sábado, 29 de fevereiro de 2020

Os Jesuítas nos Açores




A Companhia de Jesus

A história dos jesuítas em Portugal está dividida em quatro períodos: o primeiro vai de 1540 a 1759, o segundo de 1829 a 1834, o terceiro de 1848 a 1910, e o quarto e último do exílio à actualidade.

PRIMEIRO PERÍODO ( 1540 a 1759 )


Inácio de Loiola
Fundador da Companhia de Jesus
A vinda dos jesuítas para Portugal deve-se ao rei D. João III a quem Diogo de Gouveia indicara a existência de um grupo de clérigos capazes de converter a Índia. Então Inácio de Loiola enviou para Portugal o navarro Francisco Xavier e o português Simão Rodrigues.

O primeiro partiu no ano seguinte para a Índia enquanto que o segundo ficou encarregue de criar a Província de Portugal, que foi criada em 1546 tendo sido a primeira província da Ordem.

Foi graças a alguns benfeitores, com especial destaque para a família real, que o crescimento da Companhia de Jesus em Portugal se deu de uma maneira extremamente rápida. Em 1542, foi fundado o Colégio de Jesus em Coimbra que tinha como objectivo a formação dos membros mais novos da Ordem.



Foi no entanto em Lisboa no ano de 1553 que foi inaugurado o primeiro Colégio no qual os jesuítas deram aulas públicas: O colégio de Santo Antão. Em 1559, foi fundada pelo Cardeal D. Henrique a Universidade de Évora e entregue à Companhia de Jesus.

Com o decorrer do tempo, a acção pedagógica dos jesuítas foi-se espalhando a outras cidades do país como Braga, Bragança, Funchal, Angra, Ponta Delgada, Faro, Portalegre, Santarém, Porto, Elvas, Faial, Setúbal, Portimão, Beja e Gouveia. À medida que iam aumentando o número de casas, ia também aumentando o número de jesuítas: 400 em 1560, 620 em 1603, 662 em 1615, 639 em 1639, 770 em 1709, 861 em 1749 e 789 em 1759.

Os jesuítas em Portugal chegaram a dirigir cerca de 30 estabelecimentos de ensino que formavam a única rede escolar orgânica e estável do País. O ensino era gratuito e aberto a todas as classes. Em meados do século XVIII, o número total de alunos rondava os 20000 numa população de 3000000 de habitantes.

Mas, em Portugal, os jesuítas não estavam só ligados à educação. Também davam catecismo e entregavam-se aos ministérios sacerdotais e a obras de caridade. Ocupavam-se dos presos, visitavam hospitais, assistiam os condenados à morte e, indiferentes aos perigos, excediam-se em generosidade por ocasião de epidemias e calamidades.

Convento de São Francisco
Angra do Heroísmo
Uma das prioridades da Companhia de Jesus era a actividade missionária. Assim, à medida que os portugueses foram chegando cada vez mais longe, os jesuítas acompanharam a sua expansão. Em 1542, Francisco Xavier desembarcou em Goa com dois companheiros e, depois de percorrer várias regiões da Índia, esteve em Malaca e nas Molucas, chegando ao Japão em 1549. Veio a falecer em 1552 quando estava prestes a entrar na China. Apesar disso, as missões continuaram e os jesuítas chegaram a Macau, ao império do Grão Mogol, à China, a Pegu, a Bengala, à Cochinchina, ao Cambodja, ao Tibete, a Tonquim, ao Sião e ao Laos. Em África, os jesuítas estiveram no Congo, em Angola, na Etiópia e em Moçambique. Mais tarde iniciaram uma missão que passava por Cabo Verde e que os levaria depois à Guiné e à Serra Leoa. A primeira expedição ao Brasil deu-se em 1549 e, a partir daí, verificaram-se numerosas levas de missionários.



Convento de São Francisco - Horta
(Colégio dos Jesuítas)

Toda esta actividade foi bruscamente interrompida por decisão do Marquês de Pombal em 1759 ao decretar a expulsão dos jesuítas de todos os territórios portugueses. As causas desta decisão foram sobretudo de ordem ideológica e política. Para A Companhia de Jesus constituía um obstáculo à implementação do seu projecto político iluminista e centralizador.




Igreja do Colégio em Angra do Heroísmo
(Colégio dos Jesuítas)


Uma vez que os jesuítas dominavam o sistema de ensino em Portugal e no Ultramar e tinham um património cultural invejável, eles constituíam um motivo mais do que suficiente para se tornarem uma ameaça para a implementação do sistema. Foi então que o Marquês de Pombal iniciou uma campanha anti-jesuítica tendo feito uma série de acusações contra os jesuítas que foram espalhadas por toda a Europa.





SEGUNDO PERÍODO ( 1829 a 1834 )



Em 1814 a Companhia de Jesus foi restaurada pelo Papa Pio VII. No entanto, os jesuítas só regressaram a Portugal em 1829. Por intermédio do rei D. Miguel, chegaram a Lisboa oito jesuítas que traziam como superior o belga P. Filipe José Delvaux. Abriram um noviciado e iniciaram actividades apostólicas entre a população de Lisboa e dos arredores. Em 1832, D. Miguel entregou-lhes o Colégio das Artes, em Coimbra, mas devido à guerra civil as aulas só se iniciaram no ano seguinte. Em 1834 o exército liberal ocupou Coimbra e os jesuítas foram presos e escoltados até Lisboa tendo ficado presos no forte de S. Julião da Barra donde partiram para Itália.

Nesta curta passagem por Portugal, o número de jesuítas foi de 24 e para além de terem retomado as actividades escolares, estiveram também empenhados em dar assistência aos feridos da guerra civil e às vítimas da epidemia de cólera que ocorreu em 1833.

TERCEIRO PERÍODO ( 1848 a 1910 )


O principal responsável por este regresso a Portugal foi Carlos João Rademaker, que tinha entrado para a Companhia de Jesus em Itália, em 1846.

Rademaker veio para Portugal com o intuito de restaurar a Província de Portugal. Em 1858, deu início ao Colégio de Campolide, tendo tido a colaboração de mais dois jesuítas, um português ainda dos tempos de D. Miguel e um espanhol. Nos anos seguintes juntaram-se mais jesuítas principalmente vindos de Itália e abriu-se um noviciado no lugar do Barro. Em 1863, foi constituída oficialmente a Missão Portuguesa que teve como primeiro superior o italiano P. Francisco Xavier Fulconis. Ainda em 1863, os jesuítas tomaram conta do Orfanato de S. Fiel que transformaram em Colégio.

No início de 1880, a Missão contava nove comunidades com 137 jesuítas. Estavam reunidas então as condições para ser restaurada a Província de Portugal da Companhia de Jesus.

Os dois Colégios, Campolide e S. Fiel, além de outros importantes estabelecimentos de ensino, foram locais de intensa actividade científica. Em S. Fiel, em 1902, foi criada a revista Brotéria que, dirigida pelos professores do Colégio, publicava artigos de investigação nomeadamente nas áreas da botânica e da zoologia.

Em relação à actividade missionária, os jesuítas tiveram uma difícil missão na Zambézia para onde foram enviados entre 1880 e 1910. Os jesuítas da Província de Portugal estiveram também presentes na Índia, Macau e Timor.

Em Outubro de 1910 a Companhia de Jesus foi pela terceira vez expulsa e espoliada dos seus bens em Portugal.

O ambiente de perseguição existia desde os últimos anos da monarquia, mas foi depois da revolução republicana que o governo provisório da República restaurou a lei pombalina de 1759. Os membros da Província de Portugal eram nessa altura 360.



QUARTO PERÍODO ( DO EXÍLIO À ACTUALIDADE )


Depois de consumada a expulsão, a política seguida teve duas vertentes: em primeiro lugar, conservar na Europa o núcleo central da Província de Portugal, constituído pelas casas de formação e algumas residências. Em segundo lugar, reforçar as missões na Índia que, por se encontrarem em território inglês, podiam ser mantidas e, simultaneamente, procurar novos campos de actividade, principalmente no Brasil.

Depois de temporariamente se terem instalado na Holanda e na Bélgica, as principais casas estabeleceram-se em Espanha: o noviciado, o juniorado e filosofado em Santa Maria de Oya, na Galiza, o Colégio para os alunos portugueses em La Guardia, no lado espanhol do rio Minho, a Escola Apostólica em S. Martinho de Trebejo e a redacção da revista Brotéria e do Mensageiro do Coração de Jesus em Pontevedra.



Apesar do exílio, a Província de Portugal aumentou os seus efectivos. Em 1925 eram 380, 179 sacerdotes, 84 irmãos e 117 estudantes. A partir de 1923, abriram algumas residências em Portugal. As casas de formação e o Colégio de La Guardia regressaram em 1932. A Constituição de 1933 aboliu as leis de excepção por motivos religiosos, e o decreto de 12 de Maio de 1941, que reconhecia a Companhia de Jesus como corporação missionária, permitiram normalizar a situação jurídica dos jesuítas em Portugal.

Durante os anos quarenta e cinquenta, os principais centros da presença dos jesuítas adquiriram o estatuto que ainda mantêm. Nos anos setenta, apesar de terem diminuído o número de efectivos, aumentaram a sua presença a Sul do Tejo, principalmente em zonas pobres e pertencentes à classe operária.



Para além da educação, os jesuítas continuaram a publicação regular da Brotéria e surgiram novas revistas de investigação como a Revista Portuguesa de Filosofia e Economia e Sociologia. A publicação da Verbo. A Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, resultou da colaboração entre a editorial Verbo e as instituições culturais da Companhia de Jesus.

Em relação à actividade missionária, os jesuítas estiveram sempre presentes na Índia portuguesa, até à anexação pela União Indiana, em 1961 de Goa, Damão e Dio. Expulsos da Índia, os jesuítas foram para Macau, Moçambique, Timor e Angola. A descolonização abalou profundamente a actividade missionária tendo muitos missionários, vítimas de inúmeras perseguições, tido que regressar à Europa.


Fonte: www.educ.fc.ul.pt














Símbolos da Companhia de Jesus

IHS é a abreviação do nome de Jesus em grego ou da escrita latina do nome como se usava na Idade Média: Ihesus.Trata-se de um trigrama cristológico propagado no século 14 pelo pregador São Bernardino de Sena. No século 16, foi retomado com a significação de “Jesum habemus socium”, que quer dizer, em português, “Temos Jesus como companheiro”.

Depois de São Francisco de Assis, Santo Inácio de Loyola foi quem mais contribuiu para a difusão do monograma. O fundador da Companhia utilizou o símbolo no início de suas principais cartas e escritos. Em forma impressa, usou o IHS como carimbo das principais publicações – por exemplo, na primeira edição do livro dos Exercícios Espirituais e, também, no carimbo oficial da Ordem.



