Carimbo comemorativo Oferta dos CTT |
Selo personalizado Emissão do NFAH |
Bilhete-postal Edição do NFAH |
Programa das comemorações |
Catálogo da exposição Edição da CMAH |
Revista Atlântida Reedição do IAC (1971) |
Sr. Paulo Mendonça - Autor dos desenhos Dr. Álamo de Meneses - Presidente da CMAH António Armindo Couto - Presidente do NFAH Sr. Raúl Castro - Representante dos CTT |
Reportagem fotográfica
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Reportagem da RTP Açores
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A CIMEIRA DOS AÇORES
(13 de Dezembro de 1971)
Estalagem da Serreta - Terceira |
A Cimeira dos Açores Lajes, em dezembro de 1971, na ilha açoriana da Terceira foi o centro do mundo.
Foi numa estalagem hoje abandonada que Marcelo Caetano recebeu os presidentes americano e francês, Nixon e Pompidou, numa cimeira para enfrentar a crise económica da altura.
Bilhete Postal de Boas Festas comemorativo da chegada do Presidente George Pompidou à Ilha Terceira a bordo do Concorde |
O presidente francês Georges Pompidou chegou aos Açores debaixo de uma chuva torrencial que deixou os anfitriões e dezenas de repórteres e operadores de câmara à sua espera na pista com água pelos tornozelos. Mas naquele domingo, 12 de dezembro de 1971, os presentes tiveram o privilégio de ser dos primeiros mortais a verem a aterragem do avião mais avançado do mundo: o supersónico Concorde, então ainda em voos experimentais, usado por Pompidou para exibir o prestígio de uma França que então se assumia como líder da Europa.
Chegada à Terceira do Presidente Nixon a bordo do Air Force One |
Horas depois, já de noite, Richard Nixon teve mais sorte com o tempo: ele e o seu inseparável conselheiro de segurança, Henry Kissinger (que em breve seria promovido a secretário de Estado), desceram do Air Force One saudados por um céu limpo. Marcelo Caetano ainda tinha o sobretudo cinzento-escuro encharcado mas exultava de alegria. Há muito que um chefe de governo português não aparecia na alta-roda da política mundial como naqueles três dias, entre 12 e 14 de dezembro de 1971.
Saudando o povo na janela do Palácio dos Capitães-Generais em Angra do Heroísmo |
Aerograma comemorativo da Cimeira dos Açores |
Para aliviar a pressão inflacionista, em agosto desse ano, Richard Nixon tinha abandonado o padrão-ouro e, enquanto se preparava para desvalorizar o dólar - o que fez poucos dias depois da cimeira dos Açores - tentava convencer os parceiros europeus a valorizarem as respetivas moedas.
Mas não era fácil. Primeiro precisava de vender a ideia ao presidente francês. Georges Pompidou sucedera apenas dois anos antes ao general De Gaulle, que usou o Mercado Comum para mostrar ao mundo que era a França quem liderava a Europa. Por isso, o velho general vetou repetidas vezes a candidatura britânica e aproveitou a fragilidade política da Alemanha dividida. Pompidou abriu as portas à Inglaterra, mas insistia em apresentar a França como a «locomotiva» europeia.
Sobrescrito de 1º. dia comemorativo da Cimeira das Lajes |
Para Marcelo Caetano, a oportunidade de aparecer perante a comunidade internacional no papel de anfitrião de dois dos homens mais poderosos do mundo era uma autêntica dádiva divina. Desde o início da guerra em Angola, dez anos antes, que o decadente regime autoritário do Estado Novo sofria um isolamento cada vez maior. Não eram só as votações humilhantes que sucessivamente derrotavam Portugal na ONU. As visitas de chefes de Estado estrangeiros a Lisboa - Isabel II de Inglaterra em 1957, Hailé Selassié da Etiópia em 1959, Eisenhower dos EUA, Sukarno da Indonésia, Kubitschek do Brasil e o rei Bhumidhol da Tailândia, todos em 1960 - eram recordações do passado.
1967 - Paulo VI em Fátima |
O presidente do Conselho chegou ao aeroporto das Lajes às 12h40 de domingo, dia 12. Depois dos cumprimentos da praxe, dirigiu-se em cortejo automóvel aos palcos da cimeira: a estalagem da Serreta (onde ficou alojado Pompidou) e a Junta Geral do Distrito de Angra do Heroísmo. Nixon instalou-se na residência do comandante da base americana das Lajes. Marcelo Caetano ficou no Palácio dos Capitães-Generais, residência oficial do governador do distrito.
O Concorde com o presidente francês chegou pelas 16h40, fustigado por bátegas de água. A aterragem não foi isenta de percalços: o avião teve mesmo um pneu furado, mas Pompidou desembarcou sem incidentes. A comitiva francesa, de que faziam parte o ministro das Finanças (e futuro presidente da República) Giscard d"Estaing e o ministro dos Negócios Estrangeiros Maurice Schumann, seguiu logo para a estalagem da Serreta. Depois de todos mudarem de roupa - estavam molhados até aos ossos -, Pompidou teve uma primeira conversa, de cinquenta minutos, com Marcelo Caetano.
Este voltou logo a seguir ao aeroporto, a tempo de dar as boas-vindas a Nixon. O Air Force One aterrou às 21h45 - mas o desembarque do presidente americano do Boeing 707, perante centenas de jornalistas e apesar do show off do aparato da segurança, foi ofuscado pela estrela da ocasião: o Concorde que, a curta distância, dominava a pista.
Carta circulada em Angra do Heroísmo |
Bilhete Postal circulado com vista da Estalagem da Serreta. Ao fundo a Ilha de Sao Jorge |
Marcelo Caetano não chegou a participar na cimeira de que foi anfitrião. As suas conversas foram sempre a dois, quer com Nixon, que o pôs ao corrente das suas próximas visitas - essas sim, de importância histórica - à China de Mao Tse-tung e à URSS de Brejnev, quer com Pompidou. Pouco depois da viagem aos Açores foi revelado publicamente que o presidente francês sofria de cancro, a doença que o matou em 1974. O mesmo ano em que Marcelo Caetano foi derrubado por um golpe de Estado em Lisboa e em que Nixon pediu a demissão por causa do estrondo do escândalo Watergate.
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