quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

João Afonso (1923-2014)


Foto de 26 de Agosto de 2013, véspera de completar 90 anos.



João Dias Afonso (Angra do Heroísmo, 27 de Agosto de 1923 — Angra do Heroísmo, 22 de Fevereiro de 2014) foi um escritor, jornalista e investigador da etnografia e da baleação açorianas.

Nasceu na freguesia da Sé, no imóvel da Rua de Jesus que actualmente ostenta uma placa em sua homenagem, filho de Joaquim Luís Afonso, comerciante, e da professora do ensino primário, Maria da Glória Zulmira Dias Afonso.

Depois de concluir o ensino secundário no Liceu Nacional de Angra do Heroísmo, aos 18 anos de idade matriculou-se na  Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, curso que não chegou a concluir.

Regressado à sua cidade natal, cumpriu o serviço militar obrigatório como oficial miliciano de administração militar, sendo desmobilizado como tenente no Batalhão Independente de Infantaria nº 17, então aquartelado no Castelo de São João Batista.


Foi então contratado como bibliotecário da então Biblioteca Municipal de Angra do Heroísmo, iniciando aí uma carreira que o levaria a técnico superior principal de bibliotecas e arquivos e a director daquela instituição.

Quando a Biblioteca Municipal foi integrada na Biblioteca Pública de Angra do Heroísmo, passou a funcionário superior da Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Angra do Heroísmo, funções que exerceu até se aposentar.

Foi director interino da instituição por diversas vezes, como aconteceu no impedimento de Manuel Coelho Baptista de Lima, enquanto este foi presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo.

Na instituição em que trabalhava, e noutros arquivos nacionais e estrangeiros, realizou investigação no âmbito da história dos Açores, da etnografia e em particular sobre a história da baleação nos Açores, campo em que foi um dos grandes especialistas e pioneiro no estudo daquela actividade no arquipélago açoriano.

Nos estudos sobre a caça à baleia realizou investigação nos Estados Unidos (Nova Inglaterra e Califórnia) e no Reino Unido, tendo sido principal mentor da organização etno-histórica do Museu dos Baleeiros, nas Lajes do Pico.


No campo da etnografia histórica açoriana publicou numerosos artigos sobre os trajes tradicionais açoriano. Também se dedicou à bibliografia, tendo realizado um inventário exaustivo da bibliografia açoriana, que tem vindo a ser publicado em numerosos volumes pela departamento da cultura do Governo dos Açores.

Como jornalista esteve ligado à fundação do Diário Insular, periódico em que publicou muitas centenas de artigos, e foi colaborador assíduo de A União, jornais de Angra do Heroísmo.

No Diário Insular coordenou uma notável página de Artes e Letras durante 30 anos, de 1946 a 1978, apenas interrompendo entre 1959 e 1961, período em que foi redator da Agência Noticiosa de Informação, em Lisboa.


 Foi o primeiro delegado da RTP nos Açores, nomeado por Ramiro Valadão em 1969.

Como poeta fez parte da corrente do modernismo insular de meados do século XX com uma poesia que Vitorino Nemésio considerou como permitindo «conseguir às vezes admiráveis efeitos de simplicidade e pureza».

Alguns dos poemas que publicou na imprensa periódica foram assinados com o pseudónimo Álvaro Orey.












Ganhou em 1960 o Prémio Nacional de Poesia do Secretariado Nacional de Informação,
com o livro Pássaro Pedinte e Ruas Dispersas, prefaciado por Vitorino Nemésio.


Geminação da Cidade de Angra do Heroísmo

 com Tulare (USA), a 10 de Março de 1966



João Afonso foi o impulsionador do movimento das cidades-irmãs Angra do Heroísmo-Tulare.

Tulare foi a primeira cidade com a qual Angra do Heroísmo se geminou. E, graças ao carácter visionário de João Afonso, o percursor do estabelecimento deste laço, esta foi também uma das três primeiras geminações de autarquias portuguesas e a primeira geminação de uma autarquia açoriana. Mas isto não ocorreu por acaso. Tulare, à época, em 1966, era maioritariamente habitada por cidadãos terceirenses. E a verdade é que hoje, mesmo depois do enorme crescimento que a cidade verificou, esta é, entre as médias cidades californianas, a que maior percentagem tem de população portuguesa e, particularmente, população descendente da ilha Terceira.”






Em 1989 foi condecorado com o grau de comendador da
 Ordem do Infante Dom Henrique.