                      Os Jesuítas nos Açores






O primeiro Colégio de Jesuítas de Angra situava-se na Rua de Jesus, segundo pormenor da carta de Linschoten, e foi cedido por João da Silva Canto ao grupo de doze religiosos da Companhia de Jesus, chegados a Angra em 1570. 
          

Colégio dos Jesuítas - São Miguel

No período da descoberta portuguesa, os Açores ficaram dependentes da Ordem de Cristo, quer na vertente espiritual, quer na temporal. O governo temporal da Ordem de Tomar era administrado pelo Grão-Mestre, responsável pela construção, conservação e provisão de parte das igrejas insulares. As capelas-mores e as sacristias (com os respectivos paramentos e ornamentos, incluindo os sinos) eram da responsabilidade do administrador da Ordem, enquanto que o resto dos edifícios (que incluía a torre dos sinos, a pia baptismal, o cruzeiro, os confessionários, o lajeamento do edifício e do adro) era uma competência dos seculares, Competia ainda ao governador da Ordem a nomeação dos sacerdotes insulares e o respectivo sustento económico, sustentado pela arrecadação do dízimo. Esta obrigatoriedade permanecerá sempre adstrita ao governador da Ordem de Cristo e após 1495 será a dinastia de Avis a responsável por todos os sectores de cariz temporal da Igreja açoriana. No plano espiritual, competia ao Prior de Tomar a fiscalização dos preceitos religiosos, designando frades da Ordem para garantir o acompanhamento espiritual dos povoadores e escolhendo visitadores para a observação dos regulamentos canónicos.

Em 1514, com a criação da Diocese do Funchal, a tutela espiritual das ilhas açorianas é transferida para o bispo madeirense, numa fase que durará vinte anos.



Colégio dos Jesuítas - Faial



Colégio dos Jesuítas - Santa Maria
O desenvolvimento do arquipélago dos Açores e a política de gestão religiosa do Império ultramarino encabeçada por D. João III permite à coroa portuguesa a fundação da Diocese de Angra, sedeada na nova cidade de Angra, desvinculando-se da tutela do bispo do Funchal. A bula Aequum reputamus, de 3 de Novembro de 1534, designa o rei de Portugal como Padroeiro da diocese, com incumbências diversas, nomeadamente a apresentação ao Papa dos nomes dos bispos e a apresentação ao bispo de todas as dignidades do Cabido e dos sacerdotes das nove ilhas. Desta forma, a partir de 1534, a coroa portuguesa passa a conjugar a jurisdição temporal (como administradora da Ordem de Cristo) com os benefícios de Padroeira. Apesar da articulação entre a esfera espiritual e temporal, os reis portugueses serão, compreensivelmente, mais eficientes no cumprimento da primeira competência e menos zeladores da segunda. Esta circunstância, que se manterá operacional até ao Liberalismo, vai provocar a deterioração patrimonial de muitas igrejas e ermidas nas ilhas dos Açores, bem como múltiplas queixas por parte de um clero paroquial, economicamente dependente das receitas de um tesouro régio que privilegia outras áreas de investimento. 




Além da estrutura paroquial, as fontes mais antigas referem a importância da espiritualidade franciscana, registada desde os primeiros tempo do povoamento. Logo em 1446, os franciscanos instalam-se em Santa Maria. Ao longo do século XVI, a Ordem de S. Francisco edifica sete conventos nas ilhas mais povoadas: três em São Miguel, dois na Terceira, um em Santa Maria e um no Faial. O desenvolvimento dos conventos franciscanos no arquipélago conduz a que, em 1640, a custódia açoriana seja elevada à categoria de Província. A partir de então, observa-se um novo fôlego franciscano, com a fundação de mais conventos, agora em zonas e ilhas mais periféricas: em São Miguel, os conventos de São Sebastião na vila do Nordeste (1643) e de Nossa Senhora da Ajuda, nos Fenais da Ajuda (1681); em São Jorge, o de São Diogo no Topo (1650); nas Flores, o de São Boaventura em Santa Cruz (1642); no Faial, o de Santo António na Horta (1710); e no Pico, o de São Pedro de Alcântara, em São Roque (1720). 





Colégio dos Jesuítas
Angra do Heroísmo



Este dinamismo leva a que, em 1717, a Província se divida em duas custódias: a de São Miguel, com tutela sobre as duas ilhas do grupo oriental; e a da Terceira, que engloba as ilhas do grupo central e ocidental. Em suma, na primeira metade do século XVIII, os Açores possuem dezoito conventos franciscanos dispersos por todas as ilhas, com excepção da do Corvo. Em relação a outras ordens, refiramos os Carmelitas Calçados, que se instalam na Horta em 1649) e os Jesuítas, que fundam colégios em Angra (1570); em Ponta Delgada (1591) e na Horta (1648). Por sua vez, a presença de ordens religiosas femininas nos Açores foi marcada pela segunda ordem franciscana, as clarissas. Distribuíram-se por 15 conventos: seis localizados na Terceira; seis em São Miguel; dois no Faial e um em São Jorge. No decurso de Seiscentos, foi a vez das Concepcionistas fundarem dois conventos: um em Angra (1608) e outro em Ponta Delgada (1671).



A vivacidade da presença religiosa regular foi acompanhada por um dinamismo espiritual laico. A maioria dos mosteiros, conventos, recolhimentos, igrejas e ermidas açorianas foram fundadas por particulares, padroeiros com objectivos diversos, desde o encaminhamento de alguns dos seus descendentes para uma vida de celibato e recolhimento até à vontade de edificar espaços funerários familiares. Por outro lado, subsistiu uma religiosidade mais formal, que o processo de reforma católica reforçou nos Açores, a par de uma espiritualidade composta de devoções populares, como é o caso do culto à Terceira Pessoa da Trindade, que ainda hoje se mantém com grande pujança nas nove ilhas dos Açores.




A centralidade do culto cristológico (comprovado pela devoção ao Senhor Santo Cristo dos Milagres, em São Miguel, ou Bom Jesus, no Pico) e da devoção mariana (exemplificada pelas romarias realizadas no período da Quaresma na ilha de São Miguel) complementam uma diversidade de comportamentos religiosos que, remontando ao século XVI, ainda hoje caracterizam a prática devocional dos açorianos.








Bibliografia:
AAVV, História dos Açores. Do descobrimento ao século XX, direcção científica de Artur Teodoro de Matos, Avelino de Freitas de Meneses e José Guilherme Reis Leite, Angra do Heroísmo, Instituto Açoriano de Cultura, 2008, três volumes. COSTA, Susana Goulart, Açores: Nove Ilhas, Uma História / Azores: Nine Islands, One History, Berkeley, University of California, 2008.

Autor: Susana Goulart Costa


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Félix José da Costa (1819-1877)

Félix José da Costa

Félix José da Costa nasceu em Angra a 27 de Fevereiro de 1819 e faleceu na mesma cidade a 17 de Janeiro de 1877.

Também conhecido por Félix José da Costa Júnior, foi um político, publicista e escritor açoriano que se destacou no campo da história local,



Biografia

Nasceu na cidade de Angra, filho do homónimo Félix José da Costa, funcionário público e político local que mais tarde ganharia relevo na administração autárquica. Conclui os estudos primários e frequentou os estudos disponíveis ao tempo na cidade de Angra, empregando-se muito cedo como ajudante da pagadoria militar da ilha Terceira.
Com queda para a escrita e para a investigação histórica, manteve uma carreira na burocracia governamental, passando a oficial do Governo Civil do Distrito de Angra do Heroísmo, cargo em que se aposentou. Paralelamente, face à escassez de advogados habilitados na ilha, foi advogado da provisão em Angra, exercendo advocacia sem as habilitações tradicionais, habilitado apenas por uma provisão governamental que a isso o autorizava.
Interessou-se pela política local, tendo sido militante destacado do Partido Histórico e depois do Partido Progressista. A sua adesão ao movimento revolucionário setembrista de 1847, e o apoio à Junta Revolucionária que então se instalou em Angra do Heroísmo, levou a que fosse suspenso do emprego público e deportado para a ilha Graciosa. Atingida a acalmia política, regressou à Terceira e foi reintegrado em 1851 no seu emprego no Governo Civil. Foi várias vezes procurador à Junta Geral do Distrito de Angra do Heroísmo e participou em diversas vereações na Câmara Municipal de Angra do Heroísmo.
Contudo, a sua principal actividade pública foi como jornalista, dirigindo e em boa parte redigindo os periódicos ligados ao seu partido político. Foi proprietário e redactor do periódico intitulado


"O Insulano", mas ganhou grande destaque como coordenador e colaborador de "O Angrense", o jornal progressista da cidade e porte-voz das posições de Teotónio de Ornelas Bruges Paim da Câmara, o 1.º conde da Praia e principal líder político distrital. Também deixou colaboração relevante no "Boletim Oficial do Distrito Administrativo d'Angra do Heroísmo", na Crónica da Terceira e na Revista Universal de Lisboa, entre outra vasta colaboração dispersa por periódicos dos Açores e de Lisboa.


Foi contudo como metódico investigador da história angrense que merece maior destaque. Para além dos artigos na imprensa periódica, alguns dos quais de temática histórica, foi publicando monografias de história local, nomeadamente biografias e outros textos de evocação do movimento liberal. Algumas destas monografias contêm informação de grande importância sobre múltiplos aspectos da vida local e das instituições terceirenses.
Foi agraciado com as comendas da Ordem de Cristo, Ordem de Nossa Senhora da Conceição e Ordem de Santiago. Foi ainda condecorado com a medalha de D. Pedro e de D. Maria. Foi sócio honorário da Academia Filomática do Rio de Janeiro e de outras instituições literárias.



Obras publicadas

  • O Triunfo da Causa da Liberdade. Angra, Imp. da Prefeitura, 1834;
  • Memória histórica do horrível terramoto que destruiu a vila da Praia da ilha Terceira em 15 de Junho de 1841. Angra do Heroísmo, Imp. da Administração Geral, 1841;
  • Noticia biographica de Francisco d'Ornellas da Câmara Paim. Angra do Heroísmo, Tip. do Angrense, 1842;
  • Memória biográfica do terceirense João de Ávila. Angra do Heroísmo, Typ. do Angrense, 1844;
  • Memória estatística e histórica da ilha Graciosa. Angra do Heroísmo, Imp. de Joaquim José Soares, 1845;
  • Memória sôbre a Antiga Academia Militar da Ilha Terceira. Angra do Heroísmo, 1847;
  • Noticiário da honrosa visita de Sua Alteza Sereníssima o sr. Infante D. Luis à ilha Terceira. Angra do Heroísmo, Typ. de M. J. P. Leal, 1858;
  • Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, Açores, Os seus títulos, edifícios e estabelecimentos públicos. Angra do Heroísmo, Tip. do Governo Civil, 1867;
  • Tributo à memória do Conde da Praia da Vitória. Ponta Delgada, Typ. da Gazeta do Povo, 1870.
  • Viagem D’el-rei de Portugal o Senhor D. Pedro V às principais cortes da Europa nos anos de 1854 e 1856;
  • Colecção dos escritos administrativos e literários do conselheiro José Silvestre, quando governador civil de Angra.

Texto parcial in Wikipédia






sábado, 15 de fevereiro de 2020

ANACOM (30 ANOS)


Decorreu a 14 de Fevereiro de 2020, na Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro, em Angra do Heroísmo (Ilha Terceira), a inauguração oficial da exposição "Selos Portugueses de Além-Mar”.


A abertura ao público é hoje, 15 de Fevereiro, e a exposição ficará patente até 30 de Março de 2020.

A ANACOM pretende desta forma alargar o público ao qual é mostrado o património histórico do sector das comunicações existente na Fundação Portuguesa das Comunicações, da qual é instituidor.

Assim, através desta exposição itinerante, a ANACOM abre as portas, gratuitamente, a todos os que queiram conhecer este acervo filatélico constituído por selos emitidos em territórios das ex-colónias de Portugal, que partilham uma história comum. As obras em exposição são testemunhos que documentam um passado e que revelam marcas culturais e identitárias daqueles povos.

Na exposição, que já esteve patente ao público em Lisboa, no Funchal e em Ponta Delgada, serão mostrados 75 selos, que integram o acervo filatélico à guarda da ANACOM, e os desenhos originais nos quais se baseou a produção desses selos.

Associado à inauguração da exposição, foram lançados, pelos CTT - Correios de Portugal e pelo Núcleo Filatélico de Angra do Heroísmo, um selo, um sobrescrito e um carimbo comemorativos dos 30 anos da ANACOM. Teve também lugar a palestra “A História dos Açores e a sua importância para a comunicação transatlântica”, proferida pelo historiador Dr. Maduro-Dias.

A exposição poderá ser visitada na Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro, situada na Rua do Morrão, 42, em Angra do Heroísmo (Ilha Terceira), entre as 9:00 e as 19:00 horas, de 2.ª a 6.ª feira, e das 14:00 às 19:00 horas ao sábado.


ORIGEM
O Instituto das Comunicações de Portugal foi criado em 1981 como órgão regulador do sector das comunicações, exercendo a sua acção na tutela do ministro responsável pela área das comunicações.

O ICP, enquanto instituto público com autonomia administrativa e financeira, iniciou a sua actividade em 1989, tendo por finalidade:
  • o apoio ao Governo na coordenação, tutela e planeamento do sector das comunicações de uso público,
  • a representação do sector,
  • a gestão do espectro radioeléctrico.


Prosseguindo as suas atribuições de acordo com uma perspectiva integrada do desenvolvimento das comunicações em Portugal, o ICP actuava em três grandes áreas:
Assessoria ao Governo, no domínio das medidas de política de comunicações, preparação de legislação e pareceres, representação do Estado Português em organismos internacionais e cooperação internacional;
Regulação do Mercado, no domínio da organização do sector, atribuição e supervisão de licenças e autorizações, estabelecimento de preços, consignação de frequências, controlo da qualidade dos serviços, resolução de conflitos e defesa do consumidor;
Técnica, na gestão do espectro radioeléctrico, fiscalização, certificações e avaliação de conformidade de equipamentos de comunicações.

ICP - Autoridade Nacional de Comunicações (ICP-ANACOM) foi, desde 6 de Janeiro de 2002, a designação do Instituto das Comunicações de Portugal (ICP), em resultado da entrada em vigor dos seus anteriores estatutos (DL 309/2001, de 7 de Dezembro).
      O ICP-ANACOM continuou a personalidade jurídica do ICP, desvinculando-se do    anterior estatuto jurídico de instituto público e assumindo o de pessoa colectiva            de direito público, dotada de autonomia administrativa e financeira e de                património   próprio.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Joaquim Maria da Silva (1830-1913)


Joaquim Maria da Silva


Nasceu em Angra do Heroísmo a 24 de Maio de 1830 e faleceu em Lisboa a 27 de Setembro de 1913.
Filho de Manoel Joaquim da Silva e Andrade e de Ana Maximina das Dores Silva. Após estudos preparatórios na sua terra natal e em Coimbra, matriculou-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra, sendo bacharel em 1854.
Joaquim Maria da Silva, nesse mesmo ano de 1854, publicou na cidade do Porto, logo após ter terminado o curso, uma obra intitulada "Federação ibérica, ou ideias gerais sobre o que convém ao futuro da península", considerada uma das obras pioneiras do republicanismo federal. Defensor do ideário iberista na forma do republicanismo federal, o ensaio é uma obra pioneira no contexto ibérico.

Buscando inspiração no caldo doutrinário pacifista, republicano, federal, internacionalista e utópico que então atraía a juventude inconformista, a obra aborda dois temas distintos: a criação da Federação Ibérica e um projecto de bases para uma Constituição Federal dos Estados Unidos da Ibéria. Embora remetendo para um futuro distante a concretização dos ideais defendidos, afirma ter como objectivo contribuir para a construção da res publica ideal através da reunião da família dos povos peninsulares. 
Reconhecendo obstáculos e resistências, conclui ser esse o caminho que deve ser trilhado pelos povos da Península Ibérica. Considerado como paradigma do pensamento político utópico português oitocentista, na sua vertente eucrónica, o texto encerra em tom optimista:

Felizes os que então viverem! Beneméritos da humanidade os que concorrerem com os seus esforços e vontades para o alcance e realização dessa idade de ouro, de paz, de fraternidade.

