MOINHOS DE VENTO AÇORIANOS
Faial - Moinho de Vento da Lomba |
É essa a utilização tradicional da energia do vento em terra. Em sentido lato, chama-se moinho de vento a qualquer motor movido a energia eólica, quer este motor esteja
contido num edifício, como nos moinhos neerlandeses, que não são propriamente
moinhos e sim bombas de água, quer seja
apenas um sistema de pás montado no topo de
uma torre, como nas modernas turbinas eólicas,
geradoras de electricidade para movimentar as bombas
centrífugas. A partir de 1970, os moinhos de vento nos Países Baixos foram sendo
substituídos, no bombeamento de água, por motores elétricos que acionam bombas
tipo parafuso de Arquimedes.
História e
Tipologias
Faial - Moinho de origem flamenga |
Crê-se que os primeiros moinhos de vento possuiriam uma tipologia de eixo
vertical com velas dispostas em seu redor. Contudo, essa tipologia acabou por
ser substituída pela de eixo horizontal que hoje conhecemos. Em Portugal, a sua
existência é citada num documento de 1303, contudo é de admitir que a sua
introdução tenha sido anterior a esta data.
Moinho fixo de pedra (São Miguel, Terceira, Graciosa e Faial) |
O moinho de vento tipo mediterrânico, grupo ao qual pertence a maioria dos
moinhos de vento portugueses, tomou uma forma particular, distinta da do norte
da Europa. De menor dimensão, são, geralmente, compostos por uma estrutura
cilíndrica construída em pedra, com cúpula cónica de madeira (denominada capelo)
e um número variável de velas de pano cuja origem se pode associar ao velame das
embarcações.
Moinho giratório de madeira (São Jorge, Terceira e Faial) |
Com a revolução industrial e a
banalização de outras formas de produção de energia cinética mais eficientes (da qual
é exemplo o motor eléctrico), este tipo de tecnologia caiu em desuso, tendo
muitos dos moinhos sido demolidos, conservados como atração turística e até
mesmo transformados em residências pessoais.
Estrutura e engenho
Atafona. São João do Pico |
Moinho de mão. Arrifes - São Miguel |
Nesse prolongamento exterior, encontram-se fixadas em forma de cruz as varas ou braços, onde se fixam as velas de pano com formato triangular. Dois dos vérticas das velas estão fixos a uma vara, o que permite que estas sejam enroladas na respectiva vara quando o moinho de vento se encontra imobilizado, ou então estendidas sendo o terceiro vértice atado à vara que sucede aquela onde a vela está fixa.
Atafona de mão. Arrifes - S. Miguel |
Dado que assenta sobre o frechal o capelo possui mobilidade rotacional,
possibilitando ao moleiro orientar as
velas na direcção do vento. A rotação do capelo é feita utilizando um
dispositivo existente no seu interior ao qual se dá o nome de sarilho. Este
dispositivo, que se assemelha ao cabrestante de um navio, é composto por um eixo
horizontal e em torno do qual se enrola mecânicamente uma corda, com o auxílio
de duas manivelas colocadas em posição oposta em cada uma das extremidades. Uma
das pontas da corda está fixa no eixo do sarilho e na outra existe um gancho que
se prende a uma de várias argolas fixadas perto do topo do corpo do moinho.
Enrolando o sarilho, a corda estica e obriga o capelo a rodar sobre si mesmo,
para a direcção conveniente.
Moinho fixo de pedra. Corvo |
Fixada no mastro existe uma grande roda dentada, normalmente com os dentes dispostos
na lateral, denominada entrosa. Ao centro do moinho existe um eixo vertical, no
topo deste eixo existe um carreto no qual engrenam os dentes da entrosa, de tal
forma que fazem rodar o carreto independentemente da posição do capelo. Deste
modo, a energia cinética de rotação gerada no mastro devido à propulsão dada
pelo vento ao ser captado pelas velas, é
transmitida pelo eixo central até à base do moinho onde faz rodar as mós que
móem o cereal sendo assim a energia eólica aproveitada. Todas estas estruturas e
engrenagens móveis descritas eram talhadas em madeira rija (tipicamente
carvalho, sobreiro ou azinheiro), por artífices especializados nesse tipo de
trabalho, a quem se dava o nome de engenheiros (ou seja, os homens que
fabricavam os engenhos).
Aplicações dos
moinhos
Moagem de Cereais
Os moinhos de vento podem ser aplicados à moagem de
cereais. Neste caso, a energia que chega à base do moinho através do seu eixo
central é utilizada para fazer rodar uma mó. Uma mó é uma pedra maciça,
esculpida em forma de anel cilindrico achatado, de faces sulcadas e a cujo
centro vazio se chama olho da mó. Numa instalação para moagem existem duas mós,
sendo uma delas estática, denominada poiso e assente no chão do moinho, sobre a
qual se coloca uma segunda mó com uma folga ligeira de modo a que não impeça o
movimento de rotação, denominada corredor, com raio idêntico ao do poiso mas com
altura inferior (em moinhos de vento da região do Ribatejo um poiso pesava tipicamente 1200 kg, enquanto
que um corredor pesava oitocentos kg).
Moinho giratório de madeira (São Jorge, Terceira e Pico) |
Faial - Moinho da Lomba |
O corredor está suspensa no eixo vertical, sendo fixa a este através de um suporte metálico regulável em altura de nome "segurelha". A necessidade de regular a altura do corredor deve-se ao facto ao desgaste em altura das faces, a que ambas as mós estão sujeitas com o desenrolar da actividade de moagem, por efeito da fricção. Quando os sulcos das mós desaparecem, cabe ao moleiro criar novos sulcos para que a moagem do cereal seja possível, acto ao qual se chama o "picar da mó" e que é realizado com o auxílio de ferramentas cuja forma e função se assemelham à de uma picareta, daí o seu nome "picão" ou "picadeira".
Moinho de Vento de pedra e giratório Arrifes - São Miguel |
Elevação de água
Os moinhos de vento podem ser aplicados à elevação ou bombagem (bombeamento) de água.
Neste caso, a energia que chega à base do moinho através do seu eixo central é
utilizada para fazer rodar um parafuso de Arquimedes.
Uma engrenagem
colocada no eixo central é ligada a um parafuso colocado no interior de um tubo
cilíndrico ou semi-cilíndrico oco, posicionado num plano inclinado na diagonal
com a extremidade mais baixa colocada abaixo da linha de água. Eles foram muito
utilizados nos Países Baixos com esta finalidade para drenagem dos pôlderes (terras baixas). Actualmente, a maior
parte das bombas tipo parafuso são accionadas por energia eléctrica em vez da energia eólica.
Graciosa - Moinho das Fontes |
A rotação e disposição do parafuso fazem com que o movimento de rotação
arraste um volume de água ao longo do tubo até ao topo, onde é captada na
extremidade mais elevada.
Fonte: Wikipédia
1947 - Ribeira dos Moinhos Angra do Heroísmo |
Moinho - Biscoitos - Terceira |
Moinho - Nordeste - São Miguel |
Recuando mais no tempo essa possibilidade, um artigo do Sr.
Hugo Moreira, sobre os moinhos de vento da ilha de São Miguel, publicado no jornal A Ilha, de
11 de Abril de 1964, cita como alusão mais antiga à existência de
moinhos de vento em São Miguel, a que se encontra numa escritura datada de 20 de
Setembro de 1633: “(…) sita além de Santa Clara ao moinho de vento (…)”, facto que apontaria o período da ocupação castelhana – desde aproximadamente 1580 até 1640 –
como época provável para o surgimento dos primeiros moinhos de vento nos Açores.
Não deixa de parecer estranho que só quase dois séculos após a existência deste na
ilha de São Miguel, tenha surgido o primeiro na ilha Terceira, bem como nas restantes
ilhas em que não há testemunhos de tais moinhos existirem, até ao início do
século XIX.
Moinhos - São Jorge |
Facto é a quase total falta de semelhanças construtivas e
mecânicas entre os moinhos de torre espanhóis e os açorianos.
Moinho de Vento Lombeek (Roosdall). Bélgica. Flandres. |
Normalmente designados como do tipo “holandês”, a grande
maioria dos moinhos de torre açorianos revela, segundo vários estudiosos, grande
afinidade com os moinhos de torre da Flandres.
Texto parcial de Luís Bettencourt in “Moinhos de Vento dos Açores”
Texto parcial de Luís Bettencourt in “Moinhos de Vento dos Açores”
1993 - Medalha comemorativa do 10º aniversário do Museu da Graciosa |
Santa Maria (Rebentão) |
Moinhos do Faial |
São Miguel - Feteiras |
Terceira - Doze Ribeiras |
Graciosa - Moinhos Em primeiro plano um "Forno de Telha" |
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