quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Luz Soriano (1802-1891)

 

Luz Soriano
Quadro pintado por Bordalo Pinheiro

 

Simão José da Luz Soriano


  

[N. Lisboa, 8.9.1802 ? m. ibidem, 18.8.1891] Filho de pais pobres ficou sozinho com a mãe em Lisboa quando o pai emigrou para o Brasil, não dando mais notícias. Foi educado na Casa Pia onde se mostrou aluno brilhante indo por isso estudar para a Universidade de Coimbra (1825) a expensas daquela instituição. Interrompeu o curso de Medicina devido ao levantamento liberal em 1828.
Alistou-se no batalhão académico de Coimbra e emigrou com os liberais para Inglaterra, em 1829, no mês de Fevereiro, alcançou a Terceira com os voluntários.
Cabeçalho da primeira página do primeiro exemplar da "Chronica da Terceira", com a data de 14 de abril de 1830.
A primeira tipografia açoriana foi instalada em 1830 no Solar da Mãe de Deus em Angra, onde foi impresso o primeiro jornal das ilhas, a "Chronica da Terceira", sob direcção de Luz Soriano.
Foi nomeado redactor principal da "Chronica da Terceira" que se publicava semanalmente a partir de 14 de Abril de 1830.
Teve divergências com Palmela acerca desta publicação (cujo primeiro número foi aliás substituído, talvez por isso) e foi afastado no final da publicação dos primeiros 15 números. Deixou na sua obra "Revelações da Minha Vida" um capítulo de memórias sobre o tempo que viveu na Terceira e que é uma fonte primordial para o estudo das *regências.
Colaborou no "Folhinha da Terceira" para o ano bissexto de 1832 conjuntamente com o futuro marquês de Sá da Bandeira e José António Guerreiro. Republicou, com acrescentos, mais tarde nas memórias essa colaboração no capítulo intitulado «Descripção Geographica dos Açores ...» Participou com poemas nas festas comemorativas dos anos da Rainha levadas a efeito no Palácio do Governo em Angra e publicou essas poesias também na Imprensa Oficial, em 1832.


Integrou o Exército Libertador em 1832, participou no cerco do Porto e terminada a guerra civil, em 1834, acabou em Coimbra o curso de Medicina. Foi funcionário do Ministério da Marinha, função que começara a exercer ainda na Terceira, reformando-se em 1867.


Foi deputado por Angola em 1858 e tornou-se um especialista em questões ultramarinas o que o levou a ser nomeado vogal do Conselho Ultramarino (1865). Era um grande admirador e apoiante do Marquês de Sá da Bandeira de que escreveu uma biografia.
Depois de reformado dedicou-se à investigação histórica deixando uma extensa e importante obra de que se destacam dois clássicos, História da Guerra Civil e estabelecimento do governo parlamentar em Portugal e História do cerco do Porto, ambos com interesse para os Açores.




Morreu solteiro e rico e deixou em testamento muito dinheiro para obras de beneficência.
 J. G. Reis Leite
Obras: (1830), Monologo ? que depois de representado o drama ? Atilio Regulo ? se reatou no theatro do Excelentissimo Conselheiro Theotónio de Ornellas Bruges Avila, na noite de 20 para 21 de Fevereiro de 1830. Angra, Imp. do Governo. (1830), Soneto a Sua Magestade a Senhora D. Maria II rainha de Portugal recitado no Palácio do Governo por ocasião do baile dado pelo Excelentíssimo Senhor Conde de Villa Flor no dia 4 de Abril de 1830, aniversário natalício da mesma Augusta Senhora. Angra, Imp. do Governo. (1830), Chronica da Terceira. Angra, Imp. do Governo, 15 números [redactor]. (1832), Poesias diversas de Simão José da Luz. Angra, Imp. do Governo. (1832), Folhinha da Terceira para o anno de 1832 bissexto. Angra, Imp. do Governo. (1846-1849), História do Cerco do Porto. Lisboa, Imp. Nacional, 2 vols. (1860), Revelações da minha vida. Lisboa, Typ. Universal [2.ª ed., em 1891]. (1866-1890), História da guerra civil e do estabelecimento do governo parlamentar em Portugal, comprehendendo a história diplomática, militar e política deste reino desde 1773 até 1834. Lisboa, Imp. Nacional, 17 vols.
Bibl. Canto, E. (1890), Bibliotheca Açoriana. Ponta Delgada, Typ. Archivo dos Açores: 381-382. Dicionário Portugal, (1908). Lisboa, Romano Torres, IV: 600 e segs.. Forjaz, C. (1963/1964), A Chronica da Terceira e o seu redactor Simão José da Luz Soriano: um enigma bibliográfico. Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, XXI-XXII: 145-174.

Sem comentários:

Enviar um comentário