Fixou-se em Santarém, onde tinha família, aí casando com Maria da Conceição Gomes de Carvalho, irmã da esposa de cândido Cardoso Calado, visconde e depois conde de Monsanto. Advogado e professor liceal, integrou-se na elite intelectual da então vila de Santarém, privando, entre outros, com Alexandre Herculano, de quem era amigo pessoal e advogado.
No Liceu Nacional de Santarém seguiu uma longa e profícua carreira, tendo ocupado o cargo de reitor.

Joaquim Maria da Silva fundou o Jornal "O Scalabitano", que redigiu e dirigiu. O primeiro número daquele periódico data de 13 de Novembro de 1856, altura em que formou a Empresa Tipográfico-Scalabitana, que sustentou a edição deste jornal, que existiu até 15 de Julho de 1857.

Entre 1884 e 1886 ocupou as funções de presidente da Câmara Municipal de Santarém. Em 1884, deu indicações para a construção do matadouro municipal e redigiu o regulamento dos talhos de Santarém. Para esse fim criou uma comissão executiva composta por João Fagundo da Silva (seu irmão) e João Baptista Augusto dos Santos. Também esteve também envolvido na ideia da construção da Ponte D. Luís, já que a ideia da sua construção se deve não apenas à Junta Geral do Distrito de Santarém, mas também a Joaquim Maria da Silva, uma das personalidades mais evidentes em Santarém na segunda metade do século XIX.
O seu nome é recordado na Rua Joaquim Maria da Silva, em Tremês, Santarém, inaugurada em 2007.

Fonte: Wikipédia

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Ferreira-Deusdado (1858-1918)



FERREIRA-DEUSDADO


Manuel António Ferreira Deusdado  nasceu em Rio Frio, Bragança, a 7 de Abril de 1858 e faleceu em Lisboa a 21 de Dezembro de 1918.


Foi um pedagogo, filósofo, pensador, escritor e publicista português, que se notabilizou pela publicação da Revista de Educação e Ensino, na qual pugnou pela reforma do sistema educativo, com destaque para o ensino da Geografia. Também se dedicou ao estudo da filosofia tomista e da filosofia do Direito, com múltiplos trabalhos sobre as reformas dos sistemas presidiários e penitenciários de reabilitação penal e sobre a imputabilidade. Católico militante e conservador, com um pensamento no qual estão presentes laivos de nacionalismo, é reconhecido como um dos precursores do movimento do Integralismo Lusitano.

Foi um dos co-fundadores da Revista de Educação e Ensino, um periódico dedicado à pedagogia que atraiu a colaboração de alguns dos principais intelectuais portugueses da época. Naquela revista, que se publicou em Lisboa entre 1886 e 1900, e de que foi director e o grande animador entre 1888 e 1900, expendeu a sua visão conservadora e anti-liberal da educação, o que lhe valeria mais tarde os encómios de António Sardinha, que lhe dedicaria a sua obra Ao Ritmo da Ampulheta, escrevendo: Ferreira Deusdado foi um herói da inteligência - um antecipado, e por isso mesmo, sacrificado. Foi por muitos considerado, embora injustamente, um precursor da ideologia do Estado Novo em matérias de educação.


Apesar disso, a Revista de Educação e Ensino é considerada a mais importante publicação de teoria e história das ciências pedagógicas em Portugal.
Interessou-se também pelas metodologias de reeducação e recuperação de delinquentes, dedicando-se ao estudo das reformas dos sistemas presidiários e penitenciários europeus, matéria em que foi um autor de vanguarda, propondo que o cumprimento das sentenças se fizesse em ordem à reinserção social dos presos.

Também se dedicou às questões do ensino da História e da Geografia, disciplinas para as quais elabora os programas da reforma de 1886, nos quais tenta conciliar as posições de europeístas e africanistas.

Apesar da maioria dos seus textos serem sobre temas filosóficos e de discussão de questões penitenciárias, Ferreira Deusdado ganhou um interesse crescente pelo ensino da Geografia, disciplina que reputa de fundamental para a formação da consciência nacional, numa leitura ideológica já eivada de nacionalismo, que se reforça com o ultimato britânico de 1890. Este seu interesse levou-o a publicar, em 1891 e 1892, dois manuais escolares de Geografia, que apesar de inovadores tiveram limitado sucesso editorial, em parte devido à imposição do uso do compêndio oficial único.

Para além de múltiplos artigos em periódicos e comunicações diversas, escreveu e publicou várias obras, que alcançaram honrosas referências tanto em Portugal como no estrangeiro.

Nos seus escritos revelou qualidade estilística, revelando-se detentor de um notável pensamento filosófico com maior incidência e acuidade nas áreas da antropologia cultural, nas ciências da educação, na moral e na ética, as quais abordou num quadro de idealismo realista. Católico empenhado, aderiu ao movimento neotomista, historiando a tradição portuguesa de pensamento tomista. Este interesse pelo pensamento de São Tomás de Aquino mereceu-lhe o louvor do futuro cardeal Désiré-Joseph Mercier, primaz da Bérlgica, que então promovia o movimento de renovação tomista nas escolas do seu país.

Tendo ganho renome internacional como distinto e moderno pensador, durante este período foi delegado do governo português em diversos congressos internacionais, entre os quais o IV Congresso Penitenciário Internacional, que reuniu em São Petersburgo, Rússia, no ano de 1890, onde foi eleito vice-presidente de honra. Outro evento em que participou foi o III Congresso de Antropologia Criminal. Realizado em 1892 na cidade de Bruxelas, do qual foi eleito presidente de honra.

