CHRONICA DA TERCEIRA
– A “Chronica da
Terceira” foi a publicação que deu origem à imprensa nos Açores, em 1830, e a
sua primeira edição teve dois números 1 devido a “razões políticas”, segundo o
historiador terceirense Jorge Forjaz.
“A questão centrou-se no que hoje chamamos de editorial e que naquela época
definia as intenções da publicação que defendia só escrever as verdades sem
manipulações ou subjugações o que não terá caído muito bem junto das
autoridades”, explicou o historiador.
Segundo Jorge Forjaz, “da edição de 14 de Abril de 1830 resta um único exemplar em todo o mundo [que está em sua posse por herança], que foi retirado de circulação e impresso um novo número um três dias depois (17 de Abril) com diferenças muito subtis”.
A “Chronica da Terceira”, redigida por Simão José da Luz Soriano, tinha quatro páginas e surgiu “objectivamente para publicar as leis do governo da regência de D. Maria II”, adiantou Jorge Forjaz.
“Estamos em plena época liberal, o país é todo miguelista (absolutista) excepto a ilha Terceira de onde, depois, viriam a iniciar a marcha para
o Mindelo os liberais de D. Pedro IV”, recorda o actual proprietário do jornal.
O proprietário do referido primeiro número um da “Chronica da Terceira” foi um
bibliotecário, João Francisco de Oliveiras Bastos, genro do morgado Teotónio de
Ornelas, chefe do Partido Liberal na ilha Terceira.
A tipografia onde foi impresso esteve primeiro localizada no Castelo de São
João Baptista, tendo sido, algumas semanas depois, transferida para uma casa na
Rua da Sé, de que hoje é proprietário Jorge Forjaz.
“A tipografia passou depois a ser usada pela Câmara Municipal que quando a desactivou, já nos finais do século XIX, arrumou-a no sótão até que uma prestimosa vereação municipal a deitou para o lixo”, admira-se com ironia.
Quanto à casa, terminado conflito que opôs liberais e miguelistas, “foi vendida em hasta pública – hoje dir-se-ia nacionalização – tendo sido mais tarde adquirida pelo seu trisavô, Bento José de Matos Abreu”, revelou Jorge Forjaz.
Lamenta que “não exista um estudo profundo sobre a história da imprensa açoriana” e, sublinha que “então dos últimos 80 anos penso que não há absolutamente nada”.
Jorge Forjaz cita o “Dicionário Cronológico dos Açores”, da autoria de Porfírio Bessone, para realçar que “entre 1832 e 1932 existiram nos Açores 702 publicações periódicas, em todos os concelhos excepto no Corvo”.
“O isolamento e a divisão geográfica das ilhas foram os factores de proliferação de tantas publicações de periodicidade e duração muito variáveis que traziam pequenas notícias, divertimentos, reivindicações e até discussões políticas”, acrescentou.
Jorge Forjaz relembra ainda que “foi com essa imprensa que se realizaram os debates políticos e que se contactou com os primeiros grandes romances que ali eram transcritos em folhetins”.
“Os jornais supriam, e muito, a deficiência de bibliotecas públicas, assumindo-se também como veiculo de literatura especialmente nos mais letrados em cujas residências não era raro encontrarem-se conhecidas revistas estrangeiras”, diz.
Na sua opinião, ao contrário dos dias de hoje, “os antigos jornais locais de então distinguiam-se pela atenção que davam à vida quotidiana publicando aspectos da vida da sociedade local como de quem se formava na universidade, quem tinha falecido, quem se baptizava e casava”.
Autor do texto: João Manuel Aranda e Silva, jornalista.
TIPOGRAFIAS DE ANGRA
Sabiam que, com o advento do liberalismo, existiram umas quantas tipografias em Angra?
Através das capas de alguns livros podemos saber os nomes de algumas.
Provavelmente outras terão existido.
Desta lista só uma tipografia ainda resiste.
. Imprensa de J. J. Soares
. Imprensa do Governo
. Imprensa Joaquim José Soares
. Imprensa Municipal
. Tipografia Açor
. Tipografia Andrade
. Tipografia Angrense
Tipografia Católica Açoreana
. Tipografia do Governo Civil
. Tipografia Editora Açoreana
. Tipografia Fidelidade
. Tipografia Insulana Editora
. Tipografia M. J. P. Leal
. Tipografia Minerva
. Tipografia Minerva Cunha
. Tipografia Minerva da Livraria Religiosa
. Tipografia Moderna ( Luís Cruz )
. Tipografia Moderna José Cruz
. Tipografia Sousa & Andrade
. Tipografia Terceirense
. União Gráfica Angrense
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