quarta-feira, 6 de março de 2024

GLORIETA A JOSÉ DIAS










Glorieta à Rendição do Castelo



A construção deste monumento partiu de uma iniciativa do Coronel João Miguel Rocha de Abreu, antigo comandante do então BI17, sendo uma oferta que o Ministro da Defesa Nacional fez ao batalhão angrense. Invoca a memória do terceirense José Dias, combatente e herói da Restauração, que preferiu morrer de pé a viver de rastos. José Dias foi soldado no cerco que se fez ao Castelo de são João Batista, onde estavam sitiados os espanhóis. Numa das investidas feitas pelo inimigo às trincheiras do cerco, foi capturado pelos castelhanos e enquanto era levado para a fortaleza foi forçado por estes a dar vivas ao El-Rei Filipe III de Castela. Como resposta, aclamou de todas as vezes D. João IV como rei de Portugal e seu rei. Caiu morto na ladeira que sobe para a entrada principal do castelo. A indicar o suposto local onde José Dias tombou foi erigido este monumento, numa homenagem a este e a quantos perderam a vida para libertar o último reduto inimigo.





Este monumento encontra-se erguido na ladeira que dá acesso à entrada principal da Castelo de São João Batista. Foi inaugurado em ato festivo a 21 de Julho de 1957, estando presentes as mais altas autoridades militares, civis e eclesiásticas da ilha. A cerimónia de inauguração iniciou-se aqui com o Juramento de Bandeira dos novos soldados do BI17. Após o discurso improvisado do comandante do BI17 major Teixeira Pinto, o Governador do Distrito José Luís Abecassis descerrou a lápide comemorativa encastrada na pedra que contém o escudo e coroa real, coberta pela bandeira nacional. O efetivo militar no local apresentou armas, e a fanfarra do BI17 executou a marcha de continência.




O monumento foi edificado em alvenaria, com soco, cunhais e cimo em cantaria de basalto, com uma cruz também em basalto no ponto mais elevado e diversos apontamentos tudo em cantaria de basalto. O centro é um pano de parede rebocado e pintado de branco que começou por ostentar apenas, na metade superior, uma peça esculpida também a cantaria onde consta a coroa real, o escudo com as armas portuguesas e abaixo uma placa metálica, ao jeito de cartela, com os dizeres: 

“ANTES MORRER LIVRES / QUE EM PAZ SUJEITOS / AO VALOR E PATRIOTISMO DOS / TERCEIRENSES / SIMBOLIZADO EM JOSÉ DIAS / QUE AQUI MORREU POR / PORTUGAL / 1.8.1641”. 

Afastado cerca de 1 metro do monumento foram colocadas duas pequenas colunas em pedra que suportam correntes metálicas, a delimitar e proteger o espaço mais próximo do monumento.




Em 2017 por ocasião da comemoração do 375º aniversário da Rendição foram inauguradas algumas beneficiações introduzidas pela Câmara Municipal de Angra do Heroísmo: na metade inferior foi afixada uma coroa de louro, em metal, que encerra no seu centro uma placa também em metal com a data: “6 DE MARÇO DE 1642”, data que marca a saída dos soldados castelhanos do castelo, comandados por D. Álvaro Viveiros.



Haviam-se rendido já dois dias antes, depois de 11 meses de cerco. Por baixo foi colocada outra placa, de grande dimensão, que contém o seguinte trecho do “Sermão das Exéquias do Augustíssimo Rei D. João IV” de 1657: “Apontou para todas as ilhas, vieram as Ilhas todas. Só restava o fortíssimo e inexpugnável Castelo da Terceira governado e presidiado de Castelhanos, e quatro vezes socorrido de Castela; aplicou Deus a mão, e rendeu-se o Castelo, não a sítio de Capitães, e soldados pagos, senão ao que por mar, e por terra lhe fizeram os moradores, e lavradores com assombro do Mundo; no princípio dos sítios não tinham mais que um barco, e no cabo dele defendiam as entradas do mar com nove navios de guerra, tomados todos aos castelhanos.” Das beneficiações consta ainda o remate do topo das colunas com esferas metálica e a colocação no pavimento do espaço delimitado pelas correntes de 3 lajes de granito, cada qual gravada com um excerto de textos históricos alusivo à rendição dos Castelhanos, das obras de referência dos autores Francisco Ferreira Drummond, Pe. António Cordeiro e Pe. Manuel Luís Maldonado.

Fonte: Paulo Barcelos – CMAH



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