Neste período foi alvo de várias distinções oficiais e académicas em diversos países europeus. Foi sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa, da Real Academia de História de Madrid e comendador da Ordem Imperial de Santo Estanislau da Rússia, e recebeu a comenda da Ordem de Isabel a Católica. Foi homenageado com o doutoramento honoris causa, em Filosofia e Letras, pela Universidade Católica de Louvain.
Quando a reforma liceal de 1894/1895 levou à subalternização do ensino da Geografia, insurge-se, praticamente isolado, contra a perda de importância de uma disciplina que considerava central. Com isso desencadeou uma polémica leva o Governo a pronunciar-se, e forma inédita, sobre o significado escolar da Geografia nas páginas do Diário do Governo.




Na sequência daquela polémica, publicou em 1896 um trabalho de defesa do ensino da Geografia que intitulou A Reforma do Ensino Geográfico: princípios pedagógicos em Geografia.

Esta obra foi a primeira, e uma das poucas, publicada em Portugal sobre o ensino de Geografia.
Em conflito aberto com o Governo, foi com um certo sabor a exílio que este polémico católico conservador, após uma breve passagem por Braga, foi colocado em 1900 no Liceu de Angra do Heroísmo. Ali, durante cerca de 17 anos, foi professor de História e Geografia e, durante alguns períodos, reitor interino.
Enquanto foi professor do Liceu de Angra do Heroísmo, cargo em que se reformou, levou a efeito importantes inovações pedagógicas e metodológicas. A sua inserção no meio açoriano, a colaboração generosa que deu a vários jornais das ilhas Terceira e São Miguel, para os quais escreveu artigos históricos e sobre lendas açorianas, para além dos estudos que dedicou às ilhas, tornaram-no um açoriano adoptivo. Foi notável a sua colaboração com Ernesto Ferreira, em cuja revista ‘’Phenix’’, que então se publicava em Vila Franca do Campo, publicou interessantes artigos. Na sua colaboração utilizava com frequência o pseudónimo Cavaleiro de Ferreira.


Ferreira Deusdado interessou-se pelas tradições culturais de Trás-os-Montes, o seu folclore e tradições, bem como pela língua mirandesa, promovendo a publicação na Revista de Educação e Ensino uma tradução para mirandês de parte do Novo Testamento, um dos primeiros textos publicados naquela língua. O seu sobrinho, Domingos Augusto de Miranda Ferreira Deusdado, continuou o seu trabalho neste campo, afirmando-se como regionalista transmontano e cultor da língua mirandesa.
Durante a sua permanência nos Açores também se interessou pela história e tradições culturais açorianas, publicando diversos artigos sobre a matéria e escrevendo uma obra de cunho regionalista que intitulou Quadros Açóricos.
Faleceu em Lisboa, onde fora procurar cura para as doenças que o afligiam, num relativo esquecimento. Apesar disso, Ferreira Deusdado é uma referência obrigatória para a história da educação, com a generalidade dos estudiosos a se lhe referirem em termos elogiosos, e para a história da filosofia do Direito em Portugal.

A Associação Portuguesa de Geógrafos atribui o Prémio Ferreira-Deusdado, um prémio bienal de carreira dirigido a professores de Geografia do ensino básico e secundário, com 36 ou mais anos. 

O Prémio Ferreira-Deusdado é patrocinado pela Câmara Municipal de Bragança, concelho de onde era natural o Dr. Manuel António Ferreira-Deusdado.
Fonte: Wikipédia

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Museu do Vinho dos Biscoitos




Museu do Vinho dos Biscoitos





Museu do Vinho dos Biscoitos é um museu dos Açores localizado na freguesia dos Biscoitos, concelho da Praia da Vitória, ilha Terceira, arquipelago dos Açores.


Este museu que procura contar os 430 anos de história da cultura da vinha na freguesia dos Biscoitos e que igualmente procura integrar-se na tradicional paisagem de produção de vinho dos biscoitos, actualmente Região Demarcada, foi inaugurado em 2 de fevereiro de 1990, durante as comemorações do centésimo aniversário da Casa Agrícola Brum pelos herdeiros de Francisco Maria Brum, antigo produtor de vinha da freguesia dos Biscoitos.



Neste museu é possível ver todo o processo de produção de vinho, desde o cultivo da videira até à maturação da vinha e à transformação desta em vinho ou nos seus subprodutos.










Aqui encontram-se também toda uma colectânea de alfaiais agrícolas ligadas ao amanho do corrais onde a videira é cultivada de forma a ficar abrigada das inclemências dos clima.

O edifício do museu propriamente dito encontra-se localizado à Canada do Caldeiro, a 50 metros do centro da Freguesia dos Biscoitos, a 18 km da cidade de Angra do Heroísmo e a 22 km da cidade da Praia da Vitória.

O museu é a fachada de uma propriedade com 10 alqueires, para além dos mais 60 que englobam a exploração de Verdelho e é constituído pelas seguintes secções: uma adega destinada ao Vinho Verdelho, uma destilaria, uma Sala etnográfica, uma Sala de provas, uma Casa típica onde é feito o engarrafamento do Verdelho do Museu, uma Casa típica que é a sede da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos, um campo ampelográfico, uma latada, vários pátios que alojam peças de lagares, uma torre, uma eira, um palheiro com dois pisos.

