quarta-feira, 29 de abril de 2020

Azulejos,Faiança e Olaria Açoriana



São Mateus da Calheta
Angra do Heroísmo



AZULEJOS DOS AÇORES
Importados, maioritariamente, do continente português ou Andaluzia, os azulejos assumiram, desde cedo, um papel importante na decoração do interior de Igrejas ou ermidas nos Açores enquanto representação do culto religioso local. Os exemplares mais antigos desta região são os da Ermida de Nossa Senhora dos Remédios da Lagoa e datam do século XV.

Padrão monocromático Séc. XVII
Igreja de Nossa Senhora das Dores
Caloura - São Miguel
Apesar da importância que assumiram na cultura do arquipélago, as primeiras tentativas para criar uma fábrica de azulejos nos Açores surgem muitos séculos mais tarde na ilha de São Miguel. Na realidade, foi em 1823 e, depois, em 1851  que se tentou dar início à sua produção na zona da Pranchinha, em Ponta Delgada, sem no entanto, se conseguir obter uma grande relevância no mercado.






Até esta data, todos os azulejos chegavam aos Açores vindos de mercados exteriores.

Padrão policromático Séc. XVII
Igreja de Nossa Senhora das Dores
Caloura - São Miguel
Alguns anos mais tarde, conseguiu-se, finalmente, instalar aquela que viria a impulsionar a produção de azulejos no arquipélago. Um  feito que se deveu a Bernardino da Silva e Manuel Leite Pereira, naturais de Vila Nova de Gaia, com tradição familiar na área, e a Tomás de Ávila Boim, natural da ilha do Pico e Manuel Joaquim Amaral, natural da Vila da Povoação. A Fábrica da Lagoa, instalada em 1862, foi construída junto ao Porto dos Carneiros e assumiu, desde logo, um papel de destaque na economia da região.




Uma década depois, em 1872, Manuel Leite Pereira deixa a sociedade e constrói uma nova fábrica no local das Alminhas, em Vila da Lagoa, com o nome de «Fábrica Açoriana». Em 1907, esta  contava já com 25 operários e a qualidade dos seus produtos fez com que se destacasse das demais.


Painel historiado (pormenor), Séc. XVIII
Mosteiro de Nossa Senhora da Esperança
Ponta Delgada - São Miguel
A terceira fábrica de azulejos surge em 1885, também em Vila da Lagoa. O seu fundador foi João Leite Pereira, natural de Vila de Gaia, irmão de Manuel Leite Pereira fundador da «Fábrica Açoriana».
A produção Micaelense de azulejo acabou, assim, por receber inspiração do que se fabricava no norte de Portugal, mais concretamente da região do Porto, de onde eram naturais os fundadores das principais fábricas do arquipélago, que adotaram as técnicas e os modelos vindos do continente. As cores seriam semelhantes, bem como as dimensões utilizadas.



Frontal do Altar (pormenor), Séc. XVII
Ermida de Nossa Senhora dos Anjos
Santa Maria
O processo de fabrico do azulejo continua, ainda hoje, a ser maioritariamente manual, desde o amassar do barro até à pintura.

Apesar de não se tratar de um processo muito complexo, sempre obedeceu a algumas regras.
O barro devia ser amassado com água até obter a consistência certa para ser trabalhado. De seguida, era colocado entre duas ripas de madeira paralelas, e com a mesma espessura, para ser rolado até se tornar numa placa uniforme.


Com a ajuda de um molde, tipo carimbo, o azulejo era depois recortado com a ajuda de uma faca, sendo as suas imperfeições corrigidas com uma lixa fina, antes de secar.


Painéis existentes no 
Santuário do Santo Cristo dos Milagres
Ponta Delgada - Açores
Depois de secas ao sol, estas peças era levadas a cozer em forno a lenha e, posteriomente, eram passadas pelo vidrado.
A pintura só era feita depois do azulejo estar completamente seco. Actualmente, pode ser usado um processo semi-industrial recorrendo-se à técnica da estampilha.
Caso o azulejo seja de relevo, é utilizado um molde de gesso, embora o processo seja em tudo semelhante.




Nos Açores, o azulejo era usado, sobretudo, como revestimento dos interiores de igrejas ou ermidas, ou como decoração isolada em painéis. No entanto, a dada altura passou a ser “moda” cobrir de azulejo a frente dos altares e, mais tarde, revestirem-se paredes exteriores. 
Fonte: http://www.allfromazores.pt



Monte Brasil
Angra do Heroísmo


Porto Judeu
Angra do Heroísmo








FAIANÇA DOS AÇORES



A indústria cerâmica da Lagoa, que se afirma ao longo do século XIX e da qual não se podem excluir ligações à indústria cerâmica do Norte de Portugal, deu início à produção de faiança nos Açores com o fabrico em série de peças pintadas com flores e outros motivos vegetalistas, esmaltadas de branco e apresentadas na forma de serviços de chá, de café, terrinas, pratos e diversos objectos decorativos.


Contribuiu, ainda, significativamente para a produção da identidade açoriana a partir da representação dos costumes locais na escultura moldada, como é o caso do “Casal Micaelense”, composto pelo camponês de carapuça e a mulher de capote-e-capelo, figuras emblemáticas do povo micaelense.






OLARIA DOS AÇORES




Vila Franca, em São. Miguel e Angra do Heroísmo, na Terceira, são os centros produtores que dão continuidade à olaria tradicional dos Açores.

O talhão, importante reservatório de água ou de cereais noutros tempos e a talha ou bilha utilizada para transportar líquidos são agora peças muito apreciadas na decoração de ambientes rústicos. O alguidar, que nas suas várias dimensões se adequava às mais diversas tarefas domésticas, é actualmente mais conhecido como alguidar terceirense, destinado a ir à mesa com a típica Alcatra.

 A sertã, que é utilizada principalmente como grelhador de pão, é outra peça emblemática da nossa olaria tradicional, associada à produção doméstica de Bolos Lêvedos e do Bolo de Milho ou Bolo da Sertã.






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