sexta-feira, 20 de junho de 2025

Cidade da Praia da Vitória (44 anos)


    


PRAIA DA VITÓRIA


Instalados definitivamente os primeiros povoadores na ilha Terceira, passou Jácome de Bruges, primeiro capitão donatário da ilha, ao lugar da Praia, onde fixou a sua residência, juntamente com seu lugar-tenente Diogo de Teive. A Praia constituiu-se assim na sede da capitania da Terceira entre 1456 e 1474, ano em que a ilha foi dividida em duas capitanias, pelo desaparecimento do donatário, ficando a capitania da Praia a cargo de Álvaro Martins Homem.


A região desenvolveu-se com rapidez, graças à cultura do pastel e do trigo. Desse modo, a Praia foi elevada a Vila, sede de Concelho, em 1480, ainda ao tempo de Álvaro Martins Homem.

No último quartel do século XVI, Gaspar Frutuoso assim descreve a vila:
"(...) e logo está a vila da Praia, nobre e sumptuosa e de bons edificios, edificados por muito bom modo, cercada de boa muralha, com os seus fortes e baluartes toda em redondo, povoada de nobres e antigos moradores, como uma das mais antigas povoações da ilha, rodeada de fermosas e ricas quintas de nobres e grandiosos fidalgos, com uma freguesia e sumptuosa igreja de três naves, com a capela-mor de abóbada e portais e pilares bem lavrados de pedra mármore, toda cercada de capelas de grandes morgados (...) sua invocação principal é de Santa Cruz (...)."
 
"(...) onde há casa de Misericórdia e hospital, com duas igrejas, uma do hospital do Espírito Santo e outra de Nossa Senhora, com uma nave pelo meio (...); e um fermoso mosteiro de S. Francisco em que continuamente residem dez ou doze religiosos, onde há muitas capelas de morgados semelhantes aos acima ditos; três mosteiros de freiras, o mais principal dos quais é de Jesus (...), de quarenta freiras de véu preto e os dois, um de Nossa Senhora da Luz e outro das Chagas, da obediência e da observância de S. Francisco, em que há menos religiosas." (FRUTUOSO, Gaspar. Saudades da Terra (Livro VI). Cap. I, p. 15.)
 
No contexto da dinastia Filipina, aqui se travou a batalha da Salga (1581). Foi na Praia que o pretendente ao trono de Portugal, D. António Prior do Crato, foi aclamado rei aquando do seu desembarque nesta localidade em 1582. 

Posteriormente, no contexto da Restauração da Independência Portuguesa, foi na Praia que se deu a aclamação de D. João IV de Portugal, quando da chegada de Francisco Ornelas da câmara à Terceira.






Igreja Matriz da Praia da Vitória


Fundada em 1456, erguida pelo primeiro capitão donatário, Jácome de Bruges, que aqui se fixou. Foi sagrada em 24 de Março de 1517 pelo bispo D. Duarte, que veio de visita aos Açores. Na ocasião, D. Duarte depositou várias relíquias numa caixa, na parede do altar-mor.

Reconstruída em 1577, nesta ocasião o rei D. Sebastião ofereceu-lhe as magníficas portadas de mármore em estilo manuelino. Sofreu alterações posteriores, nomeadamente em 1810 e 1942, em função dos grandes terramotos que assolaram a ilha em:



                                
Ficheiro:Igr s cruz pr vitoria 4.jpg
Portal Manuelino

                                      24 de Maio de 1614;

   24 de Junho de 1810;

       15 de Junho de 1841 e

        1 de Janeiro de 1980.

 













Do terramoto de 1614, o padre António Vieira recordou, em sermão proferido na Bahia, em 1637:
"...tudo destruiu, com excepção do púlpito da Matriz, a Cadeia e o Hospital; símbolos da Verdade, da Justiça e da Misericórdia."
O seu órgão de tubos foi construído em madeira de mogno em 1793 por António Xavier Machado e Cerveira, tendo sofrido intervenção de restauro em 1991sob os cuidados de Dinarte Machado.

 
A povoação foi arrasada pelo grande terramoto de 1614, tendo o mar tragado as que lhe ficavam mais próximas. Durante o século XVII foi reconstruída, continuando presa de diversos abalos sísmicos menores.
 