Neste museu encontram-se vários tipos de produtos vitivinícolas feitos com as vinhas da região como é o caso:
  • Brum, (I), vinho Vinho Licoroso de Qualidade Produzido em Região Determinada (VLQPRD), do tipo licoroso feito com as castas de Verdelho dos Açores e Terrantez (vestígios), que alcança teor alcoólico de 17º vol. ou 134 g/litro.
  • Brum, (II), vinho VLQPRD, do tipo licoroso feito com as castas de Verdelho dos Açores e Terrantez (vestígios), que alcança teor alcoólico de 17º vol.
  • Donatário, vinho do tipo branco, feito com as castas de Verdelho dos Biscoitos, que alcança um teor alcoólico de 12%.
  • Chico Maria, (I), do tipo Seco, licoroso, elaborado com as castas de Verdelho dos Açores e que alcança um teor alcoólico de 17%.
  • Chico Maria, (II), do tipo meio seco e licoroso, elaborado com as castas de verdelho dos Açores e vestígios de Terrantez da Terceira, alcançado um teor alcoólico de 18%.
  • Chico Maria, (III), do tipo doce e licoroso, elaborado com as castas de Verdelho dos Açores e vestígios de Terrantez da Terceira, alcançado um teor alcoólico de 19%.


Canto ao Vinho!
(Autora: Azoriana)

Ó vinho delicioso
Que adoças a garganta
Para mim és glorioso
És do bago que me encanta.

És o nectar fabuloso
Que no paladar se planta
És o bom vinho, famoso,
Que até o humor levanta.

Cálice de tom divino
Maresia do lendário
De sabor puro e fino.

Casa Brum, Chico Maria,
Nobre Museu, Donatário,
Resistência mais Confraria.

Casa Agrícola Brum


Administrada pela quinta Geração dos Brum esta empresa continua a laborar no campo da vitivinicultura. Fundada por Francisco Maria Brum, em 1890, na sua Casa das Fontinhas, sete anos depois muda-se para os Biscoitos, onde principiara um importante trabalho de reconversão da vinha com puas vindas de pés francos recolhidos, inicialmente, no Porto Martins e na Caldeira das Lajes, que foram enxertadas em bacelos vindos do Continente, os chamados localmente “resistentes” ao filoxera. Homem de espírito dinâmico e sem esmorecimento perante adversidades recuperou vastas áreas de biscoito que ia adquirindo para implantação de novas cepas.

Manuel Gonçalves Toledo Brum seguiu as pisadas do pai e constrói nova adega cujo filho, Fernando Linhares Brum, não fugindo à regra dos antecessores, com produção acrescida, dota a Casa com adequadas infraestruturas ao contexto então vivido.

Reconhecendo e louvado o seu esforço e empenho como empresário, em 1987, o Presidente da República Portuguesa Doutor Mário Soares, em 10 de Junho, atribuiu o Grau de Comendador da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial (Classe de Mérito Agrícola) a Fernando Brum.


À frente dos destinos da Casa Agrícola Brum Lda. dedicando-se aos campos da Agricultura, Pecuária e Silvicultura, Luís Mendes Brum sempre privilegiou o desenvolvimento da vitivinicultura, área que domina com grande à vontade levando tal como os seus antecessores a modernizar uma das adegas destinadas a vinhos tranquilos, com equipamentos vindos da Itália. Procedendo ao lançamento do branco “Donatário” hoje uma referência no vinho dos Açores assim como o “Da Resistência”.

Aquando da passagem do testemunho aos seus filhos, em Dezembro de 2007, foi apresentado o branco “Ramo Grande”. No dia do centenário da empresa a Casa Brum abriu ao público o Museu do Vinho (dos Biscoitos).

Foi mais um alto serviço prestado a nível regional e nacional, recebendo anualmente milhares de visitantes. Como espaço cultural ao serviço da população, vem disponibilizando as suas instalações para a Festa da Vinha e do Vinho dos Biscoitos para outras acções culturais. Luís Mendes Brum foi o principal impulsionador do movimento que levou à criação da Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos. Os vinhos desta Casa Agrícola são elaborados com base na casta Verdelho, como os generosos Seco, Meio – Seco e Doce com a marca “Chico Maria” em homenagem ao seu fundador e os tranquilos “Donatário”, “Da Resistência” e “Ramo Grande".









A Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos
encontra-se profundamente ligada a esta entidade museológica
sendo um dos seus principais dinamizadores.

1844 - Planta da freguesia de São Pedro,
freguesia dos Biscoitos. Terceira

A planta da freguesia de S. Pedro dos Biscoitos da ilha Terceira referida nesta página,foi traçada e colorida por Joaquim Bernardo de Mello Nogueira do Castello em 1830. Patrício gravou e estampou a mesma em 1844. A Confraria do Vinho Verdelho dos Biscoitos reeditou, 300 exemplares, de parceria com o Instituto Histórico da Ilha Terceira, tendo o mesmo sido apresentado durante as comemorações do X Aniversário da Confraria no Palácio Municipal de Angra do Heroísmo em 10 de Março de 2003.


Na mesma existem referências às Ermidas, Canadas, atalhos e Ruas da Freguesia como por exemplo: Rua Longa, Canada dos Boiões, Rua do Mangas, Caminho da Rocha, Canada do Caldeira, Canada da Galega ( hoje com a designação de Tenente Coronel), Canada das Vinhas, Canada do Rego, Canada da Obra, entre outras.



Origem: Wikipédia