quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Chá dos Açores









História:

A primeira notícia que se conhece a respeito do chá nos Açores data de 1801, donde se pode concluir que já nos finais do século XVII se conhecia esta planta nos Açores. Esta notícia constitui a primeira referência à presença da planta do chá em Portugal.



Sobrescrito de 1º dia com a série filatélica


Trata-se de uma carta enviada pelo governador-geral, datada de 11 de junho de 1801, acompanhando a remessa de dois caixotes de chá de Angra (ilha Terceira) para o Continente português.


Sobrescrito de 1º dia com o bloco filatélico


Dela consta: «... e satisfazendo à primeira determinação do mesmo Augusto Senhor, remeto agora pela fragata "Cisne" 2 caixotes com a planta do chá, cuja vegetação hé mui facel nestes sitios...».

 No entanto, foi na ilha de S. Miguel que se começou a cultivar chá com fins industriais. A Sociedade Promotora de Agricultura Micaelense, da qual fazia parte José do Canto, começou a fazer ensaios de planta tendo votado em Assembleia em abril de 1874 a verba de 220$000 réis para o cultivo e industrialização de chá e, em 1878, chegam a S. Miguel dois mestres chineses, Lau-a-Pen e Lau-a-Teng, que vieram ensinar a tecnologia de preparação do chá. A indústria desenvolveu-se e produzia-se chá verde e chá preto. Na década de 60 a cultura entra em crise, sobretudo pelo encarecimento da mão-de-obra e pela concorrência no mercado nacional do chá de Moçambique, produzido a preços mais baratos. A ilha de S. Miguel é a única região da Europa que produz chá.

Uso:

Como bebida de pequeno-almoço e merenda, usando-se também após as refeições principais.



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Saber fazer:

 A única fábrica atualmente existente em S. Miguel produz chá verde (Hysson) e chá preto (Orange Pekoe, Pekoe, Broken Leaf e Moinha). Praticamente não se usa adubo químico. A maior parte dos agricultores faz sideração com tremoço em fins de março. A planta cresce livremente atingindo cerca de 2 m na variedade China. A folha tem 9/3 cm. A poda faz-se entre janeiro e fevereiro por 3 vezes (aos 18 meses, 2 e 3 anos). A colheita ainda é por vezes manual feita por mulheres e raparigas, mas atualmente já se usam pequenas máquinas, sendo neste caso a colheita feita por homens.



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Colhe-se o Pekoe terminal e três folhas, não se utilizando a terceira folha na preparação do chá. A planta é colhida na Primavera (abril/junho) e cada mulher tem a seu cargo duas filas de plantas, apanhando entre 30 a 40 kg. Se bem que em S. Miguel se possa colher chá durante todo o ano, a produção da Primavera é a que dá melhor produção. Segue-se o «murchar» da folha, operação que consiste em retirar parte da água para se poder enrolar a folha sem a partir. Esta operação é feita à temperatura ambiente em locais muito arejados e pouco luminosos.


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Avalia-se o grau de emurchecimento pelo peso de 100 folhas. A esterilização a seguir feita efetua-se em S. Miguel quer pelo método tradicional de aquecimento em recipientes de cobre, quer em tambores mecânicos de mais fácil controlo. O enrolamento das folhas também se faz por duas maneiras diferentes: a manual e a mecânica. Contudo, a manual está a ser abandonada. Seguidamente procede-se ao joeiramento, operação que tem por fim desagregar as folhas. Para o chá preto faz-se a fermentação em salas denominadas «quartos de fermentação» e por fim dá-se a secagem para terminar a fermentação.


Fonte: Produtos Tradicionais Portugueses, Lisboa, DGDR, 2001




Gorreana



Localizada na ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores, a Gorreana é a mais antiga ,e atualmente única, plantação de chá da Europa.


Reconhecida internacionalmente como produtora de chá de primeira classe, a Gorreana é, desde 1883, um negócio de familia que começou quando Ermelinda Gago da Câmara e o seu filho José Honorato abriram a fábrica e venderam a primeira produção de chá sob a chancela Gorreana.

Plantado a centenas de kilometros afastado da poluição industrial nas vastas montanhas da luxuriante propriedade Gorreana sem o uso de quaisquer herbicidas, pesticidas, fungicidas, corantes ou conservantes e colhido entre Abril e Setembro, o chá (preto e verde) da Gorreana é , efetivamente, um produto 100% orgânico uma vez que devido ao facto das pragas normais da planta do chá (camélia sinensis) não sobreviverem no clima da ilha, a Gorreana não sente necessidade de utilizar quaisquer quimicos nas suas plantações. O resultado é todo um legado de 130 anos de cultivo e comercialização de chás de primeira qualidade, escolhidos à mão e isentos de quimicos que merecem o reconhecimento internacional que os chás Gorreana têm, sendo os mais apreciados na Europa desde a altura em que a arte de cultivar chá foi introduzida nos Açores por dois especialistas chineses em Setembro de 1874.

