dos Capelinhos). A partir de 13 de Outubro, a emissão de gases e as explosões de piroclastos, ainda que violentas, passaram a ser menos frequentes. Estas foram rapidamente sucedidas por explosões violentas, atirando bombas de lava e grandes quantidade de cinzas para o ar, enquanto que, por baixo, correntes de lava escorriam para o mar. A erupção continuou intensa até 29 de outubro, com constantes chuvas de cinzas sobre o Faial que destruíram culturas agrícolas e forçaram a evacuação das populações das zonas mais próximas do vulcão.

A erupção evoluiu formando primeiro uma pequena ilha a 10 de Outubro, chamada de "Ilha Nova" (ou "Ilha dos Capelinhos", e ainda, "Ilha do Espírito Santo"), com 600 metros de diâmetro e 30 metros de altura, ficando com a cratera aberta ao oceano. Dada a temperatura, a emissão de materiais revelou um tom acinzentado. A ilha atingiria por fim os 800 metros de diâmetro e 99 metros de altura. Esta primeira pequena ilha afundou-se na cratera, no dia 29 de Outubro.

Munido da sua câmara de filmar, Carlos Tudela e Vasco Hogan Teves, repórteres da RTP, desembarcaram a 23 de Outubro na ilha recém-nascida, na vertente do vulcão activo. Acompanhado do jornalista Urbano Carrasco, do Diário Popular, arriscaram as suas vidas num pequeno barco a remos (movido por Carlos Raulino Peixoto) para colocar a bandeira nacional na "Ilha Nova".


Segunda fase eruptiva

A 4 de Novembro de 1957, a erupção vulcânica recomeça e rapidamente se formou uma nova ilha. Com a formação de um istmo, no dia 12 de Novembro, a ilha ligou-se à ilha do Faial. A actividade eruptiva aumentou progressivamente, atingindo o seu máximo na primeira quinzena de dezembro, surgindo um segundo cone vulcânico. A 16 de Dezembro, depois de uma noite de chuvas torrenciais e abundante queda de cinzas, cessou a actividade explosiva e começou a efusão de lava incandescente, a que se juntaram, três dias depois, as explosões com jactos de cinzas e muitos blocos de pedra. Precisamente no dia 29 de Dezembro, a actividade eruptiva conheceu uma nova e breve pausa.

Terceira fase eruptiva

De janeiro a abril de 1958, reapareceram jatos pontiagudos de cinzas, geralmente acompanhados de fumos brancos ou acastanhados. Em março, os Ilhéus dos Capelinhos já haviam desaparecido definitivamente sob manto das cinzas e areias, tendo estas formado dois areais de apreciável dimensão, chegando a atingir vários metros de espessura junto ao farol e nas áreas adjacentes, o que levou ao soterramento de casas e à ruína dos telhados de muitas habitações próximas, ainda hoje visíveis.




No início de 1958, John Scofield, repórter da revista National Geographic, e o famoso fotógrafo Robert F. Sisson, passaram um mês a documentar as várias fases da erupção.

Depois da violenta crise sísmica na noite de 12 para 13 de maio, em que houve mais de 450 sismos, a erupção dos Capelinhos sofreu reajustamentos profundos no edifício vulcânico e na estrutura tectónica. A partir de 14 de Maio, a actividade passou ao tipo estromboliano, com fortes ruídos, acompanhados de ondas infra-sónicas que fizeram estremecer portas e janelas em toda a ilha e, por vezes, nas ilhas próximas, e com a projecção de fragmentos de lava incandescente que iam a mais de 500 metros de altura. Também nesse dia, surgiram fumarolas no fundo da Caldeira (vulcão central da ilha), que emitiam vapor de água com cheiro a enxofre e com lama em ebulição.

A erupção constituiu "um espectáculo grandioso", um misto de belo e horrendo que jamais será esquecido por quem o presenciou. É legado transmitido para as gerações seguintes. A erupção prosseguiu por mais uns meses, consistindo em explosões moderadas do tipo estromboliano com várias correntes de lava, a última das quais a 21 de Outubro, sendo observado no dia 24 de Outubro, pela última vez a emissão de fragmentos incandescentes.





Assembleia Legislativa Regional


1987 -  Projecto do arquitecto Manuel Correia Fernandes

A Assembleia Legislativa Regional dos Açores localiza-se na cidade e concelho da Horta, na ilha do Faial. Constitui-se no órgão legislativo e de fiscalização parlamentar da Região Autónoma dos Açores.


1859/2009 - 150 anos da
Sociedade "Amor da Pátria"

Sociedade Amor da Pátria
Funcionou, desde a inauguração da autonomia até 1980 no edifício da loja maçónica "Sociedade Amor da Pátria" e, dessa data até 1990, em local vizinho à atual sede, no local onde existiu a chamada "colónia alemã".

Hoje encontra-se instalada num edifício de linhas contemporâneas, construído de raiz com essa finalidade com projeto do arquiteto Manuel Correia Fernandes, e inaugurado em junho de 1990. Exteriormente apresenta características minimalistas. No seu interior destaca-se a sala do plenário, no centro do edifício, iluminada por uma grande cúpula central, visível do exterior.

1986 - 10 anos da ALRA


1895/1995 - 100 anos de Autonomia

1976/1996 - 20 anos da ALRA

1 comentário: