domingo, 29 de setembro de 2019

Câmara Lima (1868-1928)




Teotónio Simão da Câmara Lima nasceu em Angra do Heroísmo a 1 de Abril de 1868 e faleceu em Lisboa a 26 de Janeiro de 1928, mais conhecido por Câmara Lima, foi um tradutor, jornalista e dramaturgo português.

Biografia

Câmara Lima era filho de Maria Guilhermina Pamplona Corte-Real, originária de uma das mais antigas famílias da ilha Terceira e de seu marido, Gonçalo Rodrigues da Câmara Lima, advogado de provisão, delegado do Procurador Régio e escritor.

Estudou no Liceu de Angra do Heroísmo, mas não concluiu o curso por se ter mudado com a família para Lisboa.



Em Lisboa trabalhou entre 1886 e 1916 como oficial dos Correios e Telégrafos ao mesmo tempo que desenvolvia uma intensa actividade como publicista, publicando em numerosos periódicos crónicas e artigos de costumes. Na imprensa revelou-se um humorista de grande finura de espírito, sendo um dos pioneiros do género em Portugal. também publicou alguns artigos de cariz político, nos quais se revela apoiante de João Franco.

Assinava algumas das suas colaborações com o pseudónimo de J. David Airada.

Foi memorável a sua colaboração no Correio da Manhã, de Lisboa, no ABC e no Correio dos Açores, onde manteve uma secção intitulada Cartas ao meu amigo José Maria. Também se encontra colaboração da sua autoria nas revistas Brasil-Portugal (1899-1914) e Tiro e Sport (1904-1913).


1905 - Carta de Câmara Lima a
Ana de Castro Osório (1872-1935)
Escritora, Jornalista, Pedagoga e Feminista


Publicou várias obras, na sua maior parte peças teatrais, com destaque para as comédias, e compilações das crónicas publicadas na imprensa periódica. Colaborou com Alfredo de Mesquita, parente da esposa, em algumas peças e libretos para teatro de revista.


1921 - Carta de Câmara Lima a
Ayres D'Ornelas (1866-1930)
Dirigente monárquico, Militar e Escritor


Traduziu do francês numerosas obras, de autores tão díspares como Fiódor Dostoiévski, Charles Dickens, Mark Twain e Edgar Allan Poe. Um estudo sobre D. Afonso VI na Terceira que não chegou a ser comercializado.

Teotónio Simão da Câmara Lima casou com Maria José de Mesquita Pimentel, de ascendênia florentina mas natural de Angra do Heroísmo, sendo pais da poetisa e professora Marta de Mesquita Câmara (1894-1980).

 

Principais obras publicadas

  • 1907 — Favas contadas (revista de costumes em 3 actos). Lisboa, Imprensa Lucas.
  • 1913 — Águas passadas : Notas de um velho canhenho. Porto, Magalhães & Moniz Ld.
  • 1919 — Beco do Fala-só. Lisboa, Companhia Editora Americana.
  • 1924 — Para as vossas orelhas moucas. Lisboa, Portugália.
  • 1926 — Cartas a mulheres e bilhetes a toda a gente. Porto, Imp. Civilização.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Alberto Telles (1840-1923)




Alberto Teles de Utra Machado nasceu em São Pedro, Angra do Heroísmo, a 24 de Janeiro de 1840 e faleceu em Oeiras, São Julião da Barra a 12 de Janeiro de 1923.

Foi um jurista, escritor, publicista e político, formado em Direito pela Universidade de Coimbra em 1863. Assinou parte da sua obra literária como Alberto Telles. Foi sócio correspondente da Academia de Ciências de Lisboa, afirmando-se como um literato entre a elite lisboeta da época.

Biografia

Filho de José Prudêncio Teles de Utra Machado e de Violante Telles de Utra Machado, uma família originária da cidade da Horta, Faial. O pai, bacharel em Direito, viria a repartir a vida profissional entre a magistratura e a advocacia. Depois de uma curta experiência como juiz de fora no Pico durante o regime miguelista, abriria banca de advogado em Angra do Heroísmo, tendo mais tarde sido reintegrado e nomeado delegado do procurador régio e juiz. No seguimento desta carreira a família instalou-se em Lisboa.

Tal como o pai, formou-se bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, tendo concluído o curso em 29 de maio de 1863. Nos tempos de estudante foi amigo próximo de Antero de Quental.

