sábado, 19 de outubro de 2019

Corte-Real e Amaral (1889-1987)




Joaquim Moniz de Sá Corte-Real e Amaral


Nasceu em Angra do Heroísmo a 28.08.1889, faleceu em a Lisboa a 15.08.1987.

Pelo lado materno, descende de uma das famílias mais distintas da ilha Terceira. Fez estudos liceais em Angra do Heroísmo, Horta e Ponta Delgada, alistando-se como voluntário no curso de oficiais milicianos de Infantaria em 1915. 

Expedicionário no planalto de Benguela, em Angola, em 1918-20, onde comandou as forças. Colocado no Quartel General de Coimbra (1920-29). Licenciou-se em Ciências Histórico-Geográficas na Universidade de Coimbra. Professor dos Liceus José Falcão e Doutor Júlio Henriques, em Coimbra. Em 1928, fez exame de Estado e foi professor efectivo em Faro e Beja.

Em 1931 foi nomeado, em comissão de serviço, reitor do Liceu Padre Jerónimo Emiliano de Andrade, em Angra do Heroísmo e depois colocado aí como professor efectivo. O seu reitorado foi o início de uma notável renovação pedagógica.




Foi, em 1932-33, membro da Comissão Distrital de Angra do Heroísmo da União Nacional e responsável pela montagem do Estado Novo no distrito. Governador civil de Angra do Heroísmo em 1933. Presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo (1939-52), sendo exonerado por discordância política.

Iniciando, a par da carreira docente, uma relevante carreira política que o levaria aos lugares cimeiros da administração distrital e autárquica e a procurador à Câmara Corporativa do Estado Novo.
Partidário da solução ditatorial do saída do Golpe de 28 de Maio de 1926, aderiu à União Nacional, de cuja comissão distrital foi membro a partir de 1932. Esta sua adesão ao ideário da Revolução Nacional abriu-lhe uma rápida sucessão de nomeações para os lugares cimeiros da governança angrense: provedor da Santa Casa da Misericórdia (1931-1933); presidente da comissão administrativa da Câmara Municipal (1933) e finalmente governador civil do Distrito Autónimo de Angra do Heroísmo (28/04/1933 a 03/04/1936).
Ao ser substituído no lugar de governador civil, que o decreto que o exonera afirma ter exercido com zelo dedicação e patriotismo, é reconfirmado como reitor do Liceu, cargo que exerce até 1940. Entretanto, aparentemente por desavenças com Cândido Pamplona Forjaz, que passara a chefiar a União Nacional em Angra do Heroísmo, é relegado para a esfera autárquica, deixando definitivamente a chefia do Distrito. Assim, em 1939, regressa à presidência da comissão administrativa da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, assumindo a presidência da Câmara Municipal no ano imediato.


Foi nestas funções de presidente nomeado da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, cargo que exerceria até 1953, que desenvolveu a sua principal acção política. Acumulando o cargo com o de procurador à Câmara Corporativa (II e V Legislaturas) em representação dos municípios dos Açores e de presidente da Junta Autónoma dos Portos do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo (1943-1946), o "Dr. Corte-Real", nome pelo qual era conhecido, dominou a política local durante o período delicado da Segunda Guerra Mundial e dos anos imediatos, período em que a partir de 1943 a cidade e a ilha tiveram de conviver com a presença de forças expedicionárias portuguesas e britânicas e com o nascimento da Base das Lajes.


1960 - Escola Infante D. Henrique (Alto das Covas)

Durante o período em que foi governador civil e presidiu à Câmara Municipal, apesar da penúria dos meios disponíveis, empreendeu obras que ainda hoje marcam a face da cidade, como a construção da Escola Primária Infante D. Henrique (1933-1945), a pavimentação de muitas das ruas da baixa citadina, o calcetamento artístico da Praça Velha, a abertura do Largo Prior do Crato.
Convento da Graça (Alto das Covas)

Foram obras que nalguns casos levaram à demolição de alguns edifícios históricos (casos do Convento da Graça e do Pátio dos Estudos dos Jesuítas). Outras obras importantes foram o abastecimento de água às freguesias vizinhas da cidade (já que as outras só o tiveram na década de 1970).
Câmara Municipal de Angra do Heroísmo

Exerceu um notável magistério pedagógico, principalmente na disciplina de História. Foi um entusiasta pela divulgação da história dos Açores, escrevendo trabalhos de grande mérito; além de uma obra de animação cultural da sua cidade.


Homenagens


  • A 5 de Outubro de 1925 foi feito Cavaleiro da Ordem Militar de Avis
  • A 5 de Outubro de 1934 foi feito Comendador da Ordem Militar de Cristo
  • A 23 de Dezembro de 1940 foi feito Comendador da Ordem de Benemerência (Ordem do Mérito)
  • A 20 de Novembro de 1941 foi elevado a Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo
  • A 23 de Dezembro de 1959 foi feito Comendador da Ordem da Instrução Pública


 J. G. Reis Leite (Jun.1997)

Obras: (1989), Biografias e Outros Escritos. Angra do Heroísmo, Ed. Câmara Municipal.
 Bibl. Afonso, J. (1987), Notícia necrológica. Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, XLV, 2: 1571- 1573. Agostinho, J. (1939), Reitor Dr. Corte-Real e Amaral, um depoimento. Vida Académica, Angra do Heroísmo, 31 de Maio, VII, 76. Forjaz, C. P. (1984), Memórias. Angra do Heroísmo, ed. do autor: 213-215. Leite, J. G. R. (1989), Homenagem ao Dr. Joaquim M. S. C. R. Amaral, In Amaral, J. M. S. C. R., Biografias e Outros Escritos. Angra do Heroísmo, Ed. Câmara Municipal: 7-22.

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