D. Afonso VI (1656-1683)




(O Vitorioso)
 
Reinou de 6 de Dezembro de 1656
a 12 de Setembro de 1683

D. Afonso VI nasceu em Lisboa, a 12 de Agosto de 1643 e morreu em Sintra, a 12 de Setembro de 1683, tendo sidosepultado no Mosteiro dos Jerónimos e trasladado para o Mosteiro de S. Vicente de Fora.



Casou em 1666 com D. Maria Francisca Isabel de Sabóia, que nasceu em Paris, a 21 de Junho de 1646, e morreu em Lisboa, a 27 de Dezembro de 1683, estando sepultada na igreja do Convento das Francesinhas e trasladada em 1912, para o Mosteiro de S. Vicente de Fora, filha de Carlos Amadeu de Sabóia, duque de Nemours, e de Isabel de Vendôme. Morreu sem descendência.




Sexto filho de D. João IV e de D. Luísa de Gusmão. 


Atacado na infância por doença não identificada, fica mental e fisicamente diminuído. Com a morte de seu irmão D. Teodósio e de seu pai, sobe ao trono com treze anos, pelo que a regência ficou entregue a sua mãe. O rei foi crescendo, rebelde a toda a ação educadora, levando uma vida desregrada e manifestando-se perfeitamente incapaz para assumir as responsabilidades do governo.

 
1664 - Cruzado
(400 Réis)



Um dos seus companheiros, na vida de arruaceiro que levava, António Conti, italiano de origem, insinuou-se-lhe de tal maneira que em breve passou a viver no Paço, a convite de D. Afonso VI e a ter influência nos negócios do governo do reino. O escândalo aumentou a um ponto que D. Luísa de Gusmão fez jurar herdeiro do trono o infante D. Pedro e António Conti foi preso. Logo a seguir, o conde de Castelo Melhor executa um golpe de Estado, compelindo D. Luísa a entregar o governo a D. Afonso VI e forçando-a a retirar-se para um convento. 

1663 - 1/2 Cruzado
(Com carimbo de 250 Réis)


Nas boas graças do rei, Castelo Melhor lança-se na sua curta a brilhante carreira política, terminando vitoriosamente com a guerra da Restauração e conseguindo casar D. Afonso com Mademoiselle de Aumale. Em breve a nova rainha entra em conflito com Castelo Melhor. 

1663 - Cruzado
(Com carimbo de 500 Réis)


Giza-se nova conspiração no paço, de que resulta a demissão do conde e a abdicação de D. Afonso VI. D. Pedro toma as rédeas do poder, casa com a cunhada, depois da anulação do casamento desta com D. Afonso e este último é desterrado para Angra em 1669, donde regressa em 1674, sendo então encerrado no Palácio de Sintra até à sua morte.




As festas Sanjoaninas 2019 assinalam a efeméride da chegada a Angra do rei D. Afonso VI, ocorrida a 17 de junho de 1669.



D. Afonso afastado da governação do reino devido à incapacidade que lhe foi atribuída pela fação da aristocracia apoiante do seu irmão, o príncipe regente D. Pedro, e pela impossibilidade em gerar descendência, permanecerá recluso no castelo de S. João Baptista entre junho de 1669 e agosto de 1674.

Período de tensões e movimentações sociais a que a guerra com Espanha e a recentemente readquirida independência nacional não estavam alheias, a necessidade de afirmar a jovem monarquia portuguesa e a supremacia régia face a interesses locais e particulares tem expressão na romântica luta entre dois irmãos (mais uma vez) que tem como palco a cidade de Angra e a sua inexpugnável fortaleza celebrada por, 80 anos antes, ter defendido a soberania nacional face ao ocupante espanhol.

A cidade torna-se centro de espionagem e local de propagação de boatos. O receio de que o rei fosse “libertado” e encabeçasse uma tomada do poder fazia a corte, em Lisboa, recear a ilha e todos os que fossem próximos do rei.

Nestas circunstancias, o fanatismo (representado por uma curiosa personagem local – o místico Lázaro Fernandes) e o despotismo (exercido pelo governador do castelo Manuel Nunes Leitão) propagaram-se rapidamente obrigando a coroa a intervir e a transferir o rei para Sintra – mais uma vez numa situação de detenção.

Os angrenses dividiram-se entre a obediência ao príncipe regente, e o respeito pelo rei infeliz, mas a cidade também teve em conta a sua ambição de manutenção (e possível ampliação) dos privilégios e distinções que lhe haviam sido concedidos após a Restauração, aspetos e memórias de que ainda hoje se orgulha, e quando o rei regressa à capital Angra também regressa ao seu viver tranquilo e vagamente embalado pelas ondas do Atlântico.

Texto de Maria Manuel Velasquez Ribeiro
Design de Rúben Quadros Ramos (CMAH)
 



O rei D. Afonso VI esteve encarcerado nesta sala por 9 anos por ordem de seu irmão (futuro D. Pedro II) . O monarca deposto acabaria por morrer em 1683, sempre acompanhado pelo fiel camareiro que, segundo a tradição dormia no pequeno cubículo comunicante com este quarto. A propósito deste quarto, o embaixador de Carlos II, rei de Espanha, em Portugal comentava que parecia ter sido escolhido mais para enterro do que para habitação.  
Nesta divisão encontra-se um dos pavimentos medievais mais antigos do Palácio e do país, datando provavelmente da campanha de obras do reinado de D. Afonso V, de meados do século XV. O conjunto é composto por azulejos de corda-seca, de vários padrões, decorados com laçarias geométricas de estilo mudéjar, de produção sevilhana, alternando com barras de alicatados, em composição possivelmente local.
 
Apesar de a tradição dizer que a usura do pavimento é devida aos caminhar constante do infeliz monarca entre o leito e a janela, a verdade é que este raro revestimento já tinha mais de dois séculos quando o rei aqui permaneceu preso e, de facto, o desgaste que atualmente apresenta é menor do que se esperaria de um pavimento com mais de cinco séculos.
 
Cortesia: Francisco Miguel Nogueira

 

350 anos depois, a 21 de Junho de 2019, D. Afonso VI é homenageado pela CMAH com uma estátua no Monte Brasil.


 
 
 
 








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