No decorrer da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), aqui se travou ainda a batalha da Baía da Praia (11 de Agosto de 1829), quando frustrou a tentativa de desembarque de uma esquadra de tropas miguelistas. Esta vitória levou a que, por carta régia de 12 de Janeiro de 1837, como reconhecimento, lhe fossem outorgados os títulos de "Mui Notável" e "da Vitória" pela soberana.


 


A sua importância económica permaneceu, apesar do grande terramoto de 15 de Junho de 1841 (a chamada "Caída da Praia") que a destruiu parcialmente. A sua reconstrução, a partir dos meados do século XIX deveu-se à iniciativa do Conselheiro José Silvestre Ribeiro.

O padre Jerónimo Emiliano de Andrade, que viveu em meados do século XIX, refere:




"Apenas o viajante sai da freguesia do Cabo da Praia tem logo à vista a magnífica e majestosa Vila da Praia da Vitória, que lhe fica a uma distância de pouco mais de um quarto de légua. (...)"



A vila foi elevado à categoria de cidade a 20 de Junho de 1981, tendo-se designado Vila da Praia da Vitória até 1983.

terça-feira, 10 de junho de 2025

Barbado da Terceira

 


*** BARBADO DA TERCEIRA ***

Barbado da Terceira é uma raça canina com origem na ilha Terceira (Açores), reconhecida em Portugal pelo Clube Português de Canicultura (CPC), desde 13 de novembro de 2004.

O barbado da Terceira é a décima raça pura canina portuguesa reconhecida pelo CPC.

O Barbado da Terceira provavelmente evoluiu de cães trazidos pelos povoadores a partir do século XV, que eram utilizados na recolha do gado.

Cão de gado por excelência, muito ágil, dinâmico, conduz e junta gado com muita facilidade, sendo também utilizado no maneio de gado bravo. É utilizado ainda como cão de guarda, função que desempenha com eficácia. Devido ao seu carácter afável e de ensino fácil, é também um bom cão de companhia.



O reconhecimento da raça deveu-se ao meritório trabalho realizado pela Associação Açoriana de Criadores do Cão Barbado da ilha Terceira.











 


Desenho da artista terceirense Ana Rita Lote










ILHA DOS AMORES (Sanjoaninas 2025)

 

Carimbo comemorativo
(Oferta dos Correios de Portugal)

*** ILHA DOS AMORES ***
No próximo dia 3 de junho abrirá ao público uma exposição filatélica dedicada aos 500 anos do nascimento de Luís Vaz da Camões, na Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, na Sala das Sessões.

Sala das Sessões da
Câmara Municipal de Angra do Heroísmo



No dia 10, pelas 11:00, ocorrerá, nos Paços do Concelho de Angra do Heroísmo, o lançamento de um bilhete-postal, selo personalizado e carimbo comemorativo.


As festas Sanjoaninas evocam Luís de Camões, com o tema ILHA DOS AMORES a servir de base às marchas populares.

Nesta homenagem pelos 500 anos do seu nascimento, se publica o livro com um primeiro capítulo da autoria da Professor Fagundes Duarte explicando o contexto em que surge um dos Cantos dos Lusíadas, aqui publicado na íntegra, a descrever esta fantasia.

Mais dois temas de caráter histórico abordam o tricentenário de Camões nos Açores, em 1880, comemoração de âmbito nacional que catapultou o poeta para figura de primeiro plano.~

Acompanhando esse percurso, o segundo artigo mostra como se foi construindo o dia de Portugal, a 10 de junho. Tudo começou por Lisboa, que declarou feriado municipal, para na fase final da República transformar-se em Festa Nacional.

Com o Estado Novo passou a Festa da Raça e do Império, para depois do 25 de abril se agregar as comunidades a esta cerimónia.

Todo este contexto histórico é explicado pela Professora Isabel João, numa análise sucinta mas bastante expressiva.

Texto de Carlos Enes in FB












*** EXPOSIÇÃO COMEMORATIVA ***

No dia 10, pelas 11:00, ocorrerá, nos Paços do Concelho de Angra do Heroísmo, o lançamento de um bilhete-postal, selo personalizado e carimbo comemorativo.

