Santos Populares
(Origens)
Eram as “Maias” cantos litúrgicos dedicados no mês de Maio, à Virgem Maria, Porém, tendo-se adulterado o seu carácter religioso, com povo a fazer bailados nas ruas das cidades, forma consideradas pagãs e assim, foram proibidas no século XIV, por ordem de El-Rei Dom João I. O povo que sempre gostou de cantar e bailar, passou todavia, a celebrar outra festa, oriunda da bênção dos primeiros frutos, em Quinta-Feira de Ascensão de Jesus Cristo: o “Dia da Espiga”, o povo vai aos campos para recolher, raminho de oliveira, rosmaninho, malmequer, papoila e trigo. Ainda hoje na «Quinta-Feira da Espiga», há esta tradição chegando a haver vendedores de rua a vender o “Raminho da Espiga” e que segundo a tradição é guardado em casa até ao ano seguinte.
Por meados do século XVIII, os franceses durante o período napoleónico, iniciaram a moda de dançar as marchas militares, realizavam em Junho para celebrar a tomada da Bastilha a que chamavam “marche aux falambeaux ” em que o povo desfilava com uns archotes acesos na mão.
Este costume foi
adoptado pelos portugueses que lhes passaram a chamar “Marcha ao flambó"
(portanto adaptação do termo francês), só que nós os portugueses substituímos os
«archotes revolucionários dos franceses» por "balões de papel" e "fogo de
artificio", que tinham sido costumes trazidos da China no século XVII, e que jà
eram usados nos arraiais e feiras por todo o País, e
assim as antigas danças e cantares
de "Maio à Virgem Maria" que entretanto tinham sido proibidas foram
transpostas para o mês de Junho, passando a celebrar-se as festas dos «Santos
Populares», “Santo António, São João e São Pedro
“.
Lisboa veste-se de cravos rubros que são esplendor em Junho festivo, de vasos com manjericos nas janelas, sendo costume colocar na copa do manjerico, um cravo encarnado com uma bandeirinha hasteada com uma quadra popular escrita.
Se eu fosse o cravo
vermelho
Que trazes sobre o teu
peito
Por muito que fosse
velho
Não te guardava
respeito
Cravo manjerico e
vaso
E uma quadrinha
singela
Tudo lhe dei... Não fez
caso!...
Pronto! Não caso com
ela
Ateia-se uma fogueira para assar as sardinhas, mas os rapazes e raparigas saltam e bailam á sua volta até ao raiar do dia.
A alcachofra brava, também
tem o seu simbolismo nestas festividades, quem queria saber se era
correspondida/o no amor pelo namorado, devia chamuscar na fogueira, a alcachofra
em flor, e sea mesma passados alguns dias voltasse a florir, era sinal que o
amor era sincero e daria em casamento.
Sobre o saltar à fogueira,
houve também muita inspiração para versos mais
“malandrecos”
Ou ela não usa
calças
Ou as tem na
lavadeira
Dei por isso ontem à
noite
Quando saltava à
fogueira
As Marchas têm um ritmo
diferente do Fado: mais cadenciado, mais vivo e de métrica poética menos
uniforme, sempre enriquecida pelo «estribilho» , o refrão no Fado, mas arcos,
balões, cravos manjericos, alcachofras, fogueiras e danças não deixam de ser
motivos de inspiração para os letristas de Fado.
«Quando chega o mês de
Junho
Mês dos Santos Populares
Reina uma santa alegria
Traduzida em mil
cantares!
É Santo António?
Ou São João?
Será São Pedro
O de maior
devoção?»
O nome de
Junho deriva do latim Junius, de Júnio Bruto, ou deve-se ao facto de ser
consagrado a Juno, rainha dos deuses e mulher de Júpiter, na mitologia romana.
Equivale à deusa grega Hera e, como ela, era protectora das virtudes femininas,
para além da rainha do céu, protectora do Estado, ao mesmo nível de Júpiter e
Minerva, com quem formava a Tríade Capitolina. (O Monte Capitolino era o mais
ilustre das colinas de Roma, sobre o qual se erguia o Templo de Júpiter, rodeado
de Juno e Minerva).
Datas das efemérides (publicações próximas)
Santo António a 13 de Junho
São João a 24 de Junho
São Pedro a 29 de Junho
Fonte: http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/33309.html
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