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Fui criada para resolver o problema da saída de moeda de ouro de boa qualidade do país, substituída depois por moeda estrangeira de menor valor. A Corte decidiu então produzir uma nova tipologia de Cruzados (400 Reais), com menor liga e maior peso, cunhados nas oficinas de Lisboa e Porto entre 1540 e 1555.
O meu nome advém da cruz que ostento no reverso, erguida sobre o monte sagrado onde Cristo foi crucificado, um símbolo de grande relevância espiritual e histórica. Esta imagem está igualmente associada à Inquisição, instituída em Portugal por D. João III. |
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CAVALINHO
Nasci para assinalar a Batalha de Ourique, um dos momentos decisivos da História de Portugal. Com um valor facial de 10 escudos, fui concebida por Simões de Almeida (sobrinho) e gravada com mestria por Alves do Rego, cujo talento fez de mim uma das mais belas moedas portuguesas. Cunhada entre duas grandes guerras, estou também ligada à construção de um memorial erguido pelos militares em Vila Chã de Ourique, dedicado ao mesmo tema que me define. O lucro proveniente da minha amoedação foi utilizado para financiar essa obra.
Com o tempo, passei a ser conhecida como "Cavalinho" entre colecionadores e numismatas, numa alusão à imagem de D. Afonso Henriques a cavalo, nome que me acompanha até hoje. |
Chamam-me “Roda”, pois no meu reverso ostento a imagem de uma roda de navalhas, símbolo da tortura de Santa Catarina, padroeira de Goa, uma das mais importantes cidades da Índia Portuguesa. Fui produzida através do processo de fundição, em diversos tamanhos e valores com equivalência ao Bazaruco, moeda amplamente utilizada na região. Circulei pelos territórios da Ásia Oriental sob domínio português, não apenas como meio de troca, mas também como um instrumento de evangelização, evocando uma história de fé e coragem, fundamental na disseminação dos valores cristãos entre a comunidade.
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Na gíria chamavam-me Loura, nome que ecoava pelas ruas de Lisboa e do Porto. Acredita-se que o termo tenha surgido devido à cor dourada do metal que me compunha, evocando o tom do cabelo do retrato da Rainha Vitória de Inglaterra. Fiquei também conhecida como Vitelo, Lamira, Sonaca, Macaca e Prego, e continuei a circular durante os reinados de D. Pedro V e D. Luís I, desaparecendo apenas às vésperas da Primeira Grande Guerra. Com um valor constante de 4500 réis, fui ainda transformada em pendentes, fios e outros adornos, usados ao peito e no pescoço, que me tornaram um símbolo visível de fortuna e ostentação. Refleti, assim, o poder económico e o prestígio dos meus portadores, que me utilizavam não apenas como meio de pagamento, mas também para exibir riqueza e status. «Moedas Portuguesas: Nomes que contam histórias» é uma iniciativa conjunta do Museu Casa da Moeda e do Fundo de Numismática Luís Pinto Garcia. __ «Moedas Portuguesas: Nomes que contam histórias» é uma iniciativa conjunta do Museu Casa da Moeda e do Fundo de Numismática Luís Pinto Garcia. |

Sou a «Zuca», a moeda de 2$50 que circulou em Moçambique e ganhou este nome entre os povos indígenas. Nasci em 1935, cunhada em prata, quando o governo português
decidiu substituir o papel-moeda e as numerosas cédulas que dominavam o comércio.
Em 1938 voltei a ser cunhada, agora com o novo brasão da colónia, e nos anos 50 deixei a prata e passei a ser fabricada em cuproníquel. A minha legenda mudou para simplesmente «Moçambique», refletindo a nova designação do território. Também fui conhecida por «5 Coroas», numa alusão às cinco torres do brasão que ostento.
Fiz parte do quotidiano de muitos, paguei salários, compras e promessas. Hoje sou apenas uma memória, mas guardo a história de um tempo que já passou.
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