Programa da CMAH para o dia 10 de Junho



Dr. José Manuel Bolieiro, Presidente do Governo Regional dos Açores
Dr. Guido Silva Teles, Vice-presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo
António Armindo Couto, Presidente do Núcleo Filatélico de Angra do Heroísmo
Dr. Pedro Catarino, Representante da República para os Açores
Dr. Luís Garcia, Presidente da Assembleia Legislativa da R. A. dos Açores


FOTORREPORTAGEM

Clicar aqui -> ILHA DOS AMORES - 500 ANOS DE LUÍS VAZ DE CAMÕES





Reportagem da VITECAZORES

Clicar aqui -> VITECAZORES - REPORTAGEM

segunda-feira, 26 de maio de 2025

TAC - Terceira Automóvel Clube (50 anos)

 

*** TAC – TERCEIRA AUTOMÓVEL CLUBE ***






A 5 de Dezembro de 1973 são aprovados os seus Estatutos.  A 24 de Setembro de 1974, conforme boletim do Instituto Nacional de Estatística, o clube tinha no seu livro de registos 126 associados. A 26 de Maio de 1975 foi constituída por escritura pública.

Carimbo comemorativo
(Oferta dos Correios de Portugal)

Em Dezembro de 1975 organiza a sua primeira prova oficial de automobilismo, denominada “I Circuito do Cabrito”, alcançando grande sucesso, merecendo da Comissão Regional de Turismo da Ilha Terceira um voto de louvor.

Medalha comemorativa 


Após a obtenção junto do Automóvel Club de Portugal do Título de Organizador de Provas Desportivas (Alvará n.º 50, de 29 de Agosto de 1977), a 2 de Abril de 1978 o Clube organiza oficialmente o primeiro rali, denominado “Rali da Primavera”. Seria o iniciar de um calendário regular de provas, Perícias, Rampas e Ralis passariam a fazer história no panorama desportivo regional, muito em especial no desporto motorizado.

Selo personalizado

A família do TAC cresceu para nos oferecer ainda mais motivação e encher-nos de orgulho, porque na realidade é o único clube dos Açores com mais secções e, contradizendo o próprio nome Terceira Automóvel Clube, a nossa velocidade não se resume só aos carros de rali ou ao desporto motorizado.


Mr. "Bill", diminutivo de William, foi um  Standard Triumph, fabrico inglès, década de 40 do séc. XX, propriedade dos irmãos Brasil, João Ilídio e Rui Natal, onde Rafael Barcelos, em 1969, desenha e pinta, pela 1-ª vez a sigla TAC da autoria deste. Dão a conhecer o sonho de criar este grande clube.

Na fotografia o Mr. “Bill” com a sigla TAC (1969













Bilhete-postal Máximo


Bilhete-postal




Dr. Álamo de Meneses - Presidente da CMAH
Sr. Paulo Silveira - Presidente do TAC
António Couto - Presidente do NFAH
Sr. Rui Castro - Representante dos CTT nos Açores


sábado, 24 de maio de 2025

Santo Cristo dos Milagres






Senhor Santo Cristo dos Milagres
(A origem do culto)

A documentação disponível atribui ao Papa Paulo III (1534-1549) a oferta da imagem a religiosas que se terão deslocado a Roma no sentido de obter uma Bula Pontífica que as autorizasse a instalar o primeiro convento da Ilha de São Miguel, na Caloura ou no Vale de  Cabaços. Contudo, do confronto de diversos documentos levanta-se a hipótese de tal doação poder ser atribuída ao seu antecessor, o Papa Clemente VII (1523-1534).
Em virtude do Convento da Caloura, erguido sobre um rochedo à beira-mar, se encontrar demasiado exposto aos ataques de piratas e corsários, então abundantes nas águas do arquipélago, cedo as religiosas ter-se-ão transferido para outros estabelecimentos religiosos, entretanto constituídos na ilha: o Convento de Santo André, em Vila Franca do Campo, e o de Nossa Senhora da Esperança em Ponta Delgada. Entre as que a este último se dirigiram, refere-se o nome de Madre Inês de Santa Iria, uma religiosa oriunda da Galiza, que levou consigo a imagem do "Ecce Homo" (1541), que lá permanece até aos nossos dias.