Essa amizade levou a que quando em dezembro de 1861 os primeiros sonetos de Antero de Quental foram dados à luz em livro, a obra teve no frontispício como editor o nome Sténio, pseudónimo de Alberto Teles Utra Machado. A obra contém um poema de apresentação da autoria de Alberto Teles, intitulado Pela mão vos trago o vate.
 
Terminado o curso, fixou-se em Lisboa, e ingressou na administração pública. Foi primeiro oficial do Ministério da Justiça e Negócios Eclesiásticos e depois, por Decreto de 27 de junho de 1903, nomeado chefe da 2.ª repartição da Direcção-Geral dos Negócios Eclesiásticos. Foi também professor do liceu.




Dedicou-se à escrita, publicando uma vasta obra, em boa parte dispersa por periódicos, nos quais, assinando como Alberto Telles, foi um publicista de razoável sucesso.

Também se dedicou à tradução, traduzindo do inglês e do francês. Traduziu autores de grande notoriedade na época, entre os quais Théophile Gautier e Lord Byron. Deste último foi o tradutor da versão portuguesa de Childe Harold’s Pilgrimage, assinando ainda opúsculos sobre a passagem do poeta por Portugal e sobre a vida do escritor Camilo Castelo Branco. Colaborou com o banqueiro filantropo Júlio de Andrade, membro abastado da burguesia de Lisboa e um dos fundadores da Sociedade Protectora dos Animais, na produção de obras destinadas a serem distribuídas gratuitamente pelas escolas.

A sua colaboração na imprensa foi longa e intensa, tendo escrito para periódicos influentes, maioritariamente da cidade de Lisboa. Firmando os seus artigos, com o nome de Alberto Telles, olaborou em múltiplos periódicos, entre os quais O Occidente  (1878-1915),República das Letras (1875), A Ilustração Portugueza  (1884-1890) Archivo Pitoresco  (1857-1868), Esmeralda Atlântica, O Mundo (1882) e Arte & Vida.


Apesar de ter saído jovem dos Açores, produziu trabalhos sobre história insular e foi autor de uma corografia do arquipélago que alcançou sucesso. Também publicou sobre temas de higiene e saúde, maioritariamente traduções de obras inglesas, com destaque para os trabalhos do higienista britânico Pye Henry Chavasse.

Casou com Maria José de Campos Pais e foi pai dos militares e políticos Francisco Pais Teles de Utra Machado e Fernando Pais Teles de Utra Machado.







Comendador da Ordem Militar de Cristo
 Comendador da Ordem Militar de Avis
 Comendador da Ordem Militar da Torre e Espada
 Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada



Obras publicadas

Entre muitos trabalhos dispersos por periódicos dos Açores e Lisboa, é autor das seguintes obras:
  • Cantos açorianos: D. Afonso VI, fragmento, Angra do Heroísmo, 1877.
  • Rimas, Coimbra, 1863.
  • Lord Byron em Portugal, Lisboa, 1879.
  • In memoriam, pref. Alberto Telles de Utra Machado.- 2ªed.- Lisboa : Academia Real das Sciências, 1888.
  • Corografia Geral dos Açores, Lisboa, 1889.
  • Bento de Moura Portugal in Memorias da Academia Real das Sciencias Moraes, Politicas e Bellas-Letras, Nova série – Tomo VI, Parte II (Volume L da Collecção). Lisboa, 1892.
  • Defesa dos Açores 1581-1585. Esboço crítico da obra do sr.Cesáreo Fernandez Duro, La conquista de las Azores en 1583.
  • Doenças infecciosas e maneira de as evitar
  • Economia domestica com os preceitos de hygiene applicados á vida e arranjos de casa
  • Elementos de Moral expostos em lições faceis para o ensino domestico e escolar
  • Hygiene das escolas leis sanitárias applicaveis á vida escolar
  • Advertencias ás mulheres casadas sobre o tratamento da sua saúde e de alguns padecimentos que ocorrem na gravidez, parto e amamentação (tradução de uma obra dePye Henry Chavasse)
  • Peregrinação de Childe Harold - poema (tradução da obra homónima de Lord Byron).
  • Tratamento dos doentes em casa e no hospital manual para as famílias e enfermeiras
  • Sê poupado

Fonte: Wikipédia