Em 2012, Bertha Meireles-Hintze, a matriarca da família, foi galardoada em São Miguel com a Medalha de Mérito pelo seu empenho em manter a Gorreana enquanto empresa familiar desde o início da sua atividade no século XVIII.


Visitada anualmente por milhares de pessoas, a Gorreana enquanto plantação, fábrica e museu, é o local idilico para degustar uma chávena de chá ao mesmo tempo que se pode apreciar as máquinas Marshall originais datadas de 1840 ainda em funcionamento na fábrica. O cheiro do chá fresco e das flores que circundam a propriedade associados à vista deslumbrante sobre o mar azul e o verde inebriante das montanhas constitui um autêntico paraiso tão peculiar como o chá das nossas plantações que deve as suas características únicas ao nosso clima, ao PH do solo argiloso, ácido e rico em minerais e, claro, à briza maritima que cai sobre as plantações e aos métodos de cultivo artesanais. São essencialmente estas as razões pelas quais o único local onde se produz chá na Europa há mais de um século é aqui nas plantações Gorreana na inebriante ilha de São Miguel.


Atualmente as plantações da Gorreana cobrem uma área de 32 hectares de onde se produzem cerca de 33 toneladas de chá por ano nas variedades de preto e verde. Uma pequena parte da produção é destinada ao Mercado açoreano sendo que a restante é exportada para muitos paises como Portugal Continental, Alemanha, EUA, Canadá, Austria, França, Italia, Brazil, Angola, Japão, entre muitos outros paises que valorizam acima de tudo a qualidade e singularidade dos chás Gorreana.



O nosso chá


Desde 1883 que a Gorreana produz exclusivamente chá preto e chá verde. Todo o chá deriva da planta “Camellia Sinensis” que é uma pequena árvore da família das teáceas. O nosso chá é totalmente isento de quimicos tais como herbicídas , fungicídas, pesticídas e conservantes porque as pragas normais do chá não se desenvolvem no clima da ilha de São Miguel (Açores) razão pela qual não sentimos qualquer necessidade de recorrer a químicos.


Nos paises onde há a estação das chuvas há mosquitos e a mosca do chá que picam ou mordem o gomo terminal da planta e a folha acaba por não se desenvolver. Por esta razão as plantações existentes nestes paises sentem a necessidade de recorrer a insecticídas. Por outro lado, nos paises da estação seca, há o aranhiço vermelho que também tem de ser combatido com insecticídas e por vezes até fungicídas devido ao desenvolvimento de fungos que agridem a planta do chá. Como nos Açores não temos nem a estação seca nem a da chuva estas pragas não existem o que nos permite não ter de recorrer a quaisquer quimicos sendo este um dos principais pontos fortes do nosso chá, ou seja, um chá 100% biológico sendo que o solo das nossas plantações é fertilizado exclusivamente com estrume vegetal.
Dentro da categoria do chá preto nós produzimos e comercializamos as variedades Moinha, Broken Leaf, Pekoe, Orange Pekoe, Orange Pekoe Ponta Branca e o Oolong.
Dentro da categoria do chá verde produzimos e comercializamos as variedades Hysson, Encosta de Bruma e Pérola.







A fábrica de chá Porto Formoso tem à disposição dos seus visitantes jardins panorâmicos, um espaço museológico, uma sala de chá e uma loja. Tudo começou aqui. E tudo aqui recomeça, todos os anos, seguindo a tradição do mais puro chá açoriano, nas plantações e fábrica de chá Porto Formoso, na costa norte da ilha de São Miguel.

Crê-se que as primeiras sementes de chá foram trazidas do Brasil para os Açores na segunda metade do século XVIII. Por longo tempo o chá foi usado somente como planta ornamental mas, no ano de 1878, e por iniciativa da Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense, chegaram a São Miguel dois chineses para ensinar a transformação do chá.


O 1º selo sobre o Chá dos Açores é emitido pelos CTT
a 6 de Junho de 2003 com a taxa de 0,55€. Fazia parte da série
Património dos Açores


Assim, o interesse pelo chá cresceu, chegando a existir seis fábricas, para além de outros pequenos produtores.





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Apanha da folha de chá


A fábrica de chá Porto Formoso, fundada por Amâncio Machado Faria e Maia, laborou entre os anos 20 e 80 do século XX. Em 1998 os atuais proprietários iniciaram as obras de recuperação da fábrica que é agora Património Industrial da Região.~


Nota: Informações recolhidas nos sites das empresas "Gorreana" e "Porto Formoso".

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