sábado, 5 de dezembro de 2020

A Festa Brava na Terceira




A FESTA BRAVA NA TERCEIRA
(Breve história da sua origem)



Tourada na Ladeira de São Bento
Angra do Heroísmo

Desde os primórdios do descobrimento das Ilhas açorianas, aquando da descoberta da terceira ilha, densa em florestação como as demais, foi largado gado vacum como outras tantas espécies domésticas, que se tornaram selvagens e típicas desta região, causadas pelas condições climatéricas e demográficas das nossas ilhas. Com o cruzamento de diversas raças de gado vacum em regime de total liberdade, a quando do povoamento desta ilha, as gentes oriundas do centro /sul do país, encontraram uma espécie pequena em dimensão e bravia devido ao seu estado selvagem. Imaginando a época vivida, século quinze, depressa se tira a conclusão de como os povoadores capturavam e matavam as reses para a sua alimentação.






Tourada no Largo de São Bento
Angra do Heroísmo


Os antigos diziam que a carne de um animal cansado era mais tenra e suculenta do que a de um animal descansado, ainda no tempo do meu avô se tomava como certa esta sentença, sendo assim e depois de serem laçados e capturados, era nos adros das Igrejas que se corriam e cansavam os animais bravios de então, para depois se proceder à sua matança. Esta tradição não era só típica da Ilha de Jesus Cristo, era praticada um pouco por todas as restantes ilhas que compõe o arquipélago açoriano, esta manifestação foi proibida pelo Bispo de Angra nas “Constituições Sinodais do Bispo de Angra” de 1559 onde se proibia de correr toiros nos adros das igrejas.




Tourada no Pico da Urze
Angra do Heroísmo
Com o passar do tempo, por ser Angra uma cidade nobre e burguesa e por ser o povo terceirense um entusiasta das festas populares, se continuou esta pratica de correr os toiros nas ruas de toda a ilha.

O culto do Divino Espírito Santo propagou-se por todo o arquipélago devido à fé inabalável dos açorianos na Terceira Pessoa da Santíssima Trindade face às atrocidades do tempo, da vida e da terra. No caso da Ilha Terceira foi-se associando o religioso e o profano advindo daí ao que hoje se assiste nas festas profano religiosas um pouco por toda a Ilha. A tourada à corda evoluiu com o passar dos tempos, mas nem sempre a tourada à corda foi o que hoje se vê e se assiste nas estradas da Ilha Terceira, alguns escritores da época relataram algumas atrocidades cometidas pelos homens de então com os seus bordões de aguilhões montados. Como tudo na vida a evolução do homem e da cultura fizeram com que o espectáculo chegasse até aos dias de hoje e se tornasse no ícone da tauromaquia insular.



Tourada no Largo do Posto Santo
Angra do Heroísmo
Ao mesmo tempo que se desenvolveu a tauromaquia de rua, as touradas de praça, como são chamadas aqui para as diferenciar das outras, mantiveram-se na Ilha Terceira pela concentração da nobreza na capital da Ilha e pelo porto a ela associado, porto este importante na rota da prata. Os espectáculos e jogos taurinos eram realizados na praça principal da cidade de Angra, a chamada hoje Praça Velha, onde se colocavam palanques em volta, inseridos num rectângulo. Aí os nobres mostravam a sua destreza a cavalo alanceando os toiros, outras danças executadas por angrenses alegravam as festas, antes faziam-se cavalhadas em honra de São João, perfilavam-se duas alas de cavaleiros, uma para a Rua de São João e outra no sentido descendente da Rua da Sé, aí se celebrava no canto destas duas ruas, onde outrora existiu uma capela, uma missa em honra do patrono das hoje festas maiores do Concelho de Angra do Heroísmo.






Praça de Toiros de São João
Angra do Heroísmo
Sempre houve da parte dos terceirenses uma paixão frenética pela festa dos toiros, desde os espectáculos de rua aos de praça, mas é nos primeiros que reside a sua maior aficion.

Praças de toiros houve várias, a da Canada do Barreiro, a do Espírito Santo na Miragaia, a de São João, onde hoje se situa o Centro Cultural de Angra, chegando até hoje e já com vinte e cinco anos de existência a Monumental Praça de Toiros Ilha Terceira.

Enfim a festa brava e os terceirenses juntos desde os primórdios da existência humana nestas ilhas atlânticas.




Fonte: Duarte Bettencourt in "Terceira Taurina"









Tourada no Largo de São João de Deus
Angra do Heroísmo
Tourada à corda, toirada à corda ou corrida de touros à corda, é um divertimento tauromáquico tradicional nos Açores, com particular expressão na ilha Terceira, acreditando-se ser a mais antiga tradição de folguedo popular do arquipélago. A modalidade tauromáquica é específica dos Açores e caracteriza-se pela corrida de 4 touros adultos da raça brava da ilha Terceira ao longo de um arraial montado numa rua ou estrada, num percurso máximo que regra geral é de 500 m. O animal é controlado por uma corda atada ao seu pescoço (daí a designação do tipo de tourada) e segura por 6 homens (os pastores) que conduzem a lide e impedem a sua saída para além do troço de via estipulado. A lide é conduzida por membros do público, em geral rapazes, embora seja admissível a presença de capinhas contratados. Após a lide, os animais são devolvidos às pastagens sendo repetidamente utilizados, embora com um período de descanso mínimo de 8 dias.





Praça de Toiros do Espírito Santo
Angra do Heroísmo
O primeiro registo conhecido da realização de uma tourada à corda data de 1622, ano em que a Câmara de Angra organizou um daqueles eventos, enquadrado nas celebrações da canonização de São Francisco Xavier e de Santo Inácio de Loiola. Contudo, presume-se que as corridas de touros à corda nos folguedos populares já ocorressem há muito, o que justifica a inclusão daquele evento numa festividade oficial.






Praça de Toiros de São João
Angra do Heroísmo
A realização de corridas de touros à corda foi adquirindo ao longo dos tempos um conjunto de características, fixadas por normas e regras de cariz popular que hoje se encontram legalmente codificadas. Aquelas normas estabelecem os procedimentos de saúde e bem-estar animal a seguir em relação aos touros, os sinais correspondentes aos limites do arraial (riscos no chão), os sinais a utilizar na largada e recolha do touro (foguetes). Para protecção dos espectadores os touros não estão "em pontas", isto é, têm sempre a ponta dos chifres cobertas por algo que proporcione a protecção do espectador, as regras a seguir na armação dos palanques e na protecção dos espectadores e ainda a actuação dos capinhas (toureiros improvisados que executam sortes recorrendo a um guarda-sol, uma varinha, um bordão enconteirado ou uma samarra).










PRAÇA DE TOIROS
 DA ILHA TERCEIRA

Inaugurada em 1986




MONUMENTO AO TOIRO







Sobrescrito de 1º. dia comemorativo da inauguração do
Monumento ao Toiro e do 45º. aniversário da
Tertúlia Tauromáquica Terceirense

Selo Personalizado


Bilhete Postal de Boas Festas
Casa Agrícola José Albino Fernandes

Sobrescrito comemorativo da 1ª. Corrida, no Campo Pequeno, de
uma ganadaria açoriana (Rego Botelho)

Selo Personalizado

Bilhete Postal comemorativo da
lide no Campo Pequeno



























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