O PARÁCLITO
Paráclito deriva do grego parákletos, que quer dizer
aquele que ajuda, conforta, anima, protege, intercede. É o título dado,
habitualmente, à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade Cristã: o Senhor
Espírito Santo, como lhe costumamos chamar, nos Açores.
Os açorianos recorrem a Ele, sobretudo, em busca de ajuda e ânimo. Porque alguma doença visitou o lar, a vida não corre bem, em tempo de terramotos ou guerra, quando, perante adversidades em demasia, as forças tendem a faltar. Não é entregar-se, é pedir ajuda! O que é bem diferente e faz todo o sentido a quem mora no meio do oceano, às vezes tempestuoso e agreste.
É impossível resumir tudo o que estas festas envolvem, mas,
tentando, poder-se-á dizer que são momentos de encontro, de partilha, de
irmandade, de alegria e de paz, celebrando-se, todos os anos, entre o Domingo
de Páscoa e o Domingo da Trindade, sete semanas depois.
Com origens na Itália medieval, as festividades e o culto em
honra do Divino chegaram a Portugal ainda nos tempos da primeira dinastia,
envolvendo, segundo a tradição, a Rainha Santa Isabel, mulher de D. Dinis. As
navegações oceânicas portuguesas trouxeram este culto até às ilhas atlânticas
e, desde então, aqui floresce, tendo acompanhado as rotas de emigração açoriana
para o Maranhão e Sul do Brasil, para os Estados Unidos, Bermuda e Canadá.
Todas elas implicam, em termos de acções com visibilidade pública: um Peditório e recolha de bens; uma semana de reza do Terço, seja no edifício do Império seja na casa de um irmão que recebeu, em sortes, o direito de ter a Coroa, entronizada em altar, na sua casa; a Coroação e cortejo - momento supremo; uma refeição festiva – a Função, e um Bodo ou dádiva de esmolas de alimentos.
A partir desta base comum, e como festa comunitária e
fortemente enraizada entre as populações, todo o resto pode ser e é diferente,
desde logo o formato dos edifícios em torno dos quais acontece a festa, ou
muito decorados, ou singelos e com colunas, ou quase sendo mais uma casa, no meio
da comunidade.
Quanto à alimentação, temos as sopas, cuja receita varia de ilha para ilha, a alcatra, carne guisada, o arroz doce, e uma variedade assinalável de pães de leite, de água ou de massa sovada, de rosquilhas, de bolos de véspera, com lindas marcas, etc.
Podem acontecer, também, dependendo de qual ilha, cantorias
à porta dos mordomos, “ceias de criadores”, para completar a angariação de
fundos, a presença de foliões, com o seu canto característico, em momentos
específicos da semana da festa, e touradas à corda, essencialmente na ilha
Terceira.
De tudo isto o que importa reter é que se trata de uma festa fortemente comunitária e de cariz solidário profundo. Como já acontecia na Idade Média o que se pretende, nestas semanas, é recordar que todos são dignos de Misericórdia, todos são pobres e merecedores de esmola, todos merecem, ao menos uma vez por ano, ter mesa farta e alegre.
Tudo isso sem esquecer, nunca, que o Paráclito é Aquele que
conforta, protege e anima.
Texto da pagela da autoria do Dr. Francisco Maduro-Dias, Historiador e Museólogo
Presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Núcleo Filatélico de Angra do Heroísmo
IMPÉRIO DA VILA DO PORTO JUDEU
A cerimónia do lançamento decorreu
no Império da Vila do Porto Judeu.
Foto-reportagem
Aceda ao álbum em -> Álbum Fotográfico
A Filarmónica da Freguesia
abrilhantou o evento encerrando-o com o
Hino do Divino Espírito Santo.
Ver vídeo em -> Filarmónica do Porto Judeu
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