O culto ao Senhor Santo Cristo


O culto ao Senhor Santo Cristo dos Milagres tomou impulso a partir dos séculos XVII e XVIII, dentro dos princípios adotados pela Igreja Católica no Concílio de Trento, no sentido da defesa da importância do culto e da adoração de imagens, um dos princípios de divergência em relação à Reforma Protestante.
Deve-se à irmã Teresa da Anunciada o atual culto ao Senhor Santo Cristo. Esta religiosa deu entrada no Convento da Esperança no século XVII, juntamente com uma sua irmã, Joana de Santo António. De origem nobre e de personalidade forte, a profunda devoção que a irmã Anunciada alimentava, e as suas características de santidade, fizeram com que fosse comumente tratada como "Madre", cargo que, na realidade, nunca desempenhou.
Desde o momento em que deu entrada no convento, Teresa da Anunciada adotou uma atitude de profunda devoção e entrega à antiga imagem do "Ecce Homo", com a qual estabeleceu uma íntima relação e à qual chamava carinhosamente de "seu Senhor" e "seu Fidalgo".

As duas irmãs terão tido a sua atenção despertada, e terão despertado a da população em geral, para o carácter milagroso da imagem. Joana de Santo António, antes de ser transferida para o Convento de Santo André, terá alertado nomeadamente para o poder milagroso de uma estampa que cobria a abertura do peito da imagem.
Teresa da Anunciada não se poupou a esforços para engrandecer a imagem do "Ecce Homo", apelando à vassalagem e entrega por parte de todos à mesma. Embora com entraves por parte de uma abadessa do convento, conseguiu que se erigisse uma capela condigna para a imagem, assim como que a imagem fosse ornada com todas as insígnias próprias de majestade. Para esses fins, contou com as esmolas de inúmeros crentes em toda a ilha, do reino e mesmo das colónias, assim como o apoio da própria Coroa.

Pedro II de Portugal, por alvará de 2 de Setembro de 1700, concedeu uma tença de 12.000 réis para manter constantemente acesa uma lâmpada  de azeite diante do altar do Senhor Santo Cristo. Foi ainda a irmã Anunciada quem organizou e instituiu a procissão anual do Senhor Santo Cristo dos Milagres, com o apoio e a colaboração da população.
Na atualidade, quando das festas em honra do Senhor Santo Cristo, uma multidão acorre ao Campo de São Francisco e ao Convento da Esperança que, por esta altura, assumem o papel de santuário, numa manifestação de profunda devoção, fé e respeito. Além de se prestar homenagem à imagem do Senhor, são pagas as promessas feitas.
Ao longo do restante do ano, a imagem encontra-se guardada numa capela do convento, localizada em frente e em sentido oposto ao altar-mor da igreja, separada da nave por um gradeamento.

A procissão


A primeira procissão em homenagem ao Senhor Santo Cristo ter-se-á realizado por iniciativa da irmã Anunciada, com o apoio da população da ilha, na sequência de uma crise sísmica prolongada, e com o intuito de aplacar a ira divina. Para esse fim, a imagem foi transportada para o altar-mor da igreja do convento, ponto a partir do qual terá partido a procissão, que percorreu todas as igrejas e conventos de Ponta Delgada. De acordo com documentos da época, mal a imagem surgiu à porta da igreja o povo se encheu de grande comoção e a crise sísmica terá parado.
A data desta primeira procissão é ponto de controvérsia entre os estudiosos: de acordo com o pesquisador Urbano de Mendonça Dias ter-se-á realizado a 11 de Abril de 1700; Luciano Mota Vieira, por outro lado, aponta o ano de 1698..
O fato é que, após a primeira procissão, a mesma tem-se repetido anualmente até à atualidade, sem interrupções, salvo raras excepções, por motivos meteorológicos.


No dia de Sábado muitos devotos prestam homenagem ao Senhor Santo Cristo e pagam promessas, por vezes de joelhos no chão, no Campo de São Francisco. À tarde, a imagem é entregue pelas irmãs do convento à irmandade responsável pela festa e levada em procissão para o altar-mor da igreja do convento, onde pernoita até domingo (atualmente, por motivo de escassez de espaço, a imagem pernoita na Igreja de São José, contigua ao Campo de São Francisco).
Na noite de Sábado para Domingo muitos devotos afluem, em romaria, de todas as direcções, para passarem a noite em adoração. Na tarde de Domingo realiza-se então a grande procissão, cortejo que percorre as principais artérias da cidade, passando por igrejas e mosteiros.
Saliente-se nas festas a exuberante iluminação que decora o Convento da Esperança e o Campo de São Francisco, motivo de grande atracção para locais e para turistas.