Há 125 anos, o terceirense Francisco Moniz Barreto vai a Ponta Delgada num barquinho de papel, a que se deu o nome de «Autonomia».
Festejava-se, na vizinha Ilha de S. Miguel, a Confraternização Açoriana, reunindo-se, para tanto, na cidade de Ponta Delgada, representantes das diversas ilhas do Arquipélago. A Ilha Terceira não enviara representante oficial.
Francisco Moniz Barreto Corte Real, descendente de navegadores que abriram caminho na esteira virgem do Oceano oferecendo terras e ensinando rumos, se mete, a ocultas, para iludir a vigilância do porto, num barquinho de 12 pés de comprido, construído com jornais justapostos, e parte, ousadamente, às 3 horas da madrugada de 17 de maio de 1895, atravessando 90 milhas por sobre o perigoso canal dos Açores, desembarcando em Ponta Delgada da Ilha de S. Miguel, às 10 horas da manhã de 18.
Na frase dum espirituoso da época, esta viagem representou, nas festas da Confraternização, «um bilhete de visita que a Terceira enviou à ilha irmã e amiga». E, de facto, a viagem audaciosa do nosso herói evocou a tradição gloriosa duma terra que conta na sua história as admiráveis façanhas de antanho, as gloriosas empresas marítimas que assinalaram datas acendendo fachos luminosos nas trevas cerradas das solidões longínquas do Oceano – os Corte Reais, Barcelos e Labradores, primeiros que aportaram às terras do Novo-Mundo.
Esta odisseia do moço terceirense, deu origem a grandes manifestações por ocasião do seu regresso à Terceira, afluindo ao desembarque cerca de 15.000 pessoas de vários pontos da ilha, filarmónicas, etc.
In Gervásio Lima, Breviário Açoreano, p. 162, Angra do Heroísmo, Tip. Editora Andrade, 1935.
Gervásio Lima escreveu um pequenino livro (14,5cmX11cm), bilingue (português/inglês),
com apenas 10 folhas, sobre este feito. Acho-o delicioso.
Aqui ficam as suas páginas para quem quiser ler.
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