Cidadão Honorário de Angra do Heroísmo

João Dias Afonso

Reunião de Câmara de 16-10-2003

Sessão da Assembleia de 19-12-2003



Foi sócio fundador da Real Associação da Ilha Terceira e sócio efectivo das seguintes instituições:

- Academia Portuguesa da História
- Sociedade de Geografia de Lisboa
- Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (Brasil)
- Instituto Histórico da Ilha Terceira
- Instituto Açoriano de Cultura
- Sociedade de Estudos Açorianos Afonso Chaves
- Núcleo Cultural da Horta

Colaborador de várias enciclopédias e revistas culturais portuguesas.








Entre muitas obras dispersas pelos periódicos em que colaborou, é autor das seguintes monografias:
  • Enotesco (poesia), Angra do Heroísmo, s.d. [1955];
  • Pássaro Pedinte e Ruas Dispersas (poesia, com prefácio de Vitorino Nemésio, Lisboa, 1960;
  • Cantigas do Terramoto para Ler e Passar (poesia), Angra do Heroísmo, 1980;
  • Garrett e a Ilha Terceira, edição da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, 1954;
  • Antero de Quental e o Pensamento da Revolução Nacional, Lisboa, 1967;
  • Açores de Outrora na Ilha Terceira Daqueles Tempos, edição do Instituto Açoriano de Cultura, 1978;
  • O Traje nos Açores, edição do Instituto Histórico da Ilha Terceira, 1978, 2.ª ed. 1987;
  • Açores em Novos Papéis Velhos, edição do Instituto Histórico da Ilha Terceira, 1980;
  • Memoração Ribeiriana (sobre Luís da Silva Ribeiro), edição do IHIT, 1982;
  • Notabilidade de Dacosta (sobre António Dacosta), Angra do Heroísmo, 1983;
  • O Galeão de Malaca no Porto de Angra em 1659: Um Processo Judicial - Linschoten, edição do Instituto Histórico da Ilha Terceira, 1984;
  • Baleias e Baleeiros - Açorianos nos Sete Mares e Ancorados nas Suas Ilhas, Angra do Heroísmo, 1988.
  • Bibliografia Geral dos Açores, DRAC/SREC, 3 volumes (1985-1997, ainda com 8 volumes em publicação.

Para além das monografias de que é autor, organizou, anotou e prefaciou:

  • Luís Ribeiro, Subsídios para Um Ensaio sobre a Açorianidade, Angra do Heroísmo, colecção «Ínsula», 1964;

  • Luís Ribeiro, Obras (3 volumes), edição do Instituto Histórico da Ilha Terceira e da Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1982-1983

In: Wikipédia (parcial)


João Afonso - Monograma



1954 - João Afonso discursando no descerramento da placa existente na casa onde viveu
 Almeida Garrett
 na Rua de São João em Angra.









𝐀𝐩𝐫𝐞𝐬𝐞𝐧𝐭𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 | 𝐓𝐨𝐦𝐨𝐬 𝐈𝐕 𝐞 𝐕 𝐝𝐚 𝐁𝐢𝐛𝐥𝐢𝐨𝐠𝐫𝐚𝐟𝐢𝐚 𝐆𝐞𝐫𝐚𝐥 𝐝𝐨𝐬 𝐀𝐜̧𝐨𝐫𝐞𝐬
A Direção Regional dos Assuntos Culturais promoveu no dia 7 de março de 2024, pelas 18h00, no auditório da Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro o lançamento dos tomos IV e V da Bibliografia Geral dos Açores: sequência açoriana do Dicionário Bibliográfico Português. A apresentação estará a cargo do Doutor José Guilherme Reis Leite.
A Bibliografia Geral dos Açores, foi um projeto coordenado por João Afonso, com início em 1978. Os tomos 1 e 2 editaram-se em 1985 e, dois anos mais tarde, deu à estampa o 3.º tomo, conseguindo-se um total de 17 524 entradas de documentação que se encontrava dispersa em bibliotecas regionais, nacionais e internacionais. A Secretaria Regional da Educação e dos Assuntos Culturais, através da Direção Regional dos Assuntos Culturais promove a continuidade das publicações da obra Bibliografia Geral dos Açores através dos tomos 4 e 5.
Como foi referido na nota introdutória do 1.º tomo, pelo antigo Secretário Regional da Educação e Cultura, Doutor José Guilherme Reis Leite, esta bibliografia especializada é uma obra de imenso valor cultural para os Açores e uma “interminável viagem do diálogo sempre renovado com os livros”. A Bibliografia Geral dos Açores, segundo Duarte Nuno Chaves, Diretor Regional dos Assuntos Culturais “é uma importante fonte auxiliar de pesquisa para o entendimento e conhecimento geral sobre o Arquipélago dos Açores”.

Fonte: Cultura Açores

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