segunda-feira, 18 de março de 2024

Duque da Terceira (1792-1860)




 *** DUQUE DA TERCEIRA ***

~ António José Severim de Noronha ~

A 18 de março de 1792, nascia o 1º Duque da Terceira, símbolo da luta liberal contra o Absolutismo e comandante dos liberais. Foi o grande responsável pela preparação das tropas na Terceira e pelo desembarque no continente português. Foi nomeado Capitão-General dos Açores por carta régia em abril de 1829, por D. Maria II, ainda exilada, para defender o único baluarte liberal no país. Não sendo terceirense, acabou por abraçar o povo local, que se rendeu aos seus ideais e apoiou-o na luta pela Liberdade.
D. António José de Sousa Manuel de Meneses Severim de Noronha nasceu em Lisboa e com apenas dois anos de idade perdeu o pai, sucedendo-lhe, então, como Conde de Vila Flor. A Europa absolutista caía e os ideais franceses de Liberdade, Igualdade e Fraternidade ecoavam por todo o lado. Assim, o futuro Duque da Terceira cresceu em plena difusão dos ideais liberais e participou nas Guerras napoleónicas, tendo sido agraciado pelo seu empenho e bravura.



Durante os anos seguintes, desempenhou vários cargos, sendo nomeado Par do Reino, aquando da promulgação da Carta Constitucional de 1826 e depois Governador das Armas da Província do Alentejo, tendo logo de reprimir algumas insurreições militares que se levantaram a favor do Absolutismo. Começava a sua luta pelo Liberalismo. No Alentejo, Vila Flor comandou o exército, repelindo os absolutistas em várias zonas do país. As vitórias valeram-lhe o título de Marquês de Vila Flor e a nomeação para governador das armas do Porto. Com a chegada de D. Miguel a Portugal, o Absolutismo ganhou força e Vila Flor foi demitido, saindo de Portugal. Era a época do seu exílio em Inglaterra. Portugal sucumbia ao Miguelismo.


A Ilha Terceira que se tinha tornado o último baluarte do Liberalismo, passou a atrair Vila Flor, que pretendia continuar a sua luta. O Duque de Saldanha, próximo de Vila Flor, partiu para a Ilha e este depois juntou-se a Saldanha. O Duque de Palmela, outro liberal, nomeou-o Capitão-General dos Açores. Vila Flor conseguiu escapar aos britânicos e instalar-se na Terceira. A sua primeira ação foi terminar com as discórdias e divisões locais, aproximando-os para a defesa da causa liberal. A seguir, organizou-se a resistência aos ataques de D. Miguel. Mouzinho da Silveira era nomeado secretário militar, assim como o barão de Monte Pedral, chefe do estado-maior. Eram homens capazes.


Na atual Rua Direita, junto à Praça Velha, foi fixada a residência de Vila Flor. Este começou a reorganizar as tropas.



A 11 de agosto de 1829, na famosa Batalha da Praia, os Miguelistas tentaram invadir a Ilha, Vila Flor conseguiu organizar uma boa defesa, restaurando a linha de fortes da Terceira. Começava um novo ciclo de vitórias, que fariam de Vila Flor um comandante de prestígio. Os meses seguintes foram de criação constitucional, tentando definir-se a política para o futuro.



Foi criada a Regência de Angra, que orientou os destinos dos liberais até à chegada de D. Pedro à Terceira. Angra era a capital da Monarquia Constitucional.




A Regência emitiu várias proclamações e 65 decretos, sobretudo pelas mãos de Mouzinho da Silveira, que depois de 1834, tornar-se-iam nacionais.


Em abril de 1831, a Regência avançou para as restantes ilhas. Era preciso difundir o Liberalismo e trazer o restante arquipélago para a causa liberal, antes de se passar para o continente. Vila Flor esteve ao comando das conquistas, pondo fim às resistências. Com o apoio de D. Pedro IV, que depois de abdicar do trono português e posteriormente do brasileiro, tornou-se Duque de Bragança, chegando à Terceira a 3 de março de 1832. Vila Flor ultimou o desembarque no continente, tendo comandado os “Bravos do Mindelo”. O Liberalismo começava a afirmar-se.



Em nome de todo o seu empenho para a causa liberal, Vila Flor foi elevado, a 8 de novembro de 1832, a Duque da Terceira, ligando-se o seu futuro ao da Ilha que bem o acolhera e que tivera ao seu lado. O 1º Duque da Terceira participou nos principais momentos da Guerra Civil, liderando as tropas que libertaram Lisboa em 24 de julho de 1833, estando também ao lado de D. Pedro aquando da abdicação do trono por D. Miguel. D. Maria II era novamente rainha e o Liberalismo triunfara.



O papel de Vila Flor, depois de 1834, passou pela política, liderando vários governos, além de ter sido agraciado com inúmeras distinções honoríficas e condecorações. Morreu em 1860, sem descendência, mas com uma vida recheada de feitos. E, em nome de todo o seu empenho, foi inaugurada uma estátua em sua homenagem, junto a uma praça que recebeu seu nome, a 24 de julho de 1877, exatos 44 anos depois da libertação de Lisboa do jugo absolutista.



O Duque da Terceira foi um importante comandante e homem do Liberalismo, sendo uma das mais importantes figuras daquele tempo. É um dos heróis das Lutas Liberais e manteve sempre uma forte ligação com a Terceira, onde desenvolveu boas relações e soube manter o apoio em torno da sua figura.


O Duque da Terceira foi um importante comandante e homem do Liberalismo, sendo uma das mais importantes figuras daquele tempo. É um dos heróis das Lutas Liberais e manteve sempre uma forte ligação com a Terceira, onde desenvolveu boas relações e soube manter o apoio em torno da sua figura.



A imagem do Duque da Terceira perdeu-se. Poucos são os terceirenses que conhecem as façanhas deste grande português, que desempenhou um papel relevante na Ilha e na manutenção e difusão dos ideais liberais. Devia haver uma maior homenagem ao 1º Duque da Terceira.

Devemos incentivar a imagem de homens que lutaram pelos seus ideais e que, mesmo em momentos de crise, não se deixaram abater e que fizeram muito pela história da Terceira e de Portugal.

Fonte: Francisco Miguel Nogueira



*** MEMÓRIA INCENTIVA ***

Comandante das tropas de Lisboa em 1827.

Apoia a revolta contra D. Miguel e participa na belfastada em 1828.

Parte do Havre em 5 de Junho de 1829 e chega à ilha da Terceira no dia 22 de Junho.

Faz parte da regência coletiva estabelecida em Angra por D. Pedro em 15 de Junho de 1829.

A 11 de Agosto de 1829 lidera a Batalha da Praia na ilha Terceira.

A partir de 1832, agraciado com o título de duque da Terceira.

Comanda as tropas pedristas que ocupam Lisboa em 24 de Julho de 1833.

Ministro da guerra no governo de Palmela entre 24 de Setembro de 1834 e 20 de Março de 1835, onde é substituído pelo conde de Vila Real.

Presidente do governo e ministro da guerra de 19 de Abril a 10 de Setembro de 1836.

Membro da Associação Eleitoral do Centro que concorreu às eleições de 1838.

Presidente do conselho de 9 de Fevereiro de 1842 a 20 de Maio de 1846, acumulando sempre a pasta da guerra.

Ministro da guerra e da marinha no governo de Palmela, entre 20 e 26 de Maio de 1846.

Presidente do conselho de 26 de Abril a 1 de Maio de 1851.

Presidente do conselho de 16 de Março de 1859 a 26 de Abril de 1860.

Faleceu em 26 de Abril de 1860.


A 8 de abril de 1864 era lançada à água a corveta mista "Duque de Terceira".

A SUA CONSTRUÇÃO FOI ORDENADA, EM PRINCÍPIOS DE 1863, PELO MINISTRO DA MARINHA, JOSÉ DA SILVA MENDES LEAL, JUNTAMENTE COM A DA CORVETA DUQUE DE PALMELA (1864-1913). CONSTRUÍDA EM MADEIRA, TECA E CARVALHO COM FORRO DE COBRE, NO ARSENAL DA MARINHA, EM LISBOA, FOI LANÇADA À ÁGUA EM 8 DE ABRIL DE 1864. ERA SEMELHANTE ÀS CORVETAS SÁ DA BANDEIRA (1862-1884) E INFANTE D. JOÃO (1863-1878), QUE TINHAM SIDO ANTERIORMENTE LANÇADAS À ÁGUA E TAMBÉM CONSTRUÍDAS NO ARSENAL DO ALFEITE.

Entre 1866 e 1867 partiu para Inglaterra a fim de receber algumas alterações. Em 1872 largou para a Estação Naval de Angola, e em 1879 seguiu em socorro da Guiné. Visitou a América do Sul e tomou parte na campanha dos namarrais em 1897 e na Gaza, em Moçambique. Regressou a Lisboa no ano seguinte, e a partir daí apenas efetuou viagens de instrução.

Em 29 de Março de 1906 passou ao estado de desarmamento e em maio ainda foi mandada servir de depósito de praças do Corpo de Marinheiros. Foi vendida em 16 de maio de 1911, em Lisboa, por ser considerada inútil. 


Fonte: CCM - Comissão Cultural